Por Napoleao Da Piedade Brandão
Eduardo Lopes Cruz, conhecido nas lides futebolísticas por DUDU, nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1952, no Município do Negage, Província do Uíge. O Ponta de Lança que deixou marcas, recordações em diversos momentos em que foi o maior protagonista, no Campeonato Províncial de Angola.
Um verdadeiro génio. Os mais jovens, se não o viram jogar com certeza terão ouvido falar daquele que foi, um dos nossos melhores Pontas de lança. Muitos miúdos, nos jogos de rua queriam ser apelidados pelo nome deste craque.
Ingressou nos Juniores do Clube Recreativo do Uíge e muito cedo demonstrou a sua venenosa veia de goleador, sob olhar silencioso do técnico Capitolino, até passar aos Seniores, onde com ele também jogou. Faziam parte da equipa o Ezequiel, Barqueiro, Xavier “Índio”, Ernesto, César, Núncio, Capitolino, Pixelim, Óscar Alves, Piscas, Filhó, João Freixo, Caseiro, Acácio, Benje, Eduardo, Adriano, Faruk,… sob o comando técnico de Mónica da Costa, em finais dos anos 60. DUDU era um Ponta de Lança mortífero, com alta mobilidade, oportuno quanto baste, excelente a cabecear, senhor de um remate forte com qualquer dos pés.
Tecnicista por natureza, fazia golos de bola parada, cobrava grandes penalidades com precisão e executava livres com mestria. Em progressão, a finalização era de todas formas e feitios. Nele via-se tantos potentes remates fora da área, como simples conclusões para golo na área. DUDU era a verdadeira “cereja no topo do bolo”.
Sintomático da magnífica temporada 1969/70 realizada na antiga equipa dos Dinizes de Salazar com magníficos jogadores como Carlos Alberto, Napoleão, Maia, Rebelo, Eduardo, Guedes, Almeida, Chlpau, Nelson, Azevedo, Carmona, Dick, Balsa, Pirolito, Adão Cazengo, Mendonça, Guedes, Loló, Jorge, Cruz, Necas, Antoninho…orientados pelo Técnico Eleutério. Foi considerado pelos jornalistas locais o mais destacado jogador da prova. A qualidade e regularidade dos seus desempenhos despertaram a cobiça de vários Clubes, pelo que o DUDU acabou seduzido pela proposta do latifundiário Santos Dinis, dono dos Dinizes de Salazar – Ndalatando – Kwanza Norte, um dos maiores da antiga Província de Angola. Mas pairava sobre os seus atributos uma atenção especial de muitos “olheiros”, Grupos Empresariais, Sócios e adeptos, que sempre estiveram “debaixo de olho” do DUDU.
Estamos a falar de Clubes com sustentabilidade a todos níveis, que sobreviveram com a quotização, dos dirigentes sérios que serviam o futebol em particular e o desporto em geral, que detinham a hegemonia do nosso futebol. Por isso, na temporada de 1970, chegou à Cidade do Huambo para reforçar o sector avançado do Benfica. No Planalto Central DUDU, permaneceu até 1974.
Foi Campeão de Angola, com a águia ao peito em 1972. Integravam o plantel excelentes executantes, como Monteiro da Costa, Carneiro, Nito, Toni, Pires, Antero, Ralph, Cid, Artur, Lagartixa, Lutucuta, Quim dos Santos, Henrique, Neto, Gregório…em 1972 orientados por Mota Cardoso, em 1973 por Mário Esteves Coluna e em 1974 por Manuel de Oliveira. Numa tarde memorável, do Campeonato Províncial de Angola de 1972, o nome de DUDU soou alto e em bom som, até pelas rádios e jornais… a televisão perdeu uma grande oportunidade para perpetuar um grande momento deste fabuloso ponta de lança, à semelhança com Chico Gordo do FC do Moxico, Lemos, Juniores do Ferroviário de Angola, Seniores do FCP ou o alemão Gerd Muller. Neste jogo DUDU, marcou 5 golos, cujo resultado final foi 7-1, num jogo delirante, humilhante, frente aos Dinizes de Salazar, sua anterior equipa, com Carlos Alberto à baliza, que jamais será esquecido.
DUDU, representou a Selecção de Angola, antes do 25 de Abril de 1974, com Carlos Alberto, Lutucuta, Justino, Cardona, Faria, Garrido, Feliz, Geoveth, Agostinho, Manecas, Benje, Camilo, Gancho ll, Estrela l, Neto, nas Jornadas Desportivas de intercâmbio com Moçambique, numa luta renhida e sadia rivalidade que existia entre as duas Províncias Ultramarinas, mas para além de tudo, estava o abraço de fraternidade e união irmanadas.
Após o início do Processo de Descolonização das ex-Colónias Portuguesas, DUDU, bazou” para Portugal. Em terras lusas representou o Desportivo de Chaves com o José Pedro “Zargateiro”, Djair, Areias, Carlos, Alcino, Quim, Rolo, Beck, Edvaldo, Zezinho,… sob o comando técnico de Rúben Garcia. e posteriormente o “magriço” do Campeonato do Mundo de 1966, José Carlos Sporting. Clube da Covilhã.
Posteriormente rumou para o Sul e jogou na Equipa do Esperanças de Lagos, com Nascimento, Victor, Nanino… Terminou a carreira em 1983 com 31 anos de idade, no modesto Alvorense do terceiro escalão. Quando regressou ao País escolheu a Huila e Moçâmedes para viver. Encontra-se Reformado com 68 anos de idade, mas muito longe do panorama futebolístico, mas próximo dos “ricos” amigos que ganhou no futebol.
Fonte: facebook/Napoleao Da Piedade Brandão
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