Por Sebastião Kupessa
As nossa mães, kitandeiras de natureza, costumavam guardar dinheiro no canto do pano, fazendo um nó, ou seja, um laço apertado, onde depositavam o dinheiro. Faziam isso contra os gatunos e os próprios filhos, que eram os primeiros assaltantes.
As nossas mães, anafalbetas, sabiam fazer contas dos seus negócios. Os economistas angolanos de hoje, apesar de possuir diplomas conseguidas nas Universidades ocidentais, deveriam tomar o exemplos das nossas velhas, para gerir a economia do país.
No fim de cada dia, faziam o Balu ou M’balu, o balanço das actividades comerciais diárias. Seperavam SINA e LUTA. Sina é o capital, luta é lucro. SINA não se podia mexer, é para fazer compras, em grosso, no dia seguinte para vender em retalho, para produzir ainda mais luta. O LUTA era para consumo, é o dinheiro que colocavam na “conta bancária”, no Nsongi a Diputa”.
É essa conta bancácria bem guardada que fazia viver o lar.
As nossas mães vendiam diversos produtos, mas sabiam o valor comercial de cada produto a vender, no fim do dia, cada produto, faziam balanço.
Eu que cresci com a minha avó Mazekilwa ma Namputu, era o contabilista dela, no fim de cada venda chamava-me para fazer o balanço das suas vendas. Confesso que, cada tentativa para substraír valores monetários, para compar ginguba torrada no caminho para a escola da Missão católica da Damba, era frustrada pela vigilância da avó. Falsificava as contas, mas ela me exortava em caso de dúvida, de recontar: “TANGULULA”, como podia saber, ela que nunca estudou? Mistério !
Quanto às famosas contas bancárias, tinham códigos, a maneira de fazer o nó. Basta alguem tocar na conta, elas sabiam: “Nani yibidi nzimbu?” assim eram apanhados e sancionados, com puxar de orelhas: “mwivi a Ngwaku”.
As nossas velhas foram grandes economistas.
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