O heroísmo do soba MBYANDA NGUNGA.

Por Sebastião Kupessa

Desde 1908, os angolanos de expressão Kongo entraram em rebelião contra a ocupaçâo lusitana, devido as leis promulgadas naquele tempo, que os obrigava a pagar o imposto de cubata e de fornecimentos de carregadores (ngambas), à administraçâo colonial.

Tulante Mbuta vai encarnar esta rebelião, inspirando-se das revoltas dos Solongos do Kingombe, Tombe e Kinzawu, liderados pelo soba Lengo, em 1908; dos Sobas Namputu e Nzawu a Mbakana, na Damba, em 1909; e sobretudo da marcha dos homens armados do Kimbumbuzi para São Salvador, em 1910. Os bakongo recusavam pagar imposto. Assim, rejeitavam o colonialismo no seu território. Portugal vai ocupar o norte de Angola pela força.

Norton de Matos, governador de Angola naquele tempo, vai ordenar o governador do distrito do Congo, José da Silva Cardoso e o residente português em São Salvador, o general Leal Raria, para esmagar a revolta. Este último, reune forças, consegue derrotar com facilidade, graças a uma peça de morteiro “nordenfeldt”, a primeira vaga de revolta, antes de ser tranferido para outra zona, em meados de 1912. Leal Faria, terminou os seus 16 anos no Congo-Português com uma brutal apreciação do valor guerreiro dos Bakongo. “Todo o gentio do Congo só é papão para meninos”. Mas enganava-se, escreveu o historiador René Pelissier, em “História das Campanhas de Angola”.

A derrota portuguesa no Pombo em 1913

O citado historiador, comentou ainda sobre o valor guerreiro de angolanos em seguinte termos:

“Ainda em 1912, mas sem que possamos dar a data certa, os comerciantes europeus da região do Pombo, a leste da Damba, que fora ocupada em 1911, foram convidados a retirar antes que interviesse a ocupação militar. Numa data não especificada, mas talvez de Julho a Setembro de 1913, ou no Outono, durante três meses, a penetração portuguesa para leste da Damba deparou com uma resistência que desmentia a reputação militar dos Bakongo. Depois de armazenar 200 toneladas de pólvora e 10.000 espingardas entre os anos de 1911 e 1913, os Sossos bateram-se tão bem no Pombo que conseguiram matar o capitão Praça e um sargento. Desde 1859 nenhum capitão português conhecia no Noroeste angolano a sorte do capitão Militão de Gusmão. É lamentável que não tenhamos melhores informes sobre as condições em que se verificou esta derrota, mas podemos considerá-la de capital importância, atendendo a que o Governador-Geral Norton de Matos cita o “desastre da coluna do Pombo e Sosso” entre as causas da grande revolta que iria devastar o Congo durante anos.”

Fontes orais citam o soba do Nsoso, MBYANDA NGUNGA, como quem comandou os guerreiros africanos nesta batalha, com a finalidadede socorrer o povo do Pombo, contra tropa portuguesa, que pretendiam colocar a administraçâo colonial naquela localidade da actual província do Uíge.

Como está referido, a guerra foi moderna, onde as armas de fogo foram utilizadas de ambas partes. De um lado, os portugueses, cujos os oficiais passaram pela academia militar e de outro, africanos simples combantentes que se defendiam contra ocupação europeia.

O soba Mbyanda Ngunga, será o ultimo soberano Kongo a lutar contra a presença lusitana, 5 anos depois de neutralização do Tulante Mbuta, em 1915, na primeira insurreiçâo no noroeste angolano. Será artisão também dos ataques com os seus Makesa (na imagem), no Bungo, Puri e nos Bwengas. No Kivuenga, no actual município do Songo, foi auxiliado pelo seu adjunto soba Makabongo, em 1918.

Mas o seu evoluir temporal, esse não pertence ao reino do maravilhoso. No fim de Maio de 1918, os Nsoso do Sul, os Pombos, persuadidos de que um ser branco lhes levaria pólvora e armas para expulsarem os Portugueses, atacaram a sede da capitania-mor, Sanza Pombo, e o posto de Cuilo Pombo.

O conflito refluiu depois para norte ( posto de 31 de Janeiro) e alcançou o Oeste ( posto do Bungo) e o Sul (Puri). Estes fortins foram atacados em Junho-Julho de 1918. A situação agravou-se a tal ponto para os Portugueses que foi criado um comando militar do Leste ( capitania -mor da Damba),Pombo,Cuango, circunscrição do Zombo). As forças portuguesas convergiram da Damba e do posto do Uige para aliviar o Bungo a 17 de Agosto, o capitão-mor da Damba saiu para o sul e estava a 19 no Bungo,a vançando para a sanzala do principal rebelde, o soba Macabongo, suposto dirigente da antrior revolta do Sosso. Depois de algumas escaramuças perto do posto de Puri, que foi alcançado ea 30 de Agosto, o destacamento voltou seguidamente para Mucaba (19 Setembro) e Damba. E a rebelião cessara no Pombo, que pagou indemnização de guerra, mas só em Novembro de 1921 as autoridades militares de Luanda se recordaram de que seria bom deixar de considerar como tempo de campanha e dos serviços prestados por alguns oficias no Pombo desde 1918.

 

Comentário

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*


Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.