Descobertas mais espécies vegetais e animais no Uíge

Por Joaquim Júnior

Espécies vegetais e animais, desconhecidas pelo mundo científico, foram descobertas durante estudos realizados entre 2013 e 2018, nas províncias do Uíge e Cuanza-Norte, por especialistas do Instituto de Botânica da Universidade de Dresden (Alemanha) e da Universidade Kimpa Vita.

Thea Lautenschläger, especialista e professora da Universidade de Dresden, que apresentou os achados, durante a II conferência nacional sobre biodiversidade, decorrida na cidade do Uíge, disse tratar-se de três espécies novas de “borboletas libélulas, baptizadas com o nome de “Kimpa-Vita espécie”, e uma planta daninha, que foi denominada “pinganoensis”, por se localizar na serra de Pingano, que fica entre os municípios do Uíge e Quitexe.

“Os estudos realizados sobre libélulas permitiram a descoberta de três novas espécies nas regiões limítrofes do Uíge e Cuanza- Norte e a reconfirmação de 50 outras, que precisam ser documentadas em todo o país”, sublinhou.

A pinganoensis foi encontrada na Serra de Pingano, próximo da cidade do Uíge, uma área de inclinações muito alta, rochosa, com quedas de água e diferentes habitats. “Descobrimos a planta que baptizamos com o nome de pinganoensis, em homenagem à própria serra”, disse.

De acordo com a professora Thea Lautenschläger, as investigações científicas da equipa de especialistas das duas instituições académicas permitiram cadastrar 2.400 espécies de plantas medicinais, bem como identificar outras 820, que aguardam pelo seu registo.

Sobre os insectos comestíveis de Angola, os investigadores aumentaram as descobertas de 24 para 38, sendo a maior parte vendida nos mercados locais, conhecendo-se na língua bantu por katatus, com valores nutritivos importantes para a saúde humana.

Os investigadores realizaram igualmente trabalhos que determinaram a descoberta de 46 espécies de anfíbios e 23 de répteis.

Ameaças às espécies

Thea Lautenschläger apontou a exploração da madeira e carvão vegetal, a caça furtiva, queimadas desordenadas da flora, as urbanizações e outros males como os principais perigos a que a biodiversidade da região está exposta. A especialista defendeu a necessidade da criação de medidas de protecção, sobretudo para a Serra Pingano e as regiões vizinhas, para salvar as espécies nelas existentes.

João Gaspar, reitor da Universidade Kimpa Vita, disse que os estudos realizados demonstram a importância do conhecimento e do uso das plantas locais, 32 por cento das quais desconhecidas na literatura científica, para a sua comparação.

O reitor lembrou que, apesar do conhecimento da po-pulação local, a fauna e a flora do Uíge e Cuanza-Norte, e não só, são ainda um mundo desconhecido, que precisa ser descoberto.

Augusto Lunganga, porta-voz da II conferência nacional sobre biodiversidade, que terminou no último fim de semana no Uíge, avançou que os participantes recomendaram a necessidade de uma educação ambiental integrada e virada aos problemas sociais que as comunidades enfrentam, bem como a participação das comunidades no processo de conservação e protecção da biodiversidade.

Participaram na conferência mais de 200 especialistas, entre investigadores, professores universitários de diferentes instituições de ensino superior do país e das repúblicas da Alemanha, Polónia, República Democrática do Congo, Namíbia e representantes do PNUD.

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