Por Manuel Albano
A retrospectiva de vida assente em acontecimentos positivos e negativos e a importância da valorização da matriz cultural africana é o foco da exposição de pintura e instalação “Arco-Íris”, de Guilherme Mampuya, a ser inaugurada, hoje, às 18h30, no Camões – Centro Cultural Português, em Luanda.
Em declarações hoje, ao Jornal de Angola, o pintor disse que o tema da mostra “Arco – Íris” reflecte algumas metamorfoses que tem atravessado nos últimos anos, quer na vida pessoal, quer na artística.
Guilherme Mampuya adiantou que as obras a serem expostas representam a mistura de sentimentos, oportunidades perdidas e vencidas, tristezas e alegrias, caracterizadas nos quadros em tons de cores frias e quentes. A intenção do artista foi produzir um trabalho que espelhasse, também, a necessidade de se incluir nos cidadãos africanos, o espírito do afro-centrismo, na busca da constante autodeterminação no pensamento filosófico e cultural.
A exposição, patente até 13 de Março, é composta por 17 obras pintadas em acrílico sobre tela, 12 em desenhos e sete esculturas em pedra e gesso, todas inéditas, de acordo com o autor. “Os temas retratam vários momentos da minha vida. É uma retrospectiva dos altos e baixo pelos quais tenho passado ao longo dos anos”, adiantou.
O pintor mostra nas mais recentes criações, o que defende de importante na transmissão e preservação de valores patrióticos nas culturas africanas, em particular a angolana, com vista a incentivar as comunidades a contribuírem para o crescimento do país.
Sonhos realizados
Depois de vários adiamentos, Guilherme Mampuya, conceituado artista plástico de renome nacional e internacional, inaugurou a 5 de Dezembro de 2016, a própria galeria de arte, materializando um sonho.
Localizada no Zango 0, por detrás do mercado distrital, município de Viana, a imponente obra arquitectónica foi construída de raiz pelo próprio e funciona, também, como atelier. Guilherme Mampuya tem trabalhado com vários jovens, na descoberta de talentos, a quem procura transmitir os ensinamentos e corrigir algumas debilidades técnicas que estes apresentam.
Nos últimos três anos, disse, o espaço tem promovido debates sobre as artes e feito um acompanhamento das actividades culturais desenvolvidas localmente, por iniciativas individuais e colectivas, que ajudam a dinamizar as artes no distrito do Zango.
Desde a abertura, o atelier acolhe o projecto “Palavra Poética”, que promove diversas sessões de poesias contadas e declamadas, música alternativa, venda de livros e sessão de autógrafos, bem como exposições de artes plásticas, em diferentes modalidades.
Guilherme Mampuya Wola nasceu na província do Uíge, em 1974. Em 2000, concluiu a formação superior em Direito pela Universidade de Kinshasa, na República Democrática do Congo (RDC). Dois anos depois, ingressa no curso de Pintura Básica e mais tarde aperfeiçoa a técnica do retrato no atelier de pintura Honesto Nkunu, em Luanda.
Em 2005, ingressou na União dos Artistas Plásticos Angolanos (UNAP). Expõe com frequência, individual e colectivamente. Realizou duas exposições para o Ensa-Arte e participou na Trienal de Artes de Luanda. Além de diversas exposições individuais no país, Guilherme Mampuya já expôs na Galeria Bernardo Marques, em Lisboa, e em Bruxelas, na Galeria Lumieres d’Afrique.
Via JA
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