Por Sebastião Kupessa
General LEAL FARIA na história da Damba.
O general José Heliodoro Corte-Real de Faria Leal, nasceu no Estado da Índia em 20 de Junho de 1862. Foi residente português em Mbanza Kongo (então São Salvador) por muito tempo, até Março de 1912.
Foi ele quem comandou a tropa portuguesa que ocupou Damba no dia 5 de outubro de 1911, iniciando com administração colonial, implantando ali, um posto militar no dia 11 de Outubro do mesmo ano, transformado mais tarde em Capitania-Mor.
AS RAZÕES DE OCUPAçÃO
Terminada a famosa Conferência de Berlin, em que a África fora talhada pelas nações europeias, Portugal que reclamava Angola como a sua propriedade, deveria efectivar a sua presença no interior de Angola. Umas das medidas tomadas para fazer funcionar administração colonial, os africanos deveriam pagar impostos das suas casas (imposto de cubata) e cada aldeia deveria fornecer um determinado número de carregadores (ngamba), o que os mindamba vão recusar cumprir. Ainda mais, os mindamba (naturais da Damba em Kikongo) ousaram cobrar o imposto aos comerciantes europeus ali residentes (três portugueses e um inglês).
Por cima de tudo, o adjunto do Leal Faria, o Major-Topógrafo Luis Galhardo foi maltratado em 1909, por Soba de Mabubu, na localidade do Nsangi (veremos isso na próxima edição).
A rebelião da Damba, serviu de exempro a todo Kongo-Angolano que mostrava sinais da desobediência. Com efeito, os povos de Kimbumbuzi, Kanda e Madimba, armados, num total de 400 homens, marcharam até Mbanza Kongo para explicar ao representante colonial, que “não iriam pagar o imposto, porque os da Damba, não pagavam”.
A situação estava para explodir quando um soba zombo foi morto à baioneta por membros do destacamento de Makela e os parentes da vítima pretenderam aplicar a pena de talião. A crise veio à luz do dia no início de Maio de 1911. A resistência passiva da população inquietou tanto as autoridades e os comerciantes do Zombo que os fez imaginar-se cercados. O alarme era grave.
COMEÇO DA OCUPAÇÃO (estação seca de 1911)
O périto de S. Salvador (Leal Faria) viu perfeitamente onde residia o ponto sensível. Para isso, era preciso ocupar Damba e moralizar as condições de cobrança de imposto e de recrutamento de carregadores, para outros povos de outras localidades seguir o exempro.
Faria Leal passou sem dificuldades, com 26 homens, de S. Salvador a Makela do Zombo (14 de maio 1911). O próprio governador do distrito, o Tenente de Marinha José Maria da Silva Cardoso, chegou de urgência a Maquela com tropas e uma peça de artilharia.
Chegando há alguns quilómetros da actual vila da Damba, perto da aldeia de Mbanza Kinzawu, os portuguese vão utilizar a peça de artilharia “Nordenfeldt”, cuja a detonação vai dissuadir a resistência local, todas populações fugiram nas ma “bacha”, incluído os sobas.
Faria Leal entra na Damba no dia 5 de Outubro de 1911, com 125 homens armados e 400 carregadores. O povo de Damba pediu a paz ao ver a metralhadora Nordenfeldt. Os quatro comerciantes europeus que lá viviam estavam ilesos. A 10 de Outubro, os sobas locais chegaram a um acordo: não queriam guerra com o governo. Pagaram, pois, uma pesada multa para cobrir as despesas da ocupação. O forte de adobe que ali foi erguido era um dos mais importantes do distrito, guarnecido por 70 soldados indígenas que ficaram entregues ao cacimbo do planalto (1180 m) com uma metralhadora.
Deixe uma resposta