Foi por acidente que a polícia matou Imaculada J. Vemba no Kandombe-Novo

Agente da polícia nacional mata acidentalmente jovem de 24 anos de idade

Por António Capitão

Uíge, 20/11/20 (Wizi-Kongo) – Um agente da Polícia Nacional (PN), colocado no posto policial do bairro Candombe Novo, arredores da cidade do Uíge, disparou mortalmente uma jovem de 24 anos de idade, que em vida se chamava por Emaculada Vemba, quando o mesmo pelejava com um cidadão que supostamente sofre de perturbação mental.

O facto ocorreu por volta das 16 horas da passada segunda-feira, no bairro Candombe Velho. Rafael Jorge, uma das testemunhas que se encontrava no local dos acontecimentos, relata que, por se tratar de um dia em os mercados não funcionam, por força do Decreto Presidencial sobre as medidas de combate à Covid-19, os agentes da Polícia Nacional no posto policial daquela localidade quando tentavam dispersar um grupo de vendedoras que insistiam em vender no mercado local, foram atacados por um idivíduo, supostamente demente.

O demente, conta, arremeçou pedras aos agentes da PN, e, de seguida, empunhou num tronco e começou a destruir as bancadas do mercado. Os agentes da ordem e segurança públicas, na tentativa de deterem o indivíduo, viram-se mergulhados numa contenda com os mesmo e, este, conseguiu escapar e ter fugido até a residência onde mora com os familiares.

O mesmo jovem já é mesmo conhecido como maluco. Tem por hábito arremessar pedras e outros objectos sempre que vê agentes da Polícia Nacional. Já houve uma vez que também chegou a agredir um polícia. Tivemos de intervir e esclarecer ao policial que ele era uma pessoa demente e que não levasse em relevância tal agressão”, narrou.

A equipa de repotagem do Jornal de Angola foi ao local onde decorre o óbito da malograda para mais detalhes da ocorrência. Apurou que a consumação do crime ocorreu há mais de 700 metros do mercado onde o agente da polícia e o suposto demente se tinham desavindo.

Na residência onde ocorre o velório de Emaculada Vemba, a irmã mais-velha da vítima, Rita Teca, disse que o infausto acontecimento apenas ocorreu porque o agente da polícia, autor do disparo mortal, não cedeu às súplicas dos familiares e vizinhos que o alertavam para evitar a briga, já que se tratava de um elemento com perturbações mentais.

Rita Teca disse que policial seguiu o jovem demente do mercado até a sua residência. Arrombou o portão, mesmo sendo persuadido por algumas pessoas, começou novamente com a brigar. Ao agredir o suposto demente com golpes de pistola no rosto, surgiu a disputa pela arma e, consequentemente o disparo do tiro acidental.

Dissémos ao polícia que o menino sofre de perturbações mentais desde pequeno, mas o mesmo respondeu que também era outro maluco e que tinha de ‘fatigar’ o rapaz. A irmã que estava a se preparar para ir à escola, veio para fora de casa e recebeu o pau que estava com o irmão. O agente policial pegou na pistola e começou a bater com o cano da mesma no rosto do meu irmão até o aleijar na boca. De seguida ouvimos o disparo e, quando reparamos, tinha atingido o braço e abdômen da menina. Neste momento, queremos apenas que a justiça seja feita para não obrigarem a fazermos justiça com mãos próprias”, disse.

Autor já está detido.

Numa nota enviada à imprensa, a Delegação do Ministério do Interior no Uíge esclareceu que por volta das 16 horas, do dia 16, do mês e ano em curso, no bairro Candombe Novo, no município do Uíge, ocorreu um caso de homicídio involuntário por disparo de arma de fogo, sendo vítima uma cidadã, solteira, de 24 anos de idade, estudante, onde envolve um Agente da Polícia Nacional.

O facto sucedeu no momento em que o Agente se encontrava no exercício das suas funções, no posto policial do bairro Candombe Novo, Município do Uíge, tendo o mesmo notado a presença de aglomerados de vendedoras ambulantes que comercializavam produtos diversos no mercado paralelo do referido bairro, na tentativa de as dispersar, no sentido de se cumprir com o Decreto Presidencial sobre a situação de calamidade pública, apareceu um cidadão supostamente demente, irmão da vítima, que se insurgiu coercivamente contra o Agente para desarmar a pistola que se encontrava em sua posse.

Na tentativa de resgatar a arma, produziu um disparo que atingiu a vítima, que prontamente foi socorrida para o Hospital Geral do Uíge, onde momentos depois veio a falecer ». De realçar que o agente em causa já se encontra detido no Serviço de Investigação Criminal do Uíge para os procedimentos subsequentes junto do Ministério Público”, lê-se na nota assinada pelo Subinspector de Investigação Criminal, Serafim dos Santos.

Delegação Provincial do Uíge do Ministério do Interior lamenta o sucedido e reitera os mais profundos sentimentos de pesar à família enlutada e aproveita a oportunidade para exortar à população a não desacatar as ordens das autoridades e a necessidade de observarem rigorosamente as medidas impostas no Decreto Presidencial sobre a situação de calamidade pública.

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