Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 18/01 (Wizi-Kongo) – As dores de dar a luz a uma nova vida, na maternidade do hospital provincial do Uíge, deixou de ser sentida para quem estiver grávida ou com outros tipos de complicações, tudo porque os seus acompanhantes, incluindo aquelas que vão com bebés saudáveis, passam noites e dias a dormir no chão simples, suportando humidade, frio, fedor e tudo mais, como se pode ver na imagem.
Essa novela com vários capítulos por assistir no local, cujo autor principal é a maternidade provincial, causa choque na alma e no coração ao ver de perto tal triste situação a acontecer, concretamente, no alpendre construído há poucos metros da referida maternidade, vendo dezenas e dezenas de pessoas dormirem no chão a espera de uma notícia de sua parente dentro.
Dentro do alpendre, existe sete cadeiras, cada cadeira possui uma capacidade para acomodar três pessoas. Das sete cadeiras ali existente, quatro delas estão apoiados por cima de adobes queimados e metades de blocos, por não estarem mais em condições adequadas, as outras três cadeiras, umas com a falta de um ou dois assentos, respectivamente.
Na medida em que uns estão sentados, dezenas e dezenas de outras pessoas estão de olhos afiados para ver quem se levantar e automaticamente ocupar o assento, principalmente as pessoas mais finas, a exemplo, dos jovens e os da classe social mais alta (chefes).
Quanto mais o parto demorar por acontecer ou passar por uma cesariana, maior é o sofrimento dos acompanhantes, porque para a família ter notícias da sua doente depende da hora e do dia que bem os enfermeiros virem anunciar, por não existir ordens dos acompanhantes irem onde as doentes estão internadas.
“Certos momentos, é possível que alguns acompanhantes ficam dois dias sem terem informações sobre o estado de saúde das suas parente, ou, as mais curiosas mesmo estando com dor, se levantam da cama, andam por alguns metros e chegam até a janela de anúncios de acesso ao alpendre dar a conhecer o seu estado de saúde e do recém-nascido, se for o caso”, descreveu, hoje, sábado, ao Wizi-Kongo, dentro do alpendre, uma acompanhante, cujo nome proferiu não avançar para evitar retalhões a sua irmã que ai se encontra internada.
Caixas de papelão transformadas em colchões, sofá e banco.
Cada membro, principalmente os mais pobres, quanto o assunto é ir ser acompanhante de alguém na referida maternidade vão já consigo com suas caixas de papelão, para, quando chegarem-no servir de suporte para dormir e sentar e, para os da classe da elite, levam-na consigo seus sacos cama ou tendas de maior conforto.
Sem ter outra opção, para os que vão desprevenidos ou sem antes ter o conhecimento da falta de acomodações condignas no local, acabam por estar atentos nas cadeiras e, por ser assim, a regra da prioridade ali não funciona, pessoas da terceira idade, grávidas ou mães com bebés ao colo, acabam ficando em pé quantos minutos ou horas forem possíveis até que alguém se levante para ir a casa ou comprar algo fora.
Alguns, preferem ficar fora do alpendre.
Fora do alpendre ficam por debaixo de algumas árvores para se proteger do sol ou de chuviscos e outros ficam por debaixo das varandas das casas poucos metros do referido alpendre. Homens e mulheres, adultos e jovens no mesmo sítio.
Quer homens ou mulheres, adultos e jovens, todos ficam agrumelados na mesma alpendre, todos com o mesmo objectivo, saber do nascimento do novo ser e do estado de saúde da mãe, mas na hora da verdade, cada um preocupa-se apenas saber da sua paciente, como está, quando e horas que irá receber alta. Por isso, todos quanto presente no alpendre e fora do alpendre ficam de ouvidos na única janela de anúncios existe ali, que dá acesso ao interior da maternidade.
Quando a enfermeira ou enfermeiro chega na janela, todos ficam em silêncio para ouvir a chamada, se é ou não é sua parente, depois da chamada, volta fechar a janela até voltar a efectuar outra chamada num intervalo de 30 minutos, uma hora ou mais.
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