Os bakongo e a filosofia de MBAZI-KU-MBONA[1] (MBĂZÍ ISÍNGÁ KUÍZÀ… PROCRASTINAÇÃO)

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Por Mpanzu Abílio

As línguas desenvolvem com o tempo, é de conhecimento de todos nós. O objectivo principal ou seja a utilidade da lingua é COMUNICAÇÃO. Se certas expressões na língua se tornarem enigma para a nova geração (“códigos “– só para o entendimento dos iluminados), precisamos de adaptar a língua. Caso contrário a língua corre o risco de se tornar meramente língua ceremonial como o Latim para os sacerdotes católicos. Não queremos que isso aconteça com o nosso Kikongo.

Não devemos tomar as coisas como garantidas. Precisamos ser pragmáticos como o Inglês (Não sou fanático dos Ingleses. Mas há um ditado em Kikongo que diz: ”Nzo A Mbote;… Bakilwa Lutezo…”[podemos aprender da experiência dos outros] ). O estoicismo do Inglês é muitas vezes criticado. Mas há um lado positivo a ele. Algumas expressões inglesas normalmente provam isso. Exemplo: “Dê-me uma resposta, por favor, não desperdice o meu tempo …”, “time is money…”,”A vida é muito curta…”. Benjamin Franklin (ex-presidente dos Estados Unidos) disse: “só havia duas coisas certas na vida: A MORTE E OS IMPOSTOS”.

VOLTEMOS DE NOVO À HISTÓRIA DO KING JAMES BIBLE.

Devido à falta de palavras equivalentes em Hebraíco, em língua Inglêsa, os peritos das universidades de Oxford e de Cambridge, tiveram que cunhar novas expressões “paráfrase explicativa”. A língua Inglesa é da família de línguas Germânicas. O Hebraíco pertence ao grupo de línguas Cananitas. Não poderia haver transliteração. Tiveram que inventar novas palavras/expressões na língua de Shakespeare para que o povo pudesse entender o conceito hebraíco.

PERMITA-ME FAZER PROPOSTAS PRÁTICAS PARA O FUTURO DO KIKONGO

Tradicionalmente nós Africanos não somos pragmáticos; Conversamos muito e damos boas idéias. Mas, para colocá-las em prática, leva muito tempo e às vezes simplesmente desistimos de bons projetos.

1. A primeira pergunta que o Mukongo amante de sua língua materna deveria se fazer é a seguinte: “Será que há garantia [quem garante!] de que o Kikongo de Angola nunca será corrupto? (pense na influência que o Lingala tem no Norte de Angola[qual será a situação daqui há 30 anos!)” Deseparecer NUNCA VAI…Mas a bíblia diz, o sal se perder o seu sabor não vale para nada. Corremos o risto de falarmos o KIKONGALA (Kikongo lingalazado) no norte de Angola, no futuro.

2. Duvido que os Bakongo citadinos (quer dizer os pais nascidos nas décadas 1950/1960), tenham filhos e filhas que falam Kikongo.

3. Vamos todos fazer a matemática básica (estatística e probabilidade). Por exemplo: se num districto estiverem a viver 1000 casais Bakongo(falante de Kikongo) da geração dos 1950/1960, cujos filhos/filhas não falam a língua Kikongo. Depois desta geração(os pais) toda passar desta vida, quantas pessoas falarão Kikongo entre os descedentes Bakongo neste districto? A resposta é muito simples: MPAVALA. E isto não deve ser uma preocupação para quem diz que é Mukongo de gema?

4. Estamos a falar dos citadinos, porque os que vivem nas cidades principais é que têm à sua disposição; tecnologias e outras facilidades em termos de comunicação de massa.

[1]: A minha mãe cunhou esta expressão, que foi o apelido que ela deu ao inquilino da casa do tio dela no exílio. O homem sempre adiava o pagamento mensal da renda, que a mãe deveria encaminhar ao seu tio que já se encontrava em Angola. Sempre que a minha mãe fosse pedir-lhe a renda, o homem respondia: “Mbazi Si Ngiza Kuna Nzuaku, Ye Futa Nzimbu…” Isto é para dizer que há espaço para cunhar novas expressões/palavras para o Kikongo moderno, do próximo século 22.

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