Por Makunza Tungu “Tony Sofrimento”
À entrada, matina cedo, o nevoeiro encobria o horizonte. Ao longe vislumbravam-se as frondosas torres do eucaliptal encoberto e que protegia a vila. De repente uma recta fazia descobrir a vila. À direita via-se o hospital, acto continuo o campo de futebol mesmo de defronte o edifício que corporizava a Missão Católica e aí o Colégio Cristo Rei.
No princípio era um espaço reduzido antes da construção do emblemático edifício que hoje identifica a instituição. As camaratas que albergavam os estudantes, estavam situadas ao fundo da propriedade e coladas a cozinha e arrecadação.
No edifício principal estavam os estudantes que pagavam mais 6.500,00 escudos e com melhores condições de habitabilidade e conforto ao contrário dos outros que pagavam 4.500,00 escudos e tinham o suficiente para aproveitarem a oportunidade de estudar.
Comíamos o suficiente e melhor, comparado ao que na generalidade era a dieta alimentar em muitas das nossas casas. Funge com feijão e peixe carapau meia-cura, era o que comíamos com frequência. À quarta feira comíamos cabeça de boi sem as bochechas e o miolo que ficavam no talho que oferecia a carne ao Colégio! Saudades do olho do boi e do beiço que provocavam muitas rixas entre nós!
Bons tempos passados neste colégio.
Os concursos do “Makuiti” o engolir da maior bola de Funge entre eu e o Adriano Panzo. O fenômeno Nkosi Mbele que tentou entrar no concurso é que quase ia morrendo salvo pelo facto do Funge ter saído pelo nariz que nem um fio de massa esparguete!
O colégio foi a salvação para o Norte de Angola, esquecido pelo regime colonial depois do início da guerra nesta região em 15 de Março com a destruição de todas as instituições escolares principalmente a Missão Baptista do Kibokolo que formava até o ensino primário.
Todos os habitantes da região entre Maquela do Zombo e Bungo, passando por Kimbele, tinham que se deslocar ao Negage e Uige, Malange e Luanda, Huambo e Lubango depois de fazerem a 4ª classe.
Bungo foi um empurrão grande para as famílias no Norte de Angola!
Fonte: facebook/Tony Sofrimento
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