O meu grito: “Basta a humilhação ao povo do Uíge”

Por Miguel Kiame

LUANDA, 15/10720 (wizi-kongo) – O povo do Uíge está entristecido, abalado, desolado, profundamente atingido no seu âmago. Perdeu um dos seus melhores filhos, porque não dizê-lo, o melhor no exercício da actividade política e governativa. O povo do Uíge está em estado de choque, a sentir-se desfalecer de desilusão e nós, mindamba, particularmente desconsolados e traumatizados porque esfumaram-se as esperanças de dias melhores para o nosso tão sofrido povo.

Esperava-se, com a maior naturalidade, que por respeito ao Luther Rescova, à sua memória, por respeito à dor inconsolável da Família, ao estado de desespero que se abateu às populações recônditas do Kwilo Futa, Buengas, Milunga, Kimbele, Bembe, Damba, … que tinham no jovem político a luz no fundo do túnel para o desabrochar das suas vidas e o renascimento de expectativas de evolução, anos a fio, negadas e bloqueadas, que os nossos detractores baixassem a guarda, reprimissem suas insanas paixões insultuosas ou disfarçassem um vago sentimento de piedade.

Inversamente, estão a aproveitar o momento, na sua plenitude, para amordaçar mais, achincalhar melhor e humilhar com visos de requintes sofisticados, próprios de verdugos especializados que se enchem de satisfação e delírio perante a dor alheia, não se cansando, por isso, de juntar ao contexto mais elementos e ingredientes para que a dor e o sofrimento sejam ainda mais pungentes.

Muitas vozes já se levantaram a denunciar essa macabra situação de humilhação pública dos povos do Uíge, em particular, e dos Bakongo em geral. Quero abertamente associar-me a essas vozes e gritar com todas as minhas energias: BASTA DE HUMILHAÇÃO!!!

Se ontem foi graças à grosseria de anedotas assassinas que nos conferiram o título de canibais;

Se ontem foi com o acumular de ódios infundados, desrespeitando, contundentemente a unidade nacional que se engendrou, selectivamente, a sexta feira sangrenta;

Se ontem foi com adopção de políticas súbtis de desalinhamento progressivo que permitiram até hoje a manutenção do estado de depauperamento galopante das populações Bakongo;

Hoje, em pleno óbito do seu querido Filho, afinam-se as teorias que colocam os Bakongo como os detentores implacáveis do FEITIÇO que silencia e mata com a celeridade e eficácia que até assustam a própria COVID-19;

Hoje, em pleno óbito do seu jovem, verdadeira lareira do seu coração, tragicamente desaparecido, querem nos dar de beber o veneno que jamais produzimos;

Ontem e hoje, por que se escamoteia, intencionalmente, o poder satânico e fulminante do FEITIÇO ovimbundo, umbundo e doutras regiões de Angola? Por que razão tender a arremessar esse FEITIÇO (ovimbundo, umbundo e doutras regiões de Angola) fora do seu contexto asqueroso e revesti-lo de uma capa inofensiva? Por que só se enaltece com uma subtileza de linguagem peculiar e com brutal cinismo maníaco o FEITIÇO bacongo?

O que se pretende dos Bakongo? Por que essa guerra sórdida, esse recôndito sentimento de ódio que se perpetua?

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