Empresas avançam propostas para electrificação do Uíge

Por António Capitão

Uíge pode tornar-se, nos próximos três anos, na segunda província mais electrificada do país, depois de Luanda, com a construção de subestações que vão transportar energia aos municípios do Maquela do Zombo, Damba e outros, afirmou na sexta-feira, naquela região, o director nacional da Energia.

Serafim da Silva salientou que o Ministério da Energia e Águas acaba de concluir o projecto técnico,  tendo recebido, para execução do mesmo, propostas orçamentais das empresas Elecnor e Omatapalo. Neste momento, acrescentou que se aguarda pela aprovação e disponibilidade financeira dos Ministérios do Planeamento e Desenvolvimento Rural e das Finanças.

O director nacional da Energia disse que a partir da linha de transportação de alta tensão, construída para levar a corrente eléctrica ao município de Maquela do Zombo, vai ser feito um alargamento na comuna do Nsosso para a construção de uma subestação.

Tal subestação, acrescentou, permitirá a construção de uma linha de transporte de 220 quilovolts para o município de Quimbele, numa distância de cerca de 160 quilómetros, onde será igualmente instalada outra subestação para electrificação desta região.

O projecto prevê electrificar os restantes 13 municípios da província. Uíge, Negage e Maquela do Zombo, que beneficiam da energia produzida na barragem hidroeléctrica de Capanda desde 2010, também vão ver reforçada a sua capacidade de energia.

Na província, está ainda em vista a construção de duas subestações de 220/160 quilovolts, 13 de 60/30 e ampliação de uma outra com a capacidade de 160/60 quilovolts. Serafim da Silva assegurou que ainda construídas 700 quilómetros de linhas de transportação de 60 quilovolts e 900 quilómetros de linhas de 30 quilovolts, o que vai permitir 68.960 ligações domiciliárias, numa média de seis pessoas por residência.

Também serão instalados quites de ligação e quando for concluído o projecto, cerca de 521.760 habitantes, que correspondem a 33 por cento da população da província, vão beneficiar da energia eléctrica disponibilizada. “Actualmente cerca de 33 mil habitantes, correspondentes a cerca de 13,2 por cento, têm energia eléctrica. Até conclusão do projecto, num horizonte temporal de 36 meses, estima-se que este serviço venha abranger 46,3 por cento da população do Uíge e garantir três mil postos de emprego indirectos e 500 directos. O retorno do investimento está garantido, porque vamos optar pelas ligações domiciliárias em sistema pré-pago”, disse.

O responsável da energia acredita que a implementação do projecto vai-se repercutir na melhoria das condições de vida das populações da província do Uíge, atrair mais investimento para os municípios e garantir o desenvolvimento socioeconómico destas regiões. De caordo com Serafim da Sil, as capacidades das subestações a serem construídas foram determinadas de acordo com as reais necessidades em termos de consumo nestas localidades, através de levantamentos feitos e do mapeamento na google.

Serafim da Silva informou que a Direcção Nacional da Energia do Ministério da Energia e Águas recebeu uma proposta da Agência Francesa de Desenvolvimento para a instalação de micro-hídricas em várias localidades do país, onde parte destes equipamentos vão ser direccionados para a região do Uíge.
Após a apresentação da proposta, os responsáveis da Agência Francesa de Desenvolvimento estão agora a canalizar financiamento na Europa, com vista à materialização do  projecto, que vai ajudar o Executivo angolano na electrificação do país.

Maior expansão

O governador provincial do Uíge, Paulo Pombolo, enalteceu o projecto de electrificação da província pelo Ministério da Energia e Águas, mas defendeu uma maior expansão da rede de distribuição nos municípios do Uíge, Negage e Maquela do Zombo, com vista a uma maior abrangência deste serviço à população e que a ENDE tenha a capacidade de arrecadar mais receitas para financiar outros projectos.
Paulo Pombolo defendeu igualmente a alocação de, pelo menos, 20 por cento das receitas arrecadadas pela ENDE às direcções provinciais, no sentido destas estarem dotadas de capacidade financeira e poderem intervir de forma oportuna em casos de avarias ou expansão da rede de distribuição.

“Todo o dinheiro das cobranças pelo consumo da energia eléctrica são canalizados para o Conselho de Administração da ENDE. Quando há necessidades locais, a direcção provincial não tem capacidade financeira para dar solução ao problema”, disse.

O responsável solicitou maior celeridade na resolução do problema de electrificação dos bairros Quijima, Ana-Candande e Mongualhema pelo facto de estarem na periferia da cidade e circundadas por bairros já electrificados.

Com base nisso, disse que torna-se difícil explicar à população do Bairro Quijima onde fica a principal subestação que recebe a corrente eléctrica da barragem de Capanda e o porquê da não electrificação desta localidade, quando os cabos que fornecem este serviço nos bairros adjacentes passam por ele.

Via JA

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