O Surgimento e o Fim do MINA 1956 – 1960

Adriano João Sebastião e Manuel Pedro Pacavira entre os fundadores do MINA.

Por Cardoso Profeta Gambôa

Conhecido no início como Movimento “Pró – Independência Nacional de Angola”, na  verdade foi um Grupo de Jovens Patriotas, na sua maioria estudantes do Ensino Secundário do Colégio das Beiras e Escola Industrial de Luanda que desde os anos de 1956/57, vinham confabulando e a pensar nos caminhos que os levaria a envolver-se de peito aberto na Luta de Libertação Nacional, mesmo prevendo os riscos das suas próprias vidas…

E que no decorrer de 1958 se constituiram em Movimento denominado “Pró – Independência Nacional de Angola”, havendo uns provenientes e/ou somente com vínculos afetivos que os prendiam à Formações e Denominações Politicas, que viriam a ser presos mais tarde durante o ano de 1959…

Algumas actividades desenvolvidas pelo MINA de 1957 a 1958:

1° Campanhas discretas de alfabetização, educação massiva e mobilização, através de manuais e textos políticos que iam aparecendo e panfletos que foram sendo recopiados e distribuídos;

2° Estabelecer contatos com as camadas dos Musseques então chamadas de “Mais Baixas” sendo o Alvo Preferencial:

a) Os Contratados chamados Bailundos;

b) Os Criados e outros Empregados Domésticos nas casas dos Senhores Brancos – na sua maioria de Kalulu e Kibala;

c) Os trabalhadores Negros nas Fábricas e nas Obras de construção Civil (pedreiros, carpinteiros, serralheiros, homens esforçados na Kimbangula – na sua maioria de Catete, Caxito, Barra do Dande e Malange;

  1. Jovens empregados das oficinas gráficas, escritórios, contínos de serviços públicos e estafetas – na sua maioria Filhos de Catete, Ambriz, Ambrizete e Malange;

# Estes foram os aderentes que tão depressa se prontificaram a disseminar por toda a parte a Boa Nova e os ideais que a breve trecho incendiaram dai em diante por Boa parte de Angola.

3° A perspectiva de Ações Militares e Sabotagem tornou-se numa opção irreversível e numa prioridade no seio do Grupo;

4° Estabelecer Contatos com Figuras Religiosas Importantes;

a) De salientar o apoio importantíssimo de alguns Pastores, Padres e Reverendos;

5° Estabelecer Contactos com os “Mais Velhos” da Função Pública, onde o Nacionalista: Adriano João Sebastião, jogou o “Papel Importantíssimo”

a) Na altura ser figura de Topo na Sociedade Negra, muito conhecido e respeitado como Professor na Escola da Missão Evangélica e resoluto Patriota nas suas disposições perante a situação a que todo o homem Negro estava sujeito;

b) Detinha relações com proeminentes figuras como:

# Eng. Amílcar Cabral

# O escritor Viriato da Cruz

# O escritor Mário António

  1. Fora os laços de Amizade que o prendiam ao Dr. António Agostinho Neto desde o CEJA (Centro Evangélico da Juventude Angolana), durante os anos 40.

Foi no decorrer de 1959 que o MINA ganhou mais força e o verdadeiro corpo de Movimento de Libertação Nacional:

a) Vários Grupos na Clandestinidade, dentre eles o Movimento dos Pausinhos liderado por: Cardoso Sebastião Gambôa, Adriano Domingos de Lemos, Adão João Cortez e Pascoal Domingos Sebastião se tornaram uma Força Conjunta;

O MINA, começou a desenvolver planos mais ousados, tendo justamente em conta as prisões em Massa que estavam sendo levadas a cabo pela PIDE e as torturas que estavam sendo sujeitos os Presos Políticos desde 29.03.1959.

Em Novembro de 1959, a realização em Luanda de uma Conferência Internacional de Trabalhadores (O.I.T), integrando delegações de Países de África já Independentes como Ghana e Guiné Conacry e outros em luta pela Independência, agitou ainda mais a direção do MINA.

Ainda em 1959, foi intensificado:

a) A mobilização através de Panfletos;

b) Reuniões Massivas;

c) Os Batismos pelos Pausinhos;

d) Aquisições de Catanas;

e) Aquisições de Armas;

f) E a importantíssima aproximação a UPA.

Criando desta forma uma Força Conjunta e Coesa com o objetivo da Invasão as Cadeias e a Libertação dos seus Líderes, no final de Dezembro de 1959 e/ou até Maio/Junho de 1960.

Para espanto de muitos e de forma quase inexplicável, em Janeiro de 1960, houve uma Reunião com alguns Membros do Elenco Diretivo do MINA, onde o Tema foi:

# Plano de Reestruturação do MINA e do seu Elenco Diretivo.

Como resultado da mesma, durante o 1° semestre de 1960, surge o Fim do MINA, pois converteu-se na 1° Comissão Diretiva do MPLA – conforme consta na menção do Dr. António Agostinho Neto, na Sessão de Encerramento do 1° Congresso do MPLA que teve lugar em Dezembro de 1977.

Honra e Glória aos nossos Nacionalistas do MINA, UPA, Movimento dos Pausinhos e Outros que direta ou indiretamente deram o seu contributo na Clandestinidade para a Luta de Libertação Nacional…

Os Nacionalistas do “Grupo dos 36” começaram a ser Encarcerados pela PIDE em Março de 1959;

Após Julgamento fizeram o seguinte trajeto:

# 16.02.1961 desterrados para a Cadeia da Colônia Penal do Bié;

# 05.05.1962 desterrados para o Campo de Concentração do Missombo (Kuando Kubango);

# 03.01.1968 desterrados para o Campo de Concentração do São Nicolau;

No julgamento houve muitos outros Nacionalistas mais apenas ” 36″ foram acusados de Terroristas, Altamente Perigosos e indivíduos com má influência para coabitar com os demais razão pela qual foram desterrados e sofreram torturas insólitas.

Sob Liderança de Cardoso Sebastião Gambôa nenhum Membro do “Grupo dos 36” sucumbiu nos calabouços.

Lista dos membros do Grupo dos 36:

1° Adão João Sebastião Cortez

2° Adriano Domingos de Lemos

3° Adriano João Sebastião

4° Adolfo João Pedro

5° Alberto Fonseca da Conceição

6° Bernardo Adão Francisco

7° Bernardo Joaquim da Silva

8° Cândido Fernandes da Costa

9° Cândido Tavares Pimenta

10° Cardoso Sebastião Gambôa

11° Celestino Sebastião Gambôa

12° David Bernardo de Eça Queiróz

13° Domingos Luís Serafim

14° Domingos Damião Neto

15° Fernando Coelho da Cruz

16° Fernando António Pinheiro

17° Francisco Bernardo Horácio

18° Frederico Luís Colombo

19° Humberto Fernandes da Costa

20° João Pedro Andrade

21° João Domingos da Gama

22° Jaime Madaleno da Costa Carneiro

23° Júlio Sebastião Manuel Gambôa

24° Manuel Pedro Pacavira

25° Manuel Augusto da Silva Coelho

26° Manuel Roela Sebastião

27° Mariano Sebastião Gambôa

28° Pascoal Domingos Sebastião

29° Pascoal Pedro da Gama

30° Pascoal André Félix Makueria

31° Paulo Domingos Velasco

32° Pedro Adão Cristóvão

33° Pedro Manuel

34° Rodolfo da R. Bernardo

35° Salvador Ferreira de Almeida

36° Sebastião da Silva Pinto

 

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