História do Uíge (município)

Por Garcia Pedro Teleka

Os Portugueses comandados pelo Manuel J. Pereira e Júlio Tomas Berberan, seguiram em direcção a Mucaba, Serra do Uíge até a direcção actual da Aldeia Quiongua, onde depararam uma vasta área, mas não interessaram aí ficar, continuaram com a marcha até actual Aldeia Tange, onde mantiveram os primeiros contactos com algumas entidades tradicionais locais no caso concreto do Velho Soba Tange Ngado.

Foi em 1 de Julho de 1917, que foi fundada a Cidade do Uíge pelo Capitão Manuel José Pereira com os seus elementos e as entidades tradicionais locais. Mandou construir a Câmara Municipal local onde hoje está situado o edifício das Repartições Públicas, tendo nomeado o seu Comandante Júlio Tomas Berberan. Desde da Independência de 11 de Novembro de 1975, o Uíge passou a representar a Sede Municipal, Capital da Província e ao mesmo tempo Província com a divisão administrativa de 16 Municípios e 32 Comunas.

Segundo a etimologia, o nome Uíge ou Uíje, surgiu de uma expressão Kikongo, que os antepassados expressaram na chegada dos Portugueses ”wizi(di)” que significa “chegou ou chegada”.

Há ainda outras investigações, diz que o nome da Cidade do Uíge, derivou-se na designação do Rio Uíge, e não só, também quando os Portugueses chegaram à Carmona foram lhes desejados mensagens de boas vindas na língua Kikongo “wiza kia mbote”, segundo os Portugueses entenderam que tivessem chegado numa região com o nome de “Uíge”.

PRIMEIROS HABITANTES DO MUNICÍPIO DO UÍGE

A Associação dos Amigos do Uíge (A.A.U), sublinham que «já mais devemos olvidar que a actuação dos pioneiros civis – brancos, negros ou mestiços, não interessa a cor da pele, se foi sempre dilatando com o estabelecimento de postos militares estrategicamente localizado à fim de proteger o comércio».
Os primeiros postos militares instalados, deu origem posteriormente da denominação “Distrito do Uíge”, deste, deram origem a povoação com os mesmos nomes de São José de Econge, Maquela do Zombo, Bembe, Damba, Kuango e por fim Uíge, situados ao longo dos trilhos praticados pelos comerciantes com as suas caravanas.

Assim os primeiros habitantes brancos que chegaram ao Município do Uíge foram: três militares e cinco civis comerciantes. Estes três primeiros militares foram: o Capitão Manuel José Pereira, o Tenente Júlio Tomas Berberan e o 2º Sargento Manuel Rodrigues. Os civis eram: Manuel da Silva Santos, Luís Heitor, António Figueiredo, Tristão Mendes Caldas e João Taylor. Os quatro civis vinham de Ambriz e o último da região do Ambrizete.

Ainda a “A.A.U”, defende que «nesta mesma época, vieram outros Portugueses, que eram considerados da segunda geração». Entre os quais: Carlos Alves, José Heitor Pereira, José Ferreira Lima, José Francisco da Silva, José Pinto Vaz, José Pereira Cagico, Joaquim Neves Ferreira e Ricardo M. Gaspar.

Para além destes homens ainda surgiram tantos outros, que viam habitar Carmona, que hoje é actual Uíge. Estes, impuseram um rumo e um ritmo de trabalho e a acção à maioria dos seus colegas, no controlo do rápido progresso a ser realizado.

FIGURAS QUE CONTRIBUIRAM PARA O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DO UÍGE

Não podemos considerar como um tempo perdido o que os Portugueses fizeram no Município do Uíge, porque eles formaram Professores, Enfermeiros e construíram centros de saúde e hospitais, estradas, Liceus e Escolas Técnico – profissionais, lares, prédios, etc. Para o bem dos que aqui ficaram para os tornar homens livres, solitários e fraternos.

Alguns Brancos e Negros que contribuíram para o desenvolvimento do Município do Uíge, destacam-se:

[BRANCOS]

António Dias Ramalho;
João Candez de Ambriz;
Ricardo Matos Gaspar;
Almirante Américo Tomas;
Camilo Augusto de M. Vaz;
Manuel Rodrigues;
Manuel da Silva Santos;
Luís Heitor A. Figueiredo;
José Ferreira Lima;
Manuel José Montanha Pinto;
José Vitorino da Fonte;
Dom Francisco de Mata Mourisca.

[NEGROS]

Mbemba-Ngango;
Tange Ngandu;
Joaquim Neves Ferreira;
Gonçalves Nkui;
Gonçalves Nfuti;
Lourenço Nvuanda.

EXTENSÃO

O Município do Uíge, dista a 36 km da segunda Cidade da Província (Negage), por via terrestre. Tem uma área de 1.084 k, sua localização é estratégica, estando geograficamente situdo no Sul do Município do Quitexe, e limitado entre os Municípios do Songo à Noroeste, Mucaba à Norte, Bungo à Nordeste, Púri à Este, Negage à Sudeste e o Município de Ambuila à Oeste. Possui uma altitude de 829m.

CLIMA

O clima da Cidade do Uíge é predominante tropical, quente e húmido, com duas estações bem definidas. A estação chuvosa começa de Setembro ou Outubro até Maio, sendo só meses de Abril e Novembro os mais chuvosos. Na estação seca, não chove porque há valores elevados de humidade relativa.
Com o aquecimento global, a temperatura média dos últimos tempos varia entre os 22° à 31°.

HIDROGRAFIA

Entre vários rios do Município, podemos destacar alguns: o rio Loé, o rio Lukixe, etc… esses, têm uma grande importância para o desenvolvimento da Cidade, porque é deles onde podemos encontrar as barragens hidroeléctricas, que fornecem água e energia para o Município. No Uíge, podemos ainda encontrar alguns rios que já ajudaram para a irrigação.

FAUNA

«O Município do Uíge, é caracterizado por grandes extensões terras aráveis e por matas, o que proporciona excelentes oportunidades para a caça». Podemos encontrar vários animais, assim como: Gazela, a Pacaça, Cambuiz, Javali, Macaco e outros tipos. 

Alguns factores que estiveram na base para o desaparecimento de certos animais foram:

I) – As guerras que o Município sofreu durante um longo período;
II) – A caça furtiva que é feita por certas pessoas que não se importa com a preservação da fauna.

O relatório da Polícia, afirma que: «a fauna do Município do Uíge, é também uma das mais ricas do País, com várias espécies de animais e aves selvagens».

FLORA

O Município do Uíge, é muito rico em árvores. A riqueza florestal do Uíge, dá origem a exploração de madeira de boa espécie. A sua flora é uma das mais ricas de Angola com diversas espécies de madeira, também de produz o carvão vegetal.

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