Por Alfredo Dikwiza e Jeremias Kaboco
Uíge, 02/07 (Wizi-Kongo) – Os produtos de fabríco caseiro e locais, nomeadamente, lwandu ou simplesmente esteira e a bebida lungwila, prendem atenções dos cidadãos e goleiam na concorrência em relação os demais produtos expostos na Praça da Independência, em comemoração dos 101 anos das festividades da cidade do Uíge, assinalado neste domingo (01).
Para quem passa ao lado dos lwandu ao de lungwila, seja quem for natural, visitante nacional ou estrangeiro, prende-se no olhar, no tempo e no espaço, onde, além de mais, o seu desejo convida-lhe a perguntar o preço, tirar uma fotografia, ou mesmo inteirar-se de como estes produtos são feitos. Mesmo não sendo novidade para ninguém, quanto ao lwandu e lungwila diz respeito para os naturais, ainda assim, atraem os cidadãos de todas as faixas etárias tendo em conta das suas elevadas considerações no seio das comunidades, principalmente para as famílias de camadas menos favorecidas em termos financeiros, para isso, o refúgio passa por estes produtos.
O primeiro produto citado neste, isto é, lwandu serve como utilidade de colchão ou auxiliador de colchão permitindo com que as pessoas dormem normalmente, igualmente, serve para improvisar tetos falsos, papel de parede, assim como serve também para fazer barracas em tempo recorde sem consumir muito tempo e esforços, a exemplo do que acontece nos locais onde decorrem festas. Para o modernismo, nos dias de hoje, o lwandu vai sendo uma alternativa criativa para os decoradores de eventos festivos, podendo ser em hotéis, bares, casas, entre outros locais, por possuir comprimentos ideias (2cm) e larguras aceitáveis (1 cm e meio), bem como por ser vendido em preços que estão ao alcance de todos, principalmente os de camada baixa.
Logo que deparam-se com luando, os estrangeiros reduzem o passo, aliás, param e um sorriso curioso o soltam, em seguida uns gestos com o braço esquerdo ou direito demonstram e, se em dois ou em três estiverem, começam logo a trocar palavras um do outro e, a posterior chegam ao dono do produto para mais informações , onde como recordação recorrem as máquinas ou telefones para juntos dos luandos tirarem umas pausas.
Feito de bassueiro, um produto encontrado nas bermas dos rios ou em lagoas e lagos, bem como em sítios com pântanos, o lwandu passa por vários processos ante de vir a ser luando, como tal, sendo que, o primeiro passo inicial com o corte do bassueiro no local encontrado e depois é rachado em duas partes ou se for pequeno demais não é rachado, tendo caracteristicas de (leve, comprido e semi grosso), onde a catana ou faca sãos os instrumentos ideias para se efectuar os cortes. Depois do corte, o bassueiro é deixado no local para a seca, num período de três ou quatro dias, independentemente do tempo se estiver mais quente, melhor, lpois acaba secando rapidamente, daí é arrumado e amarado em fecho, em seguida transportado para aldeia ou para “kubata”, na fazenda ou um outro local onde as pessoas estiverem concentradas, já no local é espalhado no chão ou inclinado por uma parede, tronco, árvore ou outro local que aguente o seu peso.
Estando no local (casa), o mestre podendo ser um adolescente talentoso, jovem ou idoso experiente, encarregue-se a organizar os bassueiros secos. Com ajuda de um “kibesse” , derme da rama do bordão, instrumento que é afiado na ponta e ficando meio redondo, vai servindo para perfurar um por um bassueiro, variando-os um por cima e outro por baixo, pois caso sejam colocados na mesma posição, o luando fica sem equilíbrios.
Assim, onde passa o pico, passa a corda, como se diz em kikongo (mwaenda ntumbu ye mussioni), mas a corda é de “lupunguila ou mpussu”, que no início é colocado um nõ e até chegar no fim, que também é fixado com um nõ para garantir a segurança do luando. Podendo um lwandu ser atado na posição vertical com quatro ou cinco colunas de cordas, que ficam por dentro de cada bassueiro arrumado. Depois da arrumação e com as cordas fixas, o mestre, que maioritariamente são homens, aliás, raramente se vê as mulheres fazerem essa actividade, pega um pequeno pau que serve como régua e com um carvão alinha, para, em seguida onde passar a linha, cortar, em baixo e em cima o lwandu, com isso, conclui-se o processo.
Ficando apenas a disposição do utilizador, criança, adulto ou idoso, assim como servindo também para estender bombom, feijão, gergelim, entre outros produtos. Gerão Francisco, ou simplesmente, “Tocala”, revendedor ferrenho de lwandu há anos, em declarações hoje, segunda-feira, ao Wizi-kongo, na Praça da Independência, observou que trouxe para o local 800 lwandu, todos com origem do município do Bungo, concretamente na aldeia Mulamba II, que dista a 40 kms da sede da vila do Bungo.
Bungo, um dos municípios do Uíge, localizado a 81 quilómetros a norte da sede capital da cidade do Uíge, forneceu por via do revendedor Tocala, 800 lwandus, contra os 3000 (três mil) do ano passado, que estão a custar num valor equivalente a 350 kzs, cada, sendo os maiores compradores serem os demais comerciantes que se encontram a montar barracas na Praça da Independência.
“ É uma sensação vender luando, faço essa actividade por vários anos, em diversos municípios sempre que estiverem em festa, ano passado, trouxe do Bungo, três mil luandos, dos quais vendi 2500, num período de um mês, e nesta edição como é para uma semana, achei por bem se fazer presente com 800 luando, que, com toda certeza vão acabar durante o tempo que durar as festividades”, apontou, Tocala. Disse que do Mulamba II para a sede do Bungo, transportou os luandos por motociclo de três rodas, vulgo “Kupapatas ou Nambuangongo”, tendo adiantado que do Bungo para Uíge, fê-lo por um meio maior, “ é um orgulho ver como as pessoas valorizam o luandos, onde os estrangeiro, alguns deles chegam a comprar também, isto é bom, é sensacional, porque é nosso produto é, com isso, os nossos antepassados estão sempre contemplados em nossas memórias, por serem os primeiros que iniciaram com os lwandus”, justificou.
Apar do lwandu, o lungwila, um produto caseiro e local, também prende de forma indispensável os olhas dos cidadãos e o paladar no consumo, para isso, seu lugar e espaço ocupou no seio dos apreciadores, tanto locais, como visitantes. Para isso, amontoados de bidons de lungwila provenientes de vários municípios invadiram no bom sentido a Praça da Independência. Sandra Maianga, revendedora de lungwila proveniente do Sakandika, Maquela do Zombo, província do Uíge, trouxe 17 bidons, contra 20 do ano passado, sendo que, em dois dias já vendeu dez bidons, uma média de venda de cinco bidons por dia, como admitiu, com um sorriso no rosto hoje, segunda-feira, ao Wizi-Kongo.
“A concorrência é tanta e os fornecedores já notaram isso, nota-se que a maioria dos municípios se fazem presente aqui com lungwila, mas eu trouxe a bebida feita na minha localidade de origem e do meu município, Maquela do Zombo. Aqui o preço de um litro é igual para todos, que é, 250 kzs, outro motivo que leva os consumidor seguirem a bebida, que por sinal é também terapêutico”, observou. Questionada sobre os motivos da escolha na revenda deste produto, a maquelense sem perder tempo respondeu que, como uma das primeiras condições é a valorização no seio dos consumidores, outra questão por ser natural e por último por ser uma bebida terapêutica, fruto da mistura das raízes com que é feito. “Não vivo na cidade do Uíge, mas sim resido em Maquela do Zombo, 310 quilómetros a norte da sede da cidade do Uíge, ainda assim, aproveitei as festividades dos 101 anos da cidade do Uíge para conseguir amealhar alguns valores, cuja concorrência é satisfatória ”, sustentou.
Nzuzi Ntungu, um consumidor encontrado no local e com um copo na mão esquerda, disse a reportagem do Wizi-Kongo, que apenas sente-se bem quando consome a lungwila, porque os vários medicamento que nela entram fazem bem ao seu organismo, com destaque para as raízes do ndondolondo, ndungu za kongo, longo, milho, entre outro. A lungwila ajuda as pessoas que realizam actividades físicas forçadas e mesmo os que menos exercícios praticam, além disso é econômico, pois com 250 kzs se consegue um litro, que é suficiente para deixar o consumidor embriagado, o que não acontece com as bebidas convencionais que, com 250 kzs, pouco ou nada se consegue beber. Bungo, um dos municípios do Uíge, localizado a 81 quilómetros a norte da sede capital da cidade do Uíge, forneceu por via do revendedor Tocala, 800 luandos, contra os 3000 (três mil) do ano passado, que estão a custar num valor equivalente a 350 kzs, cada, sendo os maiores compradores serem os demais comerciantes que se encontram a montar barracas na Praça da Independência.
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