Menino de 11 anos de idade recorre ao contentor de lixo como refúgio de sobrevivência

Por Alfredo Dikwiza 

Uíge, 08/07 (Wizi-Kongo) – Não estuda por falta de cédula pessoal, mãe falecida e pai desempregado, são dos principais motivos apontados e que levam, João Fernando, menino de 11 anos de idade, residente na rua Jamaica, bairro Candombe-Velho, cidade do Uíge, recorrer ao contentor de lixo todos os dias para conseguir o que comer, servindo de via alternativa como refúgio de sobrevivência.

Acorda normalmente todos os dias às 6 horas. Depois que acorda, começa com a jornada, veste a roupa, calça as chinelas e entra na via rasgando bairro a bairro e rua a rua, com maior foco nos locais de concentração dos contentores de lixo, cujo objectivo é catar garrafas jogadas ao lixo, que, assim que as recolhe, dirige-se directamente as compradoras das mesmas.

Com um saco de 50/100 kgs na mão direita ou esquerda, respectivamente, João Fernando, apanha uma por uma garrafa e coloca-as no saco, depois de as recolher, vende por cada garrafa 10 kzs (dez kwanzas), cujas compradoras são senhoras revendedoras de gasóleo, petróleo ou iogurte ao domicílio. Em dia de sorte, consegue apanhar 20 a 30 garrafas, vendendo no valor de 10kzs, perfaz ao ganho de 250/300 kzs (duzentos e cinquenta a trezentos kwanzas), por dia, valor este que leva para casa ou que compra comida de consumo em casa, com o pai também.

Acordar cedo é fundamental para o menino João Fernando, por saber que, são dezenas e dezenas de crianças, meninos e adultos que disputam a vida nos contentores de lixo, para isso, como disse hoje, terça-feira, em entrevista ao Wizi-Kongo, João Fernando, que, quanto mais cedo chegar aos contentores, melhor.

Com um paço firme e a distância caminhava enfrentando a vida, decidido e gigante, o relógio marcava 10hs e 15´, João Fernando, acabava por chegar num dos contentores da rua C, bairro Montanha Pinto, ou simplesmente, Mbemba-Ngango, sem receios dos olhares das pessoas, principalmente, de crianças da sua idade ou menos que levam uma vida diferente que a dele, sem máscara fácil no rosto e luva nos braços, começou a vislumbrar o lixo, tendo na sua saída do contentor do lixo, em direcção a outros, foi abordado pela equipa deste portal.

Vestido de uma camisete xadrez com misturas de cores branca, vermelha, cinzenta e amarela, calça jeans, João Fernando, apresentava uma morfologia externa de uma aparência apreciável, sorriso rasgado, rosto lindo e semi escuro. “meu pai não trabalha, a minha mãe já é falecida, não estudo porque não tenho cédula pessoal de identificação, apanho as garrafas para vender e conseguir comprar comida, todos os dias apanho garrafas e já faço isso há muito tempo”, explica durante a entrevista, João Fernando.

A vida bate dura com o menino João Fernando, para isso, aprendeu a molhar-se na chuva, andar no frio e no sol, ou seja, o garoto não encontra razões para parar de lutar, apesar de ser via lixo. Mas, um sorriso rasgado e elegante, ele solta para vida. “Fico triste quando vejo outras crianças ir a escola, ao irem ao mercado com seus pais, nas lojas, comendo bem e a viverem bem, às vezes, fico triste quando não temos nada para comer em casa”, lamenta com os lábios secos, rosto pálido, que fazia entender ter fome.

Para quem quiser ajudar o menino João Fernando, entre em contacto com a pagina do facebook do portal Wizi-Kongo ou por via do whatsApp: +244924305554 e +41964820189, e-mail: legoza@gmail.com.

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