Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 08/03 (Wizi-Kongo) – Em quase 18 anos de paz, 1.383, 354 (um milhão, trezentos e oitenta e três mil e trezentos e cinquenta e quatro pessoas), residentes na região do Uíge, vivem sem luz, contra 43 mil outras famílias beneficiárias. Os consumidores desta energia são de três municípios, nomeadamente, a cidade do do Uíge, Negage e Maquela do Zombo, cujos dados apurados pelo Wizi-Kongo, no dia 29 de Agosto de 2019, são de fonte da Empresa Nacional de Distribuição de Energia (ENDE) local.
De acordo os resultados preliminares do censo 2014, indicavam a 16 de Maio do referido ano que, residiam na província do Uíge acerca de 1.426.354 pessoas, sendo 698.958 do sexo masculino e 727.398 do sexo feminino. Deste número, apenas 43 mil pessoas até 29 de Agosto de 2019 beneficiavam de energia eléctrica, enquanto as outras “um milhão, 383 mil e 354 pessoas”, são iluminados em comum pela luz da mãe natureza (sol e luar).
Assim, os candeeiros a petróleo, velas modernas e a tradicionais (kifwua) ou pequenos geradores, são os recursos encontrados por milhares e milhares uigenses para iluminar as casas durante um curto período nocturno. Em vésperas de mais um ano de aniversário de paz que se avizinha celebrar, no caso, o 18º, na província do Uíge, 13 municípios vivem de um apagão total.
Salientar que no dia 4 de Abril de 2002, na província do Moxico, na cidade do Luena, Angola, as forças do governo e da oposição, chegavam aos acordos de paz, dando fim ao conflito armado de dezenas de anos, que assolava o país. Uma conquista que enchera de orgulho e alegria toda nação, em particular no Uíge, rumo ao desenvolvimento almejado.
No Uíge, em quase 18 anos de paz, apenas três municípios são iluminados de energia eléctrica proveniente das barragens de Kapanda/Malange e Lukixi/Uíge, com realce dos municípios do Uíge, Negage e Maquela do Zombo.
Outros 13, a única energia que beneficiam em comum é a da mãe natureza, que é fornecida das 5h/30´ às 18h/30 minutos, por dia e das 18hs/30 ´às 5hs/30 ´. Bungo, Mucaba, Damba, Songo, Bembe, Quitexe, Púri, Kangola, Sanza Pombo, Ambuila, Buengas, Milunga e Quimbele, completam o maior grupo de municípios que na era dos 18 anos de paz, não provaram ainda o sabor de energia proveniente de uma barragem e, sim, vivem de um apagão total, onde falar de energia abrangente é, citar a fornecida pela mãe natureza, num intervalo de treze horas, por cada período.
Em 2010, no mês de Dezembro, finalmente, a sede da cidade do Uíge, beneficiava de energia eléctrica produzida pela barragem hidroeléctrica de Kapanda, situada na vizinha província de Malange. Naquele dia, a alegria tomou conta dos citadinos e das autoridades. As crianças e adultos gritaram forte (luzieeeeee…), dançaram, festejaram e muito mais, por verem concretizado há anos um projecto alimentado.
Uma inauguração do aludido projecto que contara com a presença do Secretário de Estado para a Energia, João Baptista Borges e do ex-governador provincial do Uíge, Paulo Pombolo. Assim, na ocasião, João Borges soltava a vôz afirmando ser um maior ganho para província, depois de alcançada a paz, que, naquele momento tinha a idade de apenas oito anos.
Como dissera/2010, a área que dirige tem políticas específicas para a província do Uíge, sendo que, as famílias das vilas da Damba e Mucaba, seriam erguidas subestações para que beneficiem também da energia de Kapanda, pois a do município de Maquela do Zombo e da região mineira de Mavoio, passa por elas. Entretanto, as localidades que se encontram afastadas destas linhas, poderiam ser construídas pequenas centrais hídricas.
Assim, as duas entidades anunciavam também que o aumento da qualidade, passaria pelo alargamento da rede de distribuição, para permitir a sua valorização através do aumento do número de clientes e do pagamento mensal do consumo da energia eléctrica pela população beneficiada.
Pontaria falhada em13 de Maio de 2017
Numa sexta-feira, de sala cheia feito um ovo, em dia do 1º Simpósio provincial da Sociedade Civil, fora dito que quatro municípios beneficiariam de energia eléctrica de Capanda.
Tratavam-se dos municípios do Bungo, Damba, Mucaba e Songo, o anúncio era sério, feito pelo ex-governador provincial, Paulo Pombolo. Segundo ele, esses municípios iriam beneficiar da luz no âmbito do programa do governo que visava a expansão da rede eléctrica na região, cuja região beneficiara naquele período mais de 70 kilowatts de energia eléctrica, através da barragem de Capanda, que, forneciam e até hoje os municípios de Negage, Maquela do Zombo e Uíge. Para o efeito, os estudos de viabilidade do aludido projecto já estava concluído com êxito, aguarda-se apenas o momento certo para o arranque dos trabalhos, cuja comuna do Nsosso, era o local escolhido para instalação da subestação eléctrica, que, forneceria a corrente eléctrica aos municípios de Mucaba, Bungo e Damba, proveniente de Kapanda, mas até hoje a pontaria encontra-se falhada, sem atingir o alvo.
Era da paz, geradores sustentam municípios do Uíge
De 2002/2020, os treze municípios em conta gota, feita de uma água descaindo da torneira, continuam soluçando com dependências de grupos geradores que vão dos 400kwz a 700kwz, que fornecem a energia eléctrica das 18hs às 22horas, uma vez a outra. Pois, as vezes, por serem grupos geradores que dependem de combustível, óleo e manutenções, ficam inoperantes.
Neste período 2002/2020, cada município, entre os 13, comprou mais de um grupo gerador. São grupos geradores que dos cofres do Estado custaram milhões e milhões de kwanzas, “mesmo no tempo do kwanza burro”, e, concomitantemente, fornecem a referida energia a sede da vila e um reduzido leque de bairros periféricos. O sistema funciona na mesma fórmula, do Bungo a Quitexe, do Quitexe a Bembe, do Bembe a Damba, da Damba a Quimbele, de Quimbele a Kangola, vice-versa.
Um círculo girando em volta de si mesmo, com gastos volumosos que partem da compra dos geradores, combustíveis e manutenções. Gasta-se milhões e milhões de kwanzas em nome das famílias deste ou daquele município, em fins de energia, que na verdade, os beneficiários não cabem a um terço do número de pessoas em cada circunscrição. Assim foi em 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e tudo indica será também 2020.
Em quanto se gasta estes dinheiros para energia de grupos geradores em nome das famílias, as famílias indefesas padecem por inúmeras dificuldades nas aldeias, regedorias e bairros periféricos. Tais dificuldades prendem-se em cada uma das 13 localidades, na falta da própria energia, água potável, medicamento, vias de acesso precárias, bem como de maneira geral do baixo nível de pobreza que as assola.
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