JOHNNY EDUDARDO PINNOCK – O criador do “Negros Succès”, a alternativa de duas correntes da Rumba africana.

Por Sebastião Kupessa
 
Não é preciso apresentar Pinnock (filho) como político, poís foi umas das figuras angolanas mais activa na luta contra o colonialismo. Dirigiu a juventude da UPA antes de fundar a FNLA, em conjunto com o seu pai, com o mesmo nome e Holden Roberto, Jonas Malheiro Savimbi, Rosário Neto, Sanda Martins, Domingos Vatokele, Manuel Kunzika, etc.
 
Serviu o estado angolano, na conta do MPLA,  em que foi o seu membro no Comité Central, como director da ESPA, Vice-Ministro no MIREX e falecendo como embaixador nomeado na Benelux.
 
Em Angola, muitos ainda ignoram que, Pinnock foi também um excelente vocalista e autor compositor de uma meia dúzia de canções. Evoluiu em muitos conjuntos musicais que ele próprio financiava, entre outros Rock-a Mambo do Landu Rossignol,antes de juntar-se com o “gigante” Vicky Longomba vindo de OK Jazz, em conflito com o seu patrão Luambo Makiadi Franco, devido a sua participação no African Jazz, o agupamento rival, sem o seu consentimento.
 
Pinnock, Longomba e Bohlen vão formar a banda musical em 1962, em que o angolano vai baptizar de “Negros Succès”, segundo o jornalista e antropólogo urbano, Bolowa Bonzakwa.
 
Em 1964, Pinnock vai desertar os palcos, porque a direcção da FNLA confiou-lhe uma missão muito importante, de substituir Viriato da Cruz que recusava retomar o cargo do chefe da diplomacia da Frente que lutava contra o colonialismo em Angola.
 
“Negors Succès” sem Pinnock obriga Vicky Longomba a regressar no Ok Jazz antes de fundar o seu Lovy du Zaire. Ficando Bolhen que vai recusar abandonar “Negro Succès”. Bolhen recruta, 2 anos mais tarde, Bavon Marie-Marie, o irmão menor do Luambo Makiadi Franco.
 
Bavon Marie Marie (BMM) vai se apropriar do Negros Succès ao ponto de rivalizar com o seu irmão mais velho, ambos foram solistas de guitarra. Num pouco espaço de tempo, BMM torna-se o novo ídolo da juventude de Leopoldville. Bonito e “jeune premier “, BMM apaixona-se com a Lucie, uma Miss Congolesa naquele tempo. Mas o BMM tinha que contar com outros concorrentes, também pretendentes da Lucie, famosos como ele: Primeiro foi Kembo, futebolista do Vita Club e atacante vedeta dos Leoppards do Zaire, a equipa nacional de futebol e o segundo, é o vocalista vedetta do Ok jazz Youlou Mabiala, originário do Congo Brazzaville.
 
Em princípio de 1970, o BMM e Negros Succès lançam no mercado a famosa canção com o título “Maseke ya meme”, onde afirma que um “feitíço não é eterno, apodrece, um bruxo, também morre”. A cançâo conheceu um sucesso fulgurante, que os melómanos interpretaram como sendo uma mensagem enviada aos seus potentes rivais, que não recuavam em nada para beneficiar as graças da linda Lucie.
 
Finalmente, BMM vai agredir verbalmente um dos seus rivais, Youlou Mabiala que se encontrava em palco com o seu irmão. Franco não apreciou a atitude do seu irmão menor, seguiu-se entre ambos irmãos uma violenta discussão, em que BMM abandona o local muito exaltado, pega no volante, acompanhado da sua dulcinea e vai conduzir o seu carro nas ruas de Leopoldeville e vai fazer acidente mortal. Assim morre, em 1970, o “James Dean” da Rumba congolela, enquanto a miss, a bela Lucie ficará paralizada até ao fim da sua vida.
 
A morte do BMM (também do Negros Succès) paralizou Leopoldville em que Franco foi claramente identificado como sendo o autor, ao defender o seu vocalista.
 
Em resposta Franco vai compor a célebre cançâo em kikongo, Kinsiona (orfão), onde exorta os Mfumu a kanda, os dentetores da palavras de terem sabedoria no Kinzonzi ( kinzonzi kya asisa a mbuta, luvova mawu lwa syama ye kola).
 
Em 1983, Franco recorda de novo, em “Kimpa kisangamene kuna zulu” o seu irmâo Bavon Marie-Marie, porque as suas lágrimas nunca cessaram, uma obra monumental dedicada a cultura do Reino do Kongo em que foi originário.
 
O Negròs Succès nâo foi uma criaçâo do Bavon Marie-Marie como muitos pensam, masim do angolano Johnny Eduardo Pinnock.
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