DAVID LIVROMENTOS, primeiro presidente da FNLA em 1962.

Na imagem, no dia da fundação da FNLA com David Livromentos, segundo a partir da esquerda, depois Manuel Kunzika, Holden Roberto e Jonas Malheiro Savimbi.
DAVID LIVRoMENTOS, Primeiro presidente da FNLA em 1962.

David Livromentos nasceu em 1934, provávelmente no actual município do Bembe, Província do Uíge. Foi membro do PDA e partcipou na fundação da FNLA.

Depois da constituição da FNLA, David Livromentos foi eleito o seu presidente.

Uma semana mais tarde a FNLA forma o Governo da Republica (ou Revolucionario) de Angola no Exílio, GRAE, sendo o Holden Roberto nomeado Primeiro ministro. Um governo que vai contar como membros, Manuel Kunzika, Cônego Manuel das Neves (na prisão), Jonas Malheiro Savimbi, Alexandre Tati, Pio Amaral Gourgel, Eduardo Pinnock (pai), etc

David Livromentos aproxima-se do MPLA, atravêz do Mário Pinto de Andrade, para formar uma frente única de todos angolanos, para combater os colonialistas em Angola, como testemunham as cartas que enviara ao MPLA, nos dias 9 e 11 de Junho de 1962, conservadas na ATD (Ass. Tchiweka de Documentação).

David Livromentos morre misteriosamente, nos princípios do mês de Novembro de 1962, sendo substiuido por André Masaki.

No seu funeral estavam presentes todos líderes nacionalistas angolanos que encontravavam em Leopoldville: Holden Roberto, Agostinho Neto, Mario P. de Andrade, Viriato da Cruz, Matias Migueis, etc.

Práticamente de 1962 a 1972, a FNLA era chamada GRAE, e o seu primeiro ministro era confundido como presidente.

Em meados de 1972, com a forte concorrência do MPLA e da UNITA, na luta de libertação de Angola e com o fuzilamente dos comandantes do ELNA  na Base de Kinkusu, no ex-Zaire, o GRAE cessa de existir, o Holden recupera o nome da FNLA, afastando o seu presidente, André Massaki, sem passar pelo congresso como estipulava os estatutos da FNLA. Assim o Holden Roberto tornou-se o 3° presidente da FNLA.

Os fundadores da FNLA sob influência do Mário Pinto de Andrade.

A FNLA não foi fundada só por Manuel Kunzika ou Holden Roberto, a título particular, foram muitos, segundo o documento da convenção fundadora, em nossa possessão.

Foram 20 fundadores da FNLA!

Como sabemos, a FNLA é a junção da UPA e do PDA. Do lado da UPA participaram na fundação, os seguintes nacionalistas: H. Roberto, Rosário Neto, Eduardo Pinnock, Johnny Eduardo Pinnock (filho), Alexandre Tati, Jonas Savimbi, Fernando Pio Amaral Gourgel, Vasco José António e Paka Francisco. Do lado do PDA, estavam presentes: David Livromentos, Ndombele Ferdinando, Manuel Kunzika, Sanda Martins, Simão Kumpesa, Lubaki Sebastião, Domingos Vatokele, Ndontoni Lulukilavo António, Kiatala Norberto e Mvila André.

Também a inicitiva da fundação da FNLA não veio de Kunzika, muito menos de H.Roberto, mas de Mário Pinto de Andrade, que convidara o Holden Roberto, então dirigente da UPA, para formar uma Frente comum (FLA) entre nacionalistas angolanos, convista a expulsar os colonialistas em Angola. Holden Roberto recusara a proposta formulada em Junho de 1961, em Conakry. Holden Roberto tinha uma influência enorme e uma forte popularidade, quase não tinha rival, entre os nacionalistas angolanos, naquele tempo.

Qualquer iniciativa de união de nacionalistas angolanos, a sua liderança deveria ser confiada sómente a ele, caso não, recusava. Mas Mário P. de Andrade continou com a sua iniciativa louvável, contactando todos nacionalistas presentes em Leopoldville. [ Mas tarde, os nacionalistas que abraçaram esta iniciativa, quer seja na FNLA ou no MPLA, foram expulsos, presos ou assassinados (Sanda Martins, Diallo Mingiedi, Andre Kassinda, David Livromentos, Alexandre Tati, Emmanuel Lamvu na FNLA; Hugo de Menezes, Matias Miguéis, António Baya, Viriato da Cruz, Manuel Lima, Eduardo dos Santos (não o JES), no MPLA, para não citar só esses)].

Finalmente quando se funda a FNLA, no dia 27 de Março de 1962, o MPLA (com Mário P. de Andrade, ainda presidente), vai também recusar participar porque a sua direcção não é lhe confiada. Na realidade, a recusa do convite da FNLA ao MPLA para formar uma frente comum sob a direcção do Holden Roberto, vai provocar a primeira crise que aconteceu no MPLA em Leopoldville (se esquercermos o auto-racismo do Viriato). Dividida em duas alas, uma, a que venceu a liderança na primeira conferência, realizada em Dezembro de 1962, em Leopoldville, com A.Neto, vai continuar recusar a proposta de integrar a FNLA/GRAE, enquanto a segunda ala, do Viriato da Cruz, será favorável, integrando o GRAE ( ou aproximando-se, segundo Drumond Jaime). Em resposta, a ala do Neto vai fundar também a sua “Frente”, a FDLA (Neto como líder), no dia 1° de Junho de 1963, com Ngwizako, MNA, UNTA, MDIA e Ntobako, que nâo vai sobreviver com expulsão da ala do Neto de Leopoldville.

Como o H. Roberto era a figura central na luta pela libertação de Angola, naquele tempo, é tido como fundador único da FNLA, até mesmo da UPNA, como se sabe, foi fundada pelos seus tios. É um erro que deve ser corrigido. Exumando essas verdades, não se pretende tirar o mérito do papel que Holden Roberto jogou, na luta de libertação nacional.

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