Por Benção Cavila
HOMENAGEM A MANUEL VADIA KIVOVA “VADIS”
Minhas Senhoras, Meus Senhores,
Minhas irmãs, Meus irmãos, aqui presente,
Hoje com lagrimas e dor, nós vamos devolver a terra, os restos mortais daquele que foi em vida o nosso irmão o Professor Doutor Manuel Vadia Kivova mais conhecido por Professor Vadia ou Vadis, nosso colega na Faculdade de Ciencias Sociais como docentes e amigo de longa data.
A memória nos apresenta muitas saudades ímpares, Pedro, um daqueles estudantes que como todos nós, era obrigado a se levantar da cadeira cada vez que visitavam a nossa “Athenée de Ngiri Ngiri”, os representantes da HCR, a Organização das Nações Unidas para os Refugiados.
Na sua vida, Vadis teve o seu trajecto inigualável, que qualquer um de nós possui e que será balanceado num dia como este, do fim da nossa presença neste mundo. A doença separou lhe de nós aos 63 anos de idade. Vadis foi abençoado na sua trajectória por essa sua habilidade de ensinar, era um professor ate ao fim da sua vida.
Pai de família e amigo dos seus filhos e que nos faz lembrar com lágrimas os meomentos dificeis que agravaram nele uma depressao profunda depois da morte da sua primeira filha recentemente falecida, Youna Kivova. Na sua vida juvenil nos recordamos deste desportista, praticante de boxe que fez dele um campeao nacional pelo Interclube da Huila. Deveríamos como manda a regra, priorizar essas condolências à família enlutada: Mas no fundo a quem estaremos dirigindo essas condolências?
A nós próprios pela perda do Profesor Vadia por causa dos sentimentos que retratam o seu desaparecimento físico que a todos nós se apoderou, depois do seu nefasto e inesperado falecimento ocorrido no Hospital Josina Machel no dia 28 de Setembro de 2017.
Nós, nos curvamos perante a sua memória e desejamos coragem à família biológica do Professor Vadia, Que Deus seja o Senhor e Guia.
Lembramos que Dr. Manuel Vadia Kivova nasceu na aldeia de Lembelo Mayanga, no municipio de Maquela do Zombo. Filho de Eduardo Luvualu Unsianga e de Maria Ndoqui Kuzima ambos do municipio de Maquela do Zombo, Provincia do Uige.
Aos parentes e amigos e colegas que formam a real família social do Professor Vadia Kivova, queiram neste momento de dor e recolhimento, aceitar as nossas mais sentidas condolências por esta perda que se torna irreparável.
Hoje, todos nós, NÓS TODOS, nos encontramos aqui, para em última instância, despedir-mo nos de Vadis mantendo nas nossas memorias aquele que foi nosso grande irmao e amigo.
Como filho de refugiados angolanos fugindo a raiva assassina de Salazar e da PIDE, fez no exilio os seus estudos primarios na localidade de Kimuana, na vila de Kimpese na RDC. Viria mais tarde a mover se para Kinshasa onde frequentou o ensino segundario no Instituto Simon Kimbangu em Bongolo, Kinshasa.
A familia regressou para Angola e Vadis foi um dos primeiros akunos a frequentar a efemera Faculdade de Letras do Lubango logo apos a independencia de Angola. Com a extincao da Faculdade de Letras e a instalacao do Instituto Superior de Ciencias de Educacao (ISCED), Vadia Kivova iniciou os seus estudos superiores em Pedagogia naquela instituição, sendo parte dos primeiros licenciados em Ciencias de Educação na Angola independente.
Ele foi um estudante trabalhador , pois que era funcionario da TAAG Linhas Aereas de Angola. Depois de terminar a sua licenciatura, Vadia dedicou se em tempo integral a leccionar no Instituto Naormal de Educação de LUBANGO.
Manuel Vadia kivova fez a seu Mestrado em Gestao Escolar na Universidade de Braga, em Portugal. O
Mestre Vadia viria a ser transferido para a Provincia doUige onde foi Director pedagogico do INE no Uige. Completou seus estudos de Doutoramento na Universidade de Dijon, França. No seu regresso ao pais foi nomedo Director Adjunto do Magisterio Primario em Luanda, funções que exerceu em simultaneo com a docencia nos primeiros anos da instalaçao em angola, da faculdade de letras e ciências sociais da Universidade Agostinho Neto. Nesta instituiçao, foi Professor de Legislacao escolar e Higiene Escolar.
Em seguida transferiu se para o Instituto Superior de Ciencias da Saude onde tambem leccionou a cadeira de Legislaçao escolar. Ate ao fim da sua vida, Dr Vadia era funcionario senior do Ministerio da Educaçao onde exercia as funcoes de Inspector Escolar.
Hoje fazemos com profunda dor uma homenagem ao Professor Vadia que se ausenta fisicamente de nos mas que estará certamente sempre na memória daqueles que o conheceram durante a sua efémera existência neste mundo.
O reconhecimento daqueles alunos e estudantes que formou, de recordar que foi uma estudante entre tantos que se bateu muito para a sua hospitalização no Hospital Josina Machel onde viria a falecer. Muitos como esses terão com essa perda, perdido “parte” das suas vidas pois que o Professor Vadia partiu para uma viagem sem regresso.
A eternidade rima com o nosso irmão Vadia, rima com a sua perenidade. Vadia foi um homem bom com a sua educação e humidade, o seu empenho, a sua entrega ao trabalho e desporto e a família. Vadis antecipou a hora da partida, quando esperávamos TODOS que o tratamento médico o fosse devolver no nosso seio mas Deus assim fez a sua vontade, nos limitamos apenas a aceitar que l´homme propose e Dieu dispose..”
Vadis, contávamos contigo nesta vida, gostaríamos de envelhecer juntos, falando e recordando sempre as nossas memórias de infância e juventude no exilio, no Lubango, em Luanda, no Uige, enfim. Mas a decisão de Deus ultrapassa os nossos planos, ficamos atrás e mesmo prestando tributo, não admitimos
a tua ausência inesperada e nem essa convocação da morte em nos retirar um dos génios do nosso mundo universitario da nossa terra; um dos primeiros professores da Faculdade de Letras e Ciencias Sociais na Opção da Psicologia Escolar; um dos homens da nossa afirmação como aqueles refugiados outrora humilhados no exílio: regressaram na sua terra de origem ANGOLA e deram o seu melhor para serem hoje respeitados como grandes quadros formados.
ALELUIA. Que Deus que nos protegeu no exilio seja louvado. Nzambi vene… Nzambi bongele…
O teu nome ecoa e ecoará para sempre nas nossas memórias porque assinalará sempre a sua convivência amiga de uma figura altruísta, aquele eximio desportista, formadores de jovens no ramo do Boxe em Angola.
Sim, Não era prevista essa sua partida aos 63 anos, há bem pouco tempo estivemos aqui no cemitério enterrando a tua primeira filha, a tua querida Youna. Infelizmente como seres humanos, nós só conhecemos o passado, o futuro nem soubemos se estaremos lá e por quanto tempo.
Uns partem hoje para serem substituídos pelos filhos ou netos amanhã. Assim manda a sabedoria Kongo: “Kimfua mfua kimpinga mpinga, vo ka mu ntekelo ko mu muana”
Mas neste momento só nos resta dizer que nos sentimos nos orgulhosos de ti, Pedro. Trabalhaste muito e mereces um eterno descanso.
Descansa em Paz, meu irmão, na glória de DEUS e na memória de todos nós que te conhecemos e convivemos contigo.
Até sempre Vadis.
QUE A TUA ALMA DESCANSE EM PAZ.
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