Por Samba Tomba Justes Axel (*)
O dia 25 de Julho de 1506, é considerado como uma data de renascimento de Mbanza Kongo ou antigo São Salvador, a capital mítica e majestosa do grande Reino, no calendário de reinado do rei Nzinga Mvemba. É o dia em que Nzinga Mbemba ou Mvemba, Afonso 1°, o primeiro mais grande Mani a Kongo (Rei do Kongo) na história, foi levado ao trono.
“Os Kongo são civilizados até a medula de ossos” disse Léo Frobenuis na “História Das
Civilizações Africanas”. E hoje, a história da-lo razão. Antiga capital do Reino Kongo, Mbanza Kongo é uma cidade muita histórica por seu papel e sua importância, que ela desempenhou durante a Idade Média nas civilizações das savanas.
Fundada em 690 pelo conquistador e rei do Kongo Ntinu Mwene Nimi a Lukeni , depois de concluir uma aliança com o chefe Nsaku, chefe de clã e proprietário da terra Mpemba, Mbanza Kongo vai conhecer no espaço e no tempo, a mudança de nomes como Mongo a wa Kayila, Nkumbi a Ngudi, antes a chegada dos portugueses. Essa capital foi e é considerada como símbolo de renascimento dos Kongo.
Nimi a Lukeni, foi também um dos fundadores do Reino do Kongo, o seu nome significa na língua Kikongo, chefe militar, nobre e mestre ferreiro.
Também antes a chegada do Portugal, Mbanza Kongo, foi a sede da Realeza, pois o Mani Kongo residiu nesta cidade e a sede da metalurgia do ferro, que foi a propriedade dos aristocratas, os Mani Vangu-Vangu e foi também a tesouraria das conchas ou NZIMBU que foi a moeda do Kongo.
É em Mbanza Kongo, que foi também a sede de artesanato com o trabalho das roupas em ráfia e outras fibras, sua população praticaram a criação de bovinos e a agricultura tradicional.
Situada geograficamente à mais de 150 quilômetros da mar, MBANZA-KONGO foi bemconstruída e equipada. O único palácio real do Mani-Kongo pareceu como uma cidade dentro de uma uma cidade.
Antes e durante a chegada do português Diogo Cão em 1482, navegador e escudeiro do rei do Portugal João II, Mbanza Kongo já era uma cidade maravilhosa cujas as organizações política-economicas e social impressionaram os visitantes portugueses que chegaram pela primeira vez. A sua fama expandiu-se fora das fronteiras africanas, nomeadamente em Lisboa, Roma e Amesterdão. Com efeito Mbanza Kongo com as outras províncias do Reino do Kongo formaram uma federação dos estados tendo como princípios: As regras de subsidiariedade que os países europeus vão descobrir 500 anos tarde.
No dia de 3 de Abril 1491, dia do baptismo da família real, Nzinga Nkuvu tornou se João I, Mbanza Kongo foi designada por São Salvador, em outros termos a cidade do São salvador.
Em 1506, com a chegada ao poder de Afonso 1°, a cidade de São Salvador mudou: O
cristianismo foi adoptado como religião oficial de sua população, criação das escolas das elites Kongo, construção das Igrejas, nomeadamente as catedrais e hospitais, graças à cooperação portuguesa.
Mas é preciso notar que, está cidade conheceu os eventos trágicos com a invasão dos Rebeldes Jagas em 1587, a batalha de Ambuila, o 29 de Outubro de 1665 e o incêndio provocado pelos portugueses em 1678.
MBANZA-KONGO, é o símbolo do renascimento do povos Kongo, pois essa capital foi a sede do Mani-Kongo (Rei do Kongo) que fez a unidade de todos povos Kongo. Pois, todo habitante Kongo o conhecia como chefe do país. Portanto sua revalorização, sua reconstrução da beleza ancestral, a reconsideração do seu papel, sua revalidação como capital oficial dos Kongo da África, da diáspora Kongo nas Américas e na Europa, vão permitir a concretizar totalmente esse renascimento. Já hoje sendo como capital da província do Zaire no norte de Angola actual, a entrega de seu nome tradicional, sua candidatura como Património Material Cultural da Humanidade marcam o início desse caminho longe de renascimento.
Mbanza Kongo foi a cidade da unificação dos povos Kongo até 1665, ano da Batalha de Ambuila que marcou o início do declínio do Reino Kongo.
Assim, MBANZA-KONGO, como símbolo de renascimento dos povos Kongo, facto maior de significado civilizacional, fora duma simples questão de discussão de data , é um espelho do caminho percorrido no sentido direito e inverso do progresso que uma tal referência poderia ajudar de reinicializar nossa identidade cultural.
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(*) SAMBA TOMBA Justes Axel, é congolês da República do Congo ou Congo- Brazzaville. É licenciado em História (com especialidade em história da civilização e história do Reino do Kongo e história Transatlântica dos Bantu nas Américas) e frequenta o nível de segundo período de mestrado. É pesquisador em História da civilização Kongo em África Central e sobre em Antropologia Sócio-Cultural dos Bantu nas Américas, nomeadamente as sobrevivências culturais Bantu.
Membro da União Nacional de Escritores e Artistas Congolês (U.N.E.A.C.). Ele já publicou muitos artigos históricos sobre a civilização Kongo e a história do Congo Brazzaville.
Actualmente ele estuda no Brasil no Rio de Janeiro na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) . Ele é membro da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (APBN) e membro do laboratório de Estudos Áfricanos (LEAFRICA/UFRJ) e do Laboratório de Estudos das Diferenças e Desigualdades
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