Uíge – O Ministério da Saúde (MINSA) promove desde terça-feira, no município da Damba, província do Uíge, uma campanha cirúrgica contra a fístula obstétrica.
A campanha, que decorre na Maternidade Rainha Santa até 25 de Julho, está a ser assegurada por uma equipa integrada por sete médicos nacionais e estrangeiros, entre os quais um irlandês, um panamenho (residente) e um italiano.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, no primeiro dia da campanha foram operadas dez mulheres. A meta é atender 250 pacientes, com fístula obstétrica.
Fístula obstétrica é uma ruptura no canal vaginal que causa incontinência e leva à exclusão social de milhares de mulheres. As suas principais causas são partos prolongados e obstruídos, especialmente em zonas onde o acesso a cuidados obstétricos é restrito.
Pacientes já atendidas declaram à Angop, ser um alívio livrar-se da doença e do estigma a que muitas estão votadas na sociedade, por causa desta patologia.
Joana da Ressureição, de 34 anos, proveniente de Malanje, e uma das primeiras a ser operada no primeiro dia da campanha, disse ter procurado tratamento médico há vários anos, mas nunca encontrou a cura para o seu problema.
Ao manifestar-se satisfeita com os resultados da cirurgia, considerou a campanha como uma revolução para as mulheres que vivem com a doença.
Já Cristina Ngueve, vinda do Huambo, enalteceu a acção do Governo por, na sua opinião, devolver às mulheres afectadas pela doença a alegria de se sentirem livres.
Uma das causas da doença prende-se com o parto prolongado, parto não seguro realizado em casa e sem assistência qualificada, violência sexual, complicações cirúrgicas, tumores, linfogranuloma venéreo, cálculos na vesícula e radioterapia.
Causas da fístula
Segundo definições de especialistas, as causas da doença resultam de partos prolongados realizados em casa e sem assistência qualificada, violência sexual, complicações cirúrgicas, tumores, linfogranuloma venéreo, cálculos na vesícula e radioterapia
Geralmente, todas as ocorrências de fístula obstétrica resultam de partos obstruídos. Em regiões remotas, onde há poucos hospitais e parteiras e os cuidados obstétricos são raros.
As complicações podem prolongar o parto por dias. Sem acesso à cesarianas de emergência, essas complicações podem ser fatais. No entanto, se a mulher sobrevive ao parto, podem ocorrer ferimentos permanentes no canal de parto.
Sintomas
Devido à abertura anormal criada para a bexiga ou para o reto, uma mulher com fístula sofre de constante incontinência urinária e fecal. Os fluidos causam um odor desagradável e podem causar ulcerações ou queimaduras nas pernas.
Em face disso, as mulheres reduzem a ingestão de líquidos, para tentar reduzir o fluxo de urina, o que pode resultar em doença renal ou pedras nos rins.
As mulheres com fístulas obstétricas desenvolvem transtornos psicológicos, na maior parte dos casos. Devido aos sintomas físicos, elas são excluídas pela comunidade e, às vezes, abandonadas por seus maridos.
Prevenção
Segundo especialistas, a prevenção passa pelo treinamento de parteiras locais, vulgo parteiras tradicionais, para ajudarem as mães a terem partos seguros. Elas podem avaliar se uma mãe está a ter dificuldades para dar à luz e buscar, antecipadamente, ajuda.
Tratamento
De acordo com dados dos Médicos Sem Fronteiras, com cuidados obstétricos de qualidade as fístulas podem ser prevenidas.
Em alguns casos, um reparo cirúrgico simples pode levar apenas 45 minutos, mas muitas das ocorrências são mais complexas e requerem diversos procedimentos cirúrgicos com médicos altamente qualificados.
Mulheres que já tiveram a fístula obstétrica reparada podem voltar dar à luz crianças saudáveis, desde que recebam cuidados adequados, durante a gravidez.
Via Angop
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