Por Walmir Damasceno
Após retornar da capital principal de Angola, Luanda, onde esteve por mais de uma semana, Tata Katuvanjesi – Walmir Damasceno, presidente do Conselho Diretor do Instituto Latino Americano de
Tradições Bantu(ILABANTU), desembarcou neste domingo, dia 26, no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. No pais africano, cumpriu uma agenda apertada de encontros e reuniões
com importantes personalidades entre autoridades tradicionais, governamentais, empresariais, do mundo acadêmico intelectual, artístico, cultural e de mídia.
Na chegada a Luanda recebeu as bênçãos das Bensangana e tomou conhecimento em torno dos hábitos e costumes das mulheres Bensangana, detentoras dos poderes espirituais e tradicionais naturais da Muanazanga (Ilha do Cabo/Ilha de Luanda), o que lhe permitiu conhecer a forma como as Bensangana se
apresentavam anteriormente, os rituais fúnebres, cerimônias dedicadas a Kianda e Kisanga (Sereias) e demais práticas triviais.
“Foi com alegria e satisfação que ao chegar nesta Capital de Angola recebi as benção dessas Mama e conseguir saber particularidades desta cultura tradicional que deu origem a reconstrução de inúmeras manifestações angolanas no Brasil, comidas típicas da Ilha, ao mesmo tempo soube que os antepassados dos ilhéus eram provenientes de Cabinda e do Congo, clarificando que a sua origem é de Malanje, a julgar pela língua (Kimbundu) e outras manifestações culturais”.
As mais velhas, algumas com mais de 80 anos de idade, explicaram que a Ilha do Cabo era um território composto por seis zonas distintas, mas utilização inadequada dos solos fez com que as ondas do mar consumissem grande parte dele, um fenómeno que, de resto, ainda hoje continua a manifestar-se em toda a orla marítima.
O encontro visou conhecer alguns hábitos e costumes das Bensangana, como a forma de vestir (usavam quatro a cinco panos, consoante a ocasião), e outros valores culturais para o seu resgate e preservação pelas novas gerações.
Desta vez viajou ao extremo norte do País, visitando a Uige, capitalda província do mesmo nome onde esteve a convite do Portal da informação do Uíge e da Cultura Kongo, wizi-kongo.com, e acompanhado do empresário Lopes Paulo, também influente político angolano, não lhe permitindo ir a província
do Zaire, como estava previsto no roteiro em função de redirecionamento e reorganização dos sistemas de voos que serve a localidade. No entanto, Walmir Damasceno, Tata Katuvanjesi, prevê desembarcar na secular capital M`banza Kongo, como convidado do Governador da Província, José Joanes André já na
primeira quinzena de dezembro próximo, quando retorna a Angola para conclusão do roteiro traçado inicialmente.
Nesta primeira etapa da sua visita a República de Angola, as tradições Bantu e o cuidado da preservação da Cultura Bantu esteve em foco durante a audiência que a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, concedeu ao presidente do Instituto Latino Americano de Tradições Bantu (Ilabantu), Walmir Damasceno.
Durante a audiência, a ministra Carolina Cerqueira recomendou a recolha de informações sobre as tradições do antigo reino do Kongo, para garantir a diversidade e a riqueza do trabalho que desenvolvem, aconselhando a trabalharem com o diretor Provincial da Cultura do Zaire.
Carolina Cerqueira manifestou satisfação pelo interesse do Ilabantu em acompanhar o trabalho desenvolvido em Mbanza Kongo e a importância que dá as línguas nacionais, razão pela qual o
ministério vai colaborar proficuamente para estreitar o relacionamento de amizade, cooperação e de entendimento entre o povo brasileiro e angolano e de imediato determinou ao Instituto de
Línguas Nacionais, órgão do seu Ministério, providencie estabelecer um Acordo de Cooperação Cultural e Cientifica com o ILABANTU e aproveitou para autorizar de imediato a deslocação para o Brasil
das Cadeiras(Tronos) doadas em 2015 a instituição bantu brasileira, cuja remessa dependia de despacho ministerial por se tratar de bem material da cultura tradicional.
Por sua vez, o presidente do Conselho Diretor do Ilabantu, Walmir Damasceno, informou que a visita a Angola tem objetivos singulares, deslocação a cidade património mundial: Mbanza Kongo, por estar dentro dos estudos de investigação da língua Bantu no Brasil.
Walmir Damasceno referiu ainda que a investigação das línguas, costumes e as culturas tradicionais em geral influenciaram na construção do Brasil e na formação da sociedade brasileira.
O responsável adiantou que a cultura angolana tem forte influência na culinária, na música, entre outras.
O Ilabantu nasceu em 1985, na cidade de Ipiaú, Bahia, com a denominação de Inzo Tumbansi Tua Nzambi Ngana Kavungu, como Casa de Cultura Tradicional de Matriz Africana Bantu Congo-
Angola.
É um espaço próprio de resistência e sobrevivência, que possibilita a preservação e recriação de valores civilizatórios, de conhecimentos e da cosmovisão trazidas pelos africanos, quando transplantados para o Brasil.
Caracterizando-se pelo respeito à tradição e aos bens naturais; o uso do espaço para reprodução social, cultural e espiritual da comunidade; e a aplicação de saberes tradicionais transmitidos através da oralidade.
Tem o seu enfoque prioritário na manutenção, preservação e formação de agentes multiplicadores dos saberes e fazeres tradicionais, atuando no fortalecimento de ações políticas que viabilizam a promoção da igualdade racial e empoderamento dospovos e comunidades tradicionais de matriz africana e afro
brasileira.
Após deixar o Gabinete da Ministra da Cultura Angolana, Walmir Damasceno, seguindo recomendações desta, reuniu-se com a diretora de Comunicação Institucional do Ministério, Marlene Gomes, além do diretor geral do Instituto de Línguas Nacionais, professor doutor José Pedro, objetivando assinatura de acordo de cooperação no sentido de enviar para o Brasil especialistas para o ensino das línguas kimbundu, kikongo, umbundu.
Visita ao Palácio de Ferro, região antiga de Luanda, foi outro ponto alto dessa primeira etapa de estadia do dirigente do ILABANTU em Angola. Na visita a Fundação Sindika Dokolo foi recebido pelo vice-
presidente da instituição, Fernando Alvim, a diretora executiva, Marita Silva e demais dirigentes da organização. Alvim fez uma grande festa para receber Damasceno, com direito a conserto musical e declamação de poesias de sua autoria, para o visitante.
Reunido com a alta direção da Fundação Sindika Dokolo, o vice presidente agradeceu ao visitante brasileiro e sublinhou que é possível firmar parceria no sentido de apoiar projetos de promoção
da cultura bantu entre a Fundação e o ILABANTU.
Ainda nesta primeira etapa da sua estada em Angola, Walmir Damasceno esteve com diretor do Banco Sol, Andrade Catanga Brás, com quem tratou de apoio cultural para as ações e projetos do ILABANTU; participou do programa Hora Quente, da TPA 2 como convidado da antropóloga Isilda Hirstz juntamente com a miss Angola e atriz Lesliana Pereira, que interpretou Njinga Mbandi no filme Njinga A Rainha de Angola, uma produção da Semba Comunicação. Damasceno aproveitou o Talk show, programa de
maior audiência da televisão de angolana, apresentado pelo ator Joel Benoliel, e homenageou ao vivo todo elenco da produção cinematográfica, e o diretor geral Coréon Dú.
Outro encontro considerado importante ocorreu com Kajinga Ni Mbandi, soba do Reino do Ndongo, presidente da Ana Njinga- Associação dos Naturais e Amigos de Kalandula, na província do Malanje, local que sedia o reino e neto da Rainha Njinga. Este convidou Damasceno para participar das celebrações dos 354 anos de morte da Soberana do Reino do Ndongo e da Matamba. Com presença confirmada, evento ocorrerá dia 17 de dezembro próximo.
Por final encontro com o modelo, ator, cantor e compositor de semba, o dj Celso Roberto, que lançará no próximo dia 14 de dezembro seu disco Karavana da Saudade, e por fim, encontro com rapper Kelsen Reis, e o gestor de Terra Umbilical, Kiamba Uimgui, que integrou a comitiva para as despedidas do Representante brasileiro no Aeroporto 4 de fevereiro, em Luanda.
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