Do meu Bornal de Recordações – COLOCAÇÃO NA CIRCUNSCRIÇÃO DA DAMBA

 

Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS.

 

Os meus colegas de curso já tinham aproveitado outro concurso anterior, aberto enquanto estive nos Açores, e já tinham sido todos eles promovidos a secretários de circunscrição quando desembarquei em Luanda , com os quatro colegas, mais modernos, do meu concurso.

Havia nessa altura, no quadro administrativo de Angola, mesmo na Direcção dos Serviços da Administração Civil, uma nítida má vontade contra os diplomados pela Escola Superior Colonial. Éramos considerados como competidores privilegiados, através da atribuição de metade das vagas que fossem ocorrendo nas diversas categorias, da não sujeição a concursos para promoção e de maior rapidez de ascensão na carreira.

Quando nos apresentámos, o subdirector dos Serviços, que estava a substituir o director, temporariamente ausente de Luanda; logo nos foi dizendo que os poucos postos vagos e em que, necessariamente, teríamos de ser colocados, se situavam todos nas zonas fronteiriças do Sul e do Leste,  todos eles bastante isolados. Nem a circunstância de sermos todos recém-casados e estarem as nossas mulheres em estado de gravidez mais ou menos adiantada, parecia demovê-lo do propósito. A intervenção de colegas mais antigos, um já inspector administrativo e um ou dois administradores, junto do director dos Serviços, regressado a Luanda, fez mudar a decisão e todos nós fomos colocados em zonas mais favoráveis: quatro na então província de Luanda, entre estes eu próprio, e o quinto na província de Malanje. A mim coube-me o posto de Camatambo, na circunscrição da Damba, em pleno Congo português.

A viagem
Iniciámos a viagem para a Damba em 31 de Março de 1945, fazendo o primeiro troço da jornada, entre Luanda e o Lucala, em comboio do caminho de ferro de Malanje. Foi a primeira tomada de contacto com o mato africano, atravessando-se, nas primeiras dezenas de quilómetros, a zona de planícies costeiras em que, entre alto capinzal, pontificam os disformes imbondeiros, os decorativos cactos candelabros e as agressivas espinheiras. Logo a seguir entra-se em região de relevo um pouco mais movimentado e de vegetação arbórea mais densa, prelúdio da floresta tropical, começando a aparecer as primeiras plantações de cafezeiros.

Paragem na estação da Canhoca, para almoço dos passageiros e reabastecimento da locomotiva em água e combustível. Na gare, vendedeiras vestindo quimonos e panos garridos, apregoavam água e fruta, desde duas ou três variedade de banana até aos aromáticos e suculentos ananases, as papaias e as goiabas.

Almoço em restaurante pouco limpo e ruidoso, com sopa de legumes bem adubada e bifes de carne da caça, acompanhados de azeitadas batatas fritas e ovos estrelados. Reinava a boa disposição entre os comensais que, entre gargalhadas, se  metiam com o estalajadeiro, perguntando mesmo se naquele dia os bifes não seriam de carne de macaco. Reflexo da fama que corria de que, por vezes, esta carne entraria em bem temperadas caldeiradas, sob a designação de carne de cabrito. Minha mulher e eu, na aberta receptividade dos nossos vinte e poucos anos, íamo-nos adaptando, com toda a facilidade, a um estilo de vida inteiramente novo.

Após o almoço, a viagem continuou, com nova paragem, poucos quilómetros percorridos, na sede do concelho de Ndalatando e do distrito do Cuanza Norte e que, naquela altura, já tinha sido rebaptizada com o nome de Vila Salazar. Sobre os nomes do concelho e do distrito, corria em Angola um dito com base nas péssimas condições de clima e de salubridade que tinham caracterizado a região, onde imperava o paludismo e as suas formas mais graves e por vezes mortíferas: as febres biliosas e as perniciosas. Diziase, pois, que o Distrito de Cuanza da Morte, tinha a sua sede na vila de Ndalamatando.

Depois de Ndalatando a paisagem começa a modificar-se. A floresta húmida vai dando lugar à savana, onde se iam sucedendo plantações de sisal. Desembarque no Lucala e instalação, para jantar e dormir, num dos estabelecimentos hoteleiros da terra.

Era o chamado Hotel do Lucala. Construção com as características comuns à generalidade das casas destinadas ao comércio e à hotelaria e espalhadas por todo o interior de Angola. Edifício só com o piso do rés-do-chão, quadrangular, defendido em todas as suas faces por larga varanda coberta e para onde davam as portas e as janelas da casa de jantar e dos quartos. A cozinha, a despensa, as casas de banho e as arrecadações, ocupavam anexos nas traseiras. A cobertura de todos os edifícios era constituída por folhas de zinco.

Após os refrescantes banhos de chuveiro, instalámo-nos na casa de jantar, onde, em pequenas mesas, já se encontravam abancados os outros clientes, na maioria também chegados de Luanda. Como era habitual em Angola, de imediato entrámos na conversa geral e já toda a gente sabia que eu era um chefe de posto, estagiário, acabado de chegar de Lisboa, e que estava colocado na circunscrição da Damba.

Um dos mais faladores depressa se apresentou como sendo um antigo chefe de posto que há anos tinha deixado de pertencer ao quadro administrativo, já não sei se de livre vontade ou por demissão decorrente de processo disciplinar. E foi contando algumas peripécias da sua vida de funcionário, sobretudo dos anos em que estivera colocado no posto do Dirico, no extremo sul do Cuando Cubango, bem junto ao rio Cuangar, que serve de fronteira entre Angola e o saliente de Caprivi, no que era Sudoeste Africano e é hoje República da Namíbia. Era um posto isoladíssimo, distanciado centenas de quilómetros da sede da circunscrição, que era a povoação mais próxima, e nele não residia mais nenhum europeu.  Dizia ele que todas as manhãs, ao barbear-se e para ter a sensação de convívio com um patrício, risonhamente cumprimentava a sua imagem reflectida no espelho. Contou-nos, também, um episódio de que fora protagonista e que era muito falado em Angola. Em determinado ano da década de trinta, tendo-lhe sido negada a concessão da licença de seis meses na metrópole, a que se sentia com direito, resolveu vir mesmo de abalada até Lisboa, à revelia de qualquer autorização e sem conhecimento do seu próprio superior hierárquico, o administrador da circunscrição em que o Dirico estava integrado. Devido à distancia e as dificuldades oferecidas pela picada, lançada em terreno arenoso e que as viaturas automóveis só podiam vencer atapetando-se de capim os sulcos profundos deixados por viagens anteriores, passavam-se anos em que ao Dirico não ia o administrador. Só de longe em longe ali aparecia o delegado de saúde, para ver doentes e .fiscalizar o trabalho do enfermeiro encarregado do posto sanitário.

Para simular a sua presença no posto, preencheu o diário de serviço correspondente aos meses que planeara passar na Europa, fez a cópia de cada um deles que, acompanhada do oficio de remessa respectivo, devidamente datado, fechou em sobrescritos que colocou, por ordem de expedição, sobre a sua secretária e que o cabo de cipaios mandaria seguir para a sede da circunscrição no termo de cada um dos meses. Como o recenseamento anual já estava feito, a cobrança do imposto pessoal também praticamente concluída e o seu produto entregue na administração, não era de esperar qualquer comunicação do administrador que demandasse resposta urgente.

Tomadas aquelas providências, lá deixou o posto, atravessou o rio e depois, com o auxílio de funcionários administrativos sul-africanos, demandou o porto de Walvis Bay e ali embarcou com destino a Lisboa. Ao fim de seis meses passados em Portugal fez o percurso inverso e retomou as suas funções no Dirico, sem que ninguém da administração se tivesse apercebido da sua ausência. Da fidelidade dos cipaios e da conivência da população negra  esteve ele sempre seguro e só se veio a ter conhecimento desta peripécia ao fim de alguns anos e por ele próprio a ter revelado.

Outras histórias foram contadas e o serão decorreu com interesse para nós, novatos na colónia, que assim nos iamos iniciando na forma de viver das gentes do interior.

No dia seguinte, logo de manhã, teve início a viagem para a Damba, em velha camioneta destinada ao transporte de passageiros, de malas de correio e de carga diversa entre o Lucala e Maquela do Zombo, sede do então distrito do Congo a que a Damba  pertencia. Tratava-se da carreira quinzenal de camionagem explorada pelo velho Capitão Marreiros, que se fixara em Maquela após a passagem à reserva, que ocorreu no final da campanha de ocupação daquela zona do Norte de Angola e em que ele tinha tomado parte actíva.

Estava-se no fim da segunda guerra mundial e carros novos não se importavam em Angola. Por isso a camioneta já devia ter bem provecta idade, com a carroceria cheia de remendos provenientes de embalagens de lata, e portas em que alguns dos fechos eram substituídos por pedaços de ferrugento arame. Lá nos acomodámos o melhor possível, minha mulher e eu na cabina, ao lado do motorista Sousa, o Gasosas, como era conhecido em todo o Norte de Angola. Os outros dois passageiros acomodaram-se numa caranguejola armada na parte fronteira da caixa da carga.

Algumas avarias no caminho, estrada de terra com troços muito enlameados, obrigando o motorista a prodígios na condução, iam atrasando a marcha. Almoço em Samba Caju e jantar em Camabatela, sede do concelho de Ambaca. Estava ali colocado, como secretário, o colega de curso e bom amigo Queimado Pinto, com quem ainda tive tempo de matar saudades e trocar impressões sobre a vida que eu ia encetar e em que ele já estava integrado havia cerca de três anos. Passados vinte anos tive o prazer de lhe dar posse na categoria de inspector administrativo e em altura em que ele era governador do distrito do Huambo e eu desempenhava as funções de secretário-geral de Angola.

Continuou-se a jornada e, já noite velha, chegámos ao posto do Negage, onde dormiríamos. A locanda, a que se dava o pomposo nome de hotel, já tinha as portas fechadas. Chamado o encarregado, informou-nos de que não havia quartos disponíveis e que teríamos de nos acomodar na própria sala de jantar. Dada a presença de uma senhora, o gerente lá se resolveu a ceder-nos a sua própria cama, da qual saira para nos atender. Quarto sujo, que cheirava a pessoa mal lavada. Mas os lençóis foram substituidos e o sono e o cansaço não davam aso a grandes exigências. Quisemos lavar a cara, mas a bacia do lavatório, de duvidosa limpesa, levou minha mulher a procurar desinfectá-la com álcool a arder. Parece-me que ainda tenho nos ouvidos o rechinar da gordura acumulada nas manchas que ornavam a superfície interna da bacia. Resolvemos o problema deitando cada um de nós, aos poucos, água nas mãos do outro, e assim improvisámos a necessária lavadela. Noite dormida de um sono, pois a aspereza do caminho e a incomodidade do transporte tinham-nos deixado bastante carentes de repouso.

Reiniciada a viagem, entrámos, poucos quilómetros percorridos, na área do posto administrativo do Bungo, já pertencente à circunscrição da Damba. Passei a olhar com maior interesse as pessoas com quem nos iamos cruzando e as aldeias que se sucediam ao longo do percurso. Com estrada bem conservada e desenvolvendo-se em zona aplanada, depressa chegámos à sede deste posto e depois à do posto de 31 de Janeiro. Passada mais uma hora tínhamos atingido o termo da viagem, com a chegada à Damba, sede da circunscrição, onde fomos recebidos, com fraterna simpatia, pelo administrador Bicudo Costa e família, que já havíamos conhecido em Luanda. Ele ainda fora meu contemporâneo na Escola Superior Colonial, que frequentara como bolseiro de Angola, onde já exercia as funções de chefe de posto.

Como o secretário estava transferido para outra circunscrição, tinha sido acordado em Luanda, entre o director dos Serviços de Administração Civil, Dr. Manuel Figueira, o governador da então província de Luanda, Capitão Ferreira Martins, e o administrador Bicudo Costa, que eu ficaria a desempenhar as funções daquele, mantendo-se no posto de Camatambo o aspirante que ali estava colocado interinamente.

Damba---Sobas-copie-1.jpg

A iniciação na carreira

Por já  ter prática do exercício de funções burocráticas, adquirida na câmara municipal de Castelo Branco, depressa  me adaptei ao cargo e me iniciei na sua parte mais melindrosa e mais atraente: o contacto com a população africana.

Nunca cheguei, assim, a estar colocado num posto administrativo, mas passei a desempenhar, por inerência, as funções de chefe do posto sede da circunscrição que era, aliás, o que tinha a maior área e o mais povoado.

Depressa fui assediado com queixas e pedidos de resolução de velhas demandas, sempre ressuscitadas quando da substituição de uma autoridade. A parte que, quando de anterior resolução, se sentira prejudicada, voltava à liça na esperança de que o novo funcionário fizesse pender agora para si a balança da justiça. E assim fui entrando no conhecimento do direito costumeiro local e adquirindo a prática e a paciência tão necessárias na administração da justiça. Habituei-me a escutar, sem mostras de enfado, as longas e complicadas exposições das partes e das testemunhas, e a pedir a ajuda e o conselho de alguns dos sobas1 mais próximos, quase sempre o Kiala Talo, de Banza Mabubo, e o D. Fula Cabata, da Kianica, que funcionavam como assessores.

Para além das questões relacionadas com o direito consuetudinário, outras apareciam, de quando em vez, embora raramente, como alguns processos crime, nomeadamente de homicídio, que corriam pelo Tribunal Privativo dos Indígenas, com processos devidamente organizados e em que as penas aplicáveis eram as do Código Penal português, com recurso obrigatório para o Tribunal da Relação, quando ao crime correspondia pena maior. Ganhei apreciável prática nesta matéria, que muito me veio ajudar, anos mais tarde, quando administrei o concelho de Malanje e onde o serviço judicial ocupava grande parte do tempo do administrador. Mas nesse tempo já os Tribunais Privativos dos Indígenas tinham sido substituídos pelos Julgados Municipais, com acção sobre todos os grupos étnicos.

Mas foi nos contactos directos com a população, nas suas próprias aldeias, que melhor entrei no conhecimento das suas instituições e na compreensão da sua mentalidade. Sempre me norteou a ideia de que o funcionário administrativo que se limitava a desempenhar as suas funções sentado no gabinete de trabalho, estava a falsear a sua missão, a transformarse num simples burocrata , deixando de ser o verdadeiro homem de acção que a natureza do cargo impunha. Sentia que a minha actividade se banalizaria, cairia na rotina, que teria de me enfronhar na tirania dos papeis, pondo de lado aquilo que a carreira administrativa tinha de mais útil e mais aliciante: o viver com e para as populações do território que me estava confiado, visitando-as no seu habitat natural, para conhecer as suas necessidades, para ajudar a resolver os seus problemas, para observar o estado das suas culturas, para verificar como as ordens e as instruções estavam a ser cumpridas. E ainda como secretário de circunscrição e no desempenho das funções de chefe do posto sede, os trabalhos do recenseamento para o pagamento do imposto pessoal, que ocorreram nos três anos em que exerci aquele cargo, corresponderam a verdadeiras campanhas de investigação antropológica, conjugadas com as tarefas específicas do recenseamento.

Nunca aprendi tanto em Angola e tão depressa como nas semanas seguidas em que, nas épocas secas daqueles primeiros quatro anos da minha carreira de funcionário administrativo, tive de percorrer, a pé, toda a área do posto sede, no cumprimento daquela missão. Nesses percursos a pé, que no fim do recenseamento totalizavam algumas centenas de quilómetros, fui‑me familiarizando com o ambiente natural, ficando a conhecer perfeitamente a orografia, a hidrografia, o revestimento vegetal, a fauna, as técnicas agrícolas tradicionais e o seu impacto nos diversos ecossistemas e até as técnicas utilizadas no lançamento das pontes pênseis que asseguravam a ligação entre as margens dos cursos de água mais largos e de maior caudal.  Nas paragens nas aldeias, para a notação dos dados demográficos e económicos, ia também observando e registando tudo o que respeitava à forma de vida da população, desde o tipo de povoamento, a organização do espaço social, as tecnologias usadas na construção de casas, celeiros e abrigos para animais domésticos, o vestuário, os penteados, as tatuagens, as deformações étnicas. Até entrei no conhecimento prático das mezinhas para tratamento de algumas doenças.

Estou a lembrar-­me de ter sido atormentado, ao fim de um dia de intenso trabalho, por forte dor de cabeça e já não ter comigo nenhum analgésico. Logo que se apercebeu da situação, o soba Malungo, do Huando de Baixo, cuja sanzala eu estava a recensear, ofereceu‑me umas pequenas vagens de cor acastanhada, dizendo que queimasse uma delas e inalasse o fumo .Assim fiz e a dor de imediato abrandou. Tratava‑se do fruto da planta que, no dialecto quicongo se denomina mukua e cujo nome botânico é Xilopia aethiopica(1) ( Dunal ) A. Rich.É uma árvore frondosa que produz vagens denominadas kua‑kua entre a gente do Congo. Associadas a outros frutos ou a folhas de outras plantas, em unguentos ou em decocções, servem de analgésico em mais de um tipo de dores. Vim depois a entrar no conhecimento de outras plantas usadas como mezinhas para a cura ou alívio de várias doenças e sob diversas formas de aplicação Fui anotando as designações, no dialecto quicongo, de vinte plantas medicinais(2), e vim mais tarde a apurar os nomes científicos da maior parte delas, apoiando‑me, preferencialmente, no mais completo trabalho de investigação sobre plantas de Angola a que tive acesso, da autoria do botânico de origem inglesa John Gossweiler, que se fixou em Angola cerca de 1908.

(1)– Cf. MARTINS, Manuel Alfredo de Morais – Contacto de Culturas no Congo Português – Centro de Estudos Políticos e Sociais, da Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa 1959. Pags. 39/41.

(2)– Foi contratado no tempo do governador-geral Henrique de Paiva Couceiro para implantar e dirigir  a manutenção dos jardinsdo Governo-Geral e faleceu em Luanda na década de 50. Durante cerca de quatro décadas exerceu as funções de botânico dos Serviços de Agricultura, tendo-se dedicado ao estudo das plantas de Angola. Organizou herbários e redigiu relatórios de grande valia científica e publicou notáveis trabalhos de investigação, como aquele a que aludi no texto e que, sob o título deNomes Indígenas das Plantas de Angola, faz parte do Nº. 1 (1953) da revista AGRONOMIA ANGOLANA. Está dividido em duas partes, contendo a primeira a Lista dos Nomes Indígenas e a segunda a Descrição das Espécies, com índice alfabético dos nomes científicos. A revista era editada pela Repartição Central dos Serviços de Agricultura de Angoa.

 

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