Por Mário Cohen
O escultor Mpambukidi Nlufidi foi homenageado, ontem, na sua galeria de arte, no município de Cacuaco, em Luanda, pelo Centro de Pesquisa de Arte Kimbangu (CPK) da República Democrática do Congo.
A homenagem deve-se ao facto de o escultor ser considerado um dos mais referenciados artistas plásticos angolanos que tem contribuído para a afirmação e desenvolvimento da cultura africana.
A distinção de Mpambukidi aconteceu durante a conferência sobre “A valorização do património cultural e a restituição de bens culturais: uma nova política de cooperação cultural”, organizada pelo Centro de Pesquisa de Arte Kimbangu do Congo Democrático.
O presidente do centro de pesquisa kimbanguista, Lohango Konga Jospin, disse que parte do património cultural africano encontra-se fora de África, privando os africanos, em particular os angolanos, do acesso desses elementos.
Ao destacar os feitos de Mpambukidi recordou que o artista enalteceu a cultura africana na Expo-Dubai, que decorreu de 1 de Outubro de 2021 a 31 de Março deste ano, e na celebração do Dia de Angola, em que o escultor expôs obras de bronze.
O responsável do Centro Kimbangu revelou que escolheu Angola para a conferência por ser um país com grande potencial cultural e que considerou “o pulmão do continente berço”, especialmente durante a conferência de Berlim onde África foi dividida.
“Posso dizer que no antigo Reino do Congo, antes da primeira emigração dos nossos ancestrais para descer ao Egipto e voltar para a África do Sul para criar dinastias no deserto, eles emigraram para a Europa, Ásia e América”.
Na sua óptica, o homem negro ou o homem bantu é o líder deste mundo porque está na própria base desta humanidade. Em outras palavras, acrescentou, o homem negro gerou o homem branco, assim como todas as civilizações.
Nas escavações arqueológicas, disse o responsável, descobriu-se que Angola ocupa um lugar de destaque, razão pela qual um dos patrimónios históricos desde os primórdios é Mbanza Kongo, na província do Zaire, onde Kulumbimbi abunda no espiritual e na obra artística, “mas perdemos tudo”.
É de opinião que, há necessidade se restaurar o poder espiritual e a educação cultural que é nossa espinha dorsal. Com a falta de amor e o plágio da história da humanidade, eles vieram nos invadir para nos colonizar durante a primeira e segunda vindas.
A conferência serviu para troca de experiência, “o que estamos a fazer aqui nos mostra que nós artistas, inventores e técnicos, se trabalharmos de mãos dadas, em unidade, podemos restaurar o nosso continente, por sermos um país independente”.
Mpambukidi afirmou ser uma honra ser homenageado por um centro de pesquisa de arte cultural bem referenciado no continente e no mundo. Disse ainda que, quando os artistas são distinguidos no país ou no estrangeiro, Angola é que ganha porque a cultura fica patente e é vista no mundo.
Concluiu que resta continuar a produzir novas obras de arte para passagem de testemunhos às gerações vindouras para que no futuro passamos ter mais artistas a desenvolver bons trabalhos e expor em grandes montras das artes plásticas.
O escultor realizou várias exposições individuais no país e no estrangeiro com destaque para Congo Brazzaville, Namíbia, África do Sul, Gabão, Botswana, Estados Unidos e França.
Na década de 1980 realizou duas exposições, na União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) e na Embaixada da Grã-Bretanha. Foi no estrangeiro que o seu trabalho teve mais visibilidade, na década de 1990.
Mpambukidi Nlufidi nasceu a 31 de Dezembro 1957, no município de Maquela do Zombo, província do Uíge. A sua última exposição individual foi realizada há cinco anos.
Membro da UNAP, o escultor venceu, em 1994, no Congo Brazzaville, o Prémio União Europeia, na quinta Bienal do Centro Internacional de Civilizações Bantu (Ciciba).
Via JA
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