Por SAMBA TOMBA Justes Axel (1)
Introdução:
Desde o início do comercio transatlântico para a Europa no século XV e para as Américas no século XVI cujo Brasil, muitas teorias racistas sem fundamentos científicos ou para dizer melhor preconceitos sobre a pele preta e suas características físicas, foram elaborados pelos homens negreiros e instituições a favor desse comercio para sustentar ou justificar esse crime de ódio. Entre esses preconceitos sobre o homem
preto, há o seu cabelo crespo que foi e que é considerado até agora, inadequado, de inferioridade, sinônimo da incapacidade para fazer a educação superior. Esses preconceitos sobre o cabelo crespo dos afrodescendentes brasileiros para não ter acesso à universidade continuaram até 2003, quando a situação começou a se melhorar e até em 2012, quando foi implantada a política das cotas dos afrodescendentes. Então, o que se trata finalmente desses preconceitos e quais são as novas perspectivas no ensino superior brasileiro? Vamos trabalhar com essas questões nas linhas seguintes.
I- Pequeno histórico dos preconceitos sobre o cabelo crespo no Brasil
‘’ O uso da alienação cultural como arma da dominação é velho como o mundo, todas as vezes que um povo conquistasse outro, ele usou isso’’ (ANTA DIOP, 1956, p.10).
Através essa citação, nós compreendemos que o primeiro passo da dominação de um povo é seu espírito, sua mentalidade. Uma vez que isso é conquistado, o resto é simples.
Do mesmo, esse pensamento nós interpela a cuidar-se, a aceitar nossa identidade física, cultural para poder se afirmar e guardar nossa independência integral como seres humanos.
Tudo começa em 1468, quando o rei de Portugal deu o direito aos comerciantes portugueses para importar os escravizados africanos nas plantações do sul de Portugal e nos serviços domésticos. Em seguida, essa medida vai ser reforçada pelos ‘’decretos’’ do papa Nicolau V(1454), Calisto III(1456) que pediram aos portugueses sendo fervorosos católicos, a fazer uma guerra contra os injustos e reduzir em escravizados os nãos cristãos.
Ademais os asientos dos reis de Espanha Fernando ‘’ O católico’’ em 1510 e do rei Carlos Quinto em 1518 para a importação maciça dos escravizados africanos nas colônias espanholas da América desempenharam esse papel d início da tragédia, do crime contra o homem preto africano.
Daí, muitas teorias preconceituosas criminais, foram inventadas como o ‘’ Código Negro’’ de 1686 de Luiz XIV que considerava a pele preta igual a um escravizado e a um móvel. E que todas suas características físicas dele eram más. Além disso, os negreiros estabeleceram uma política de miscigenação para fazer desaparecer a cor preta. Para as mulheres pretas, precisava fazer tudo para parecer como uma branca. Do mesmo para os homens.
Então, o preconceito sobre o cabelo natural e crespo começou por este processo, esquecendo toda estética própria africana dos cabelos pelos africanos, pois os racistas colocaram a ideia em escravizados africanos, que os cabelos naturais e crespos eram maus, animais, símbolo de inferioridade. E muitos pretos alienados, culturalmente aceitaram essa ideia.
O trabalho de Frantz Fanon (1952) mostrou como, na sua relação da submissão ao homem branco, o antilhano internalizou a vista desumanização do senhor dos escravizados e em seguida, se colocou admirando os traços principais desses senhores e rejeitar o seu. Fanon (1952) mostrou como o dominado e contra si mesmo pode ser entendido à luz da opressão do dominante.
Em seu livro fundador “Pele Preta, Cabelo Crespo. A história de uma alienação’’ (2005), Juliette Smeralda, socióloga martinicana explicou que a escravização correspondeu a um período de mau tratamento do corpo, de higiene e o desaparecimento de ‘’ toda estética africana’’.
Em outras palavras, os negreiros e os racistas impediram aos africanos nas Américas, o ‘’ tempo cultural’’ durante o qual eles cuidaram seus corpos e arrumaram seus cabelos naturais e crespos. Como consequências: o desaparecimento das tradições africanas da beleza.
Assim, as mulheres escravizadas esconderam sob os lenços seu cabelo, o qual os brancos designassem em termos muitos pejorativos como ‘’ juba, lã, crina de cavalo’’, fazendo alusão à animalidade e à selvageria.
Já a corrente Iluminismo (XIX) na sua suposta diferença ontológico, dizia que o corpo preto que, supostamente não continha nenhuma forma de consciência, nem tinha nenhuma das características da razão ou da beleza.
Consequentemente, ele não poderia ser considerado um corpo composto de carne com dele (do branco), porque pertenceria unicamente a ordem de extensão material e do objeto condenado à destruição e a morte. A centralidade do corpo no cálculo da sujeição política explica a importância dada, ao longo do século XIX, às teorias da regeneração física, moral e política dos pretos.
Além disso, cruzando no navio durante a travessia do oceano Atlântico, a nossa atenção é focada em vários estados do corpo dos deportados Africanos. Eles foram nus, acorrentados e chicoteados. Desnudar os deportados, no verdadeiro sentido do termo, nós levamos a argumentar que os senhores dos escravizados realizaram um trabalho de “descivilizar’’ ‘’o sujeito”. Estando nu no navio, o deportado, inconscientemente, entendia que a educação do corpo (e tudo o que foi recebido da civilização, a espécie
humana, o seu legado) não é viável em contato com os brancos.
Encadeando os prisioneiros, comerciantes dos escravizados procuram a sua retificação, a transformação do “Eu” em “isso”. Portanto de uma pessoa em uma coisa. A cadeia é então concebida como uma obra de ‘’não identificação’’. Assim, através do tratamento do corpo dos deportados, mercadores dos escravizados queriam destruir a sua herança, sua identidade e o seu futuro. Havia como objetivo, a sua morte psíquica.
As codificações raciais e sociais: a segregação, a discriminação e valor social também, a construção do casal negro/feio na sociedade americana e europeia e nas sociedades coloniais; E a evolução da binômia inferioridade/feia entre Africano-americano população negra, africano do Caribe, que levaram as transformações do corpo mais ou menos dolorosas e perigosas para a saúde seguindo o padrão europeu. Essa sujeição física e moral do preto levaram em certas partes do Novo Mundo, a repressão da
memória da escravização pelos próprios afrodescendentes. Essa negação é simultaneamente uma recusa de reconhecer a própria ancestralidade e uma recusa a lembrar de um ato que provoca sentimentos de vergonha.
Ademais, o fato de morar juntos com as pessoas preconceituosas, os afrodescendentes acabaram a aceitar a ideia de que os seus cabelos foram inadequados, difíceis a pentear ou a cortar e que eles deveriam dominar essa característica de cabelo duro. O escritor tunisiano- franco Albert Mimmi em seu livro nós diz que:
‘’ A primeira tentativa do Colonizado é mudar a condição, mudando a pele. Um modelo tentador muito próximo se oferece e se impõe a ele: precisamente o do colonizador. O excesso nessa submissão ao modelo já é revelador. A mulher loira, ainda que insípida e comum em seus traços, parece superior a toda morena. O casamento misto é-nos mais audaciosos, o termo extremo desse impulso’’. (MIMMI, 1963, PP.162-163).
Assim, começou a ideia de alisamento do cabelo natural e crespo ou colocar as perucas.
II- Os preconceitos sobre o cabelo crespo na educação superior brasileira
No Brasil, após a abolição oficial da escravização em 1888, a vontade política e a mentalidade social escravista que consistiam a afastar o afrodescendente da esfera acadêmica básica, fundamental e, sobretudo superior ficaram a mesma.
Esse afastamento do afrodescendente do ensino superior foi justificado pelos preconceitos sobre a pele preta e o cabelo dele que é crespo, marca ou sinônimo de menos capacidade cognitiva, de não inteligente, não capaz para fazer estudos superiores, segundo a mentalidade preconceituosa.
Então de 1888 até 1933, poucos afrodescendentes pretos ou mestiços fizeram estudos
superiores, pois já desqualificados socialmente.
Esse preconceito sobre o cabelo crespo do afrodescendente brasileiro no ensino superior reforçou-se em 1934 com os mecanismos da constituição daquele ano em seu artigo 134-b que dizia: “Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos das leis(…) estimular a educação Eugênica”.
Por esse artigo, nós entendemos claramente que os afrodescendentes, que sejam de uma família média ou baixa não tiveram muitas chances para ter acesso ao ensino em geral e sobretudo o ensino superior naquela época, pois eles não faziam parte da cor eugênica, a cor branca, a única cor capaz para estudar.
Essa exclusão do afrodescendente da educação superior foi estática mesma nas novas constituições de 1937 e 1946.
Só a partir da constituição de 1967 no tempo da ditadura cívico militar capitalista que essa disposição eugênica foi retirada oficialmente nos direitos, mas de fato, na prática, a maioria dos afrodescendentes não foi aceita nas instituições superiores da educação do país.
O caso das Universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira Universidade brasileira e a de São Paulo (USP) que foram e são até hoje em certa medida reservadas às famílias das elites.
A partir daí, o fato de alisar cabelo para os afrodescendentes aumentou em grandes números para tentar ter uma entrada acadêmica superior. E precisa acrescentar o clareamento da pele na esperança de ter uma vaga nas universidades seja como aluno, trabalhador administrativo e mesmo doméstico (jardineiro/a, faxineiro/a).
No Brasil, alisar o cabelo crespo para os afrodescendentes pretos ou mestiços, tornouse um verdadeiro desafio para os homens, e tornou-se um símbolo de beleza para as mulheres pretas.
O valor da beleza, da inteligência ou de aceite nas universidades de uma/um afrodescendente no Brasil se reconheceu através dos critérios de olhos azuis, cabelo liso, pele branca.
Sabe-se no Brasil, a observação é que 70% dos afrodescendentes pretos tem cabelo liso, enquanto as características físicas não correspondam a esse tipo de cabelo.
Através da prática de alisamento do cabelo crespo, trata-se de subtrair o cabelo à tirania do olhar que penaliza socialmente. Crespo é ser sinônima de desgraça, imperfeição, ruralidade, a falta de refinamento, etc., em seguida, o cabelo deve desaparecer atrás de uma suavização que há pouco, não era infalível como é hoje. A publicidade, como já foi dito, agora, eixo propagandista sobre o fato de que as mulheres pretas já não temem umidade, faz alisar seu cabelo. Elas agora podem nadar no lazer, e
ser fisicamente ativas como quiserem, sem temer por sua fachada social. Sem medo de que a mãe natureza desempenha um truque com ele (cabelo). A invenção do alisamento a frio, de fato, revolucionou a prática de suavização agora irreversível.
Alisamento não foi mais um “princípio burguês”, cujo desafio é escapar do que tem sido apresentado como uma condição degradante: o sinal de que todas as condições de identidade digna desse nome, porque o jogo é um sentimento de uma nova liberdade confere prestígio social ao portador. O alisamento não é na concepção burguesa de cultura, uma operação trivial, de fato. No inconsciente ocidental brasileiro está associada a limpo suave com o estimável. Um cabelo não alisado pode até mesmo ser
em algumas áreas da atividade social, designado a uma falta de higiene. O corpo recuperado pela cultura burguesa ocidental é liso, claro, simples, sem solavancos, sem buracos. O cabelo deve ser suavizado; o cabelo natural e crespo, lembrando o animal ou incivilidade deve ser domesticado.
Essa prática de alisamento foi e ainda é uma verdadeira aceitação de inferioridade inconsciente e uma alienação cultural e física que os racistas vejam em pretos.
Alias, a UNESCO classificou o ‘’Alisamento do cabelo natural e crespo’’ entre as sequelas psicológicas da escravização Atlântica segundo a socióloga Smeralda.
Naquela época dos anos 70 até no início dos anos 80, um afrodescendente brasileiro em geral, não pôde sonhar ser um professor nas universidades.
Assim a “democracia racial” evocada por Gilberto Freyre (1900-1987) onde todo mundo (Pretos, Brancos, Indígenas) vive em paz, harmonia e que a desigualdade é por causa do problema social, foi uma ideia falsa. Pois, nós entendemos que a desigualdade é por causa da pele, da origem ou da etnia.
Apesar da volta da democracia em 1988 com a nova constituição, os afrodescendentes que tiveram cabelo crespo e pele escura, encontraram e ainda encontram hoje, uma boa parte, obstáculos para ingressar nas universidades, sobretudo nas universidades federais conservadoras que ficam nas cidades estratégicas.
Hoje no ensino superior, nos muitos casos, quando um afrodescendente tiver cabelo crespo, os mais conservadores racistas o olham muito mal e pedem-lhe a dar a ‘’cuidar do cabelo’’. Ou seja, seus amigos pedem-lhe a alisar cabelo para ser lindo e aceito por amigos segundo eles. O que provoca uma exclusividade da educação superior brasileira, majoritariamente reservada à elite branca.
Às vezes, tem casos nos quais os agentes administrativos durante entrevistas para ser recrutado em uma função administrativa na Universidade, pedem do jeito indireto ao entrevistado que é um afrodescendente com cabelo crespo para alisar cabelo. Hoje com o fim oficial da escravização nas Américas, por exemplo, há ainda preconceitos sobre o cabelo crespo no Brasil, que dizem indiretamente que ‘’o cabelo natural e crespo não é profissional, sofisticado, não é normal’’. Pois, precisa entender que no Brasil, o racismo é institucionalizado segundo um relatório da ONU publicado em 2014.
No Brasil “o racismo é escondido, subtil, nunca assumido (…)” segundo o escritor Cleusa Turra.
Esses obstáculos dos afrodescendentes brasileiros para não ingressar nas universidades públicas é uma das causas de 6 milhões dos domésticos no Brasil, ocupando o primeiro lugar na classificação do emprego, a maioria preta.
Esse emprego doméstico é o meio de trabalho para uma boa parte dos afrodescendentes brasileiros que não tiveram acesso à universidade e a educação em geral.
III- Novas perspectivas no ensino superior brasileiro
A partir de 2003 até em 2015, começou uma política da construção de várias universidades públicas cerca de 17 universidades públicas e cerca de 400 institutos federais para facilitar uma educação superior inclusiva seja para os afrodescendentes brasileiros que queriam ser alunos ou professores.
É a partir de 2012, foi implantada oficialmente a política das cotas nas universidades públicas para os afrodescendentes.
Essa política das cotas é um mecanismo jurídico administrativo que dá 50% das vagas aos afrodescendentes no ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio).
Essa nova perspectiva é uma boa iniciativa, pois ela é inclusiva na medida em que ela permite a todos os afrodescendentes, que tenham a pele preta escura e cabelo crespo ou liso, rico ou não, para ingressar como alunos.
Mas apesar disso, os anti cotas continuam a criticar esse sistema, do fato para eles favorecem só a gente por causa da pele e não do mérito ou da situação social de cada um. E daí, vários atos do racismo dentro das Universidades entre racistas e afrodescendentes.
Precisa dizer também que desde oitos anos, vários afrodescendentes brasileiros organizados nos coletivos pretos tomam consciência para não alisar mais cabelo crespo.
Esse movimento que eles chamam de “Cabelo Afro”. Essa pequena consciência do cabelo crespo começou há muito tempo nos anos 90 nos outros países.
Nos Estados Unidos, um movimento político em nome de Black Power lançado em 1996, desenhou uma nova estética afirmando que ‘’Black is Beautiful’’ (Preto é bonito), criando o modelo ‘’Afro’’.
Emblemático do movimento, o modelo ‘’ Afro’’ adotado tão em África que nas Antilhas e nas Américas em geral, foi usado pelas personalidades políticas ou artísticas como Davis, Jackson Five, Otis Redding ou Diana Ross. O cabelo natural e crespo entrou na cultura popular mundial. Atrás desta tendência, se esconda um engajamento, uma tomada de consciência de si. Esse novo movimento aqui no Brasil toma suas origens daquilo dos Estados Unidos. É um renascimento da ideologia do movimento.
Segundo uma pesquisa feita pela agência de “marketing étnico” Ak-a-datant de 2010, as mulheres da pele preta e mestiça podem gastar cinco a oito vezes mais por seus produtos de beleza que as suas “irmãs” caucasianas. Há dois anos, o World Retail Congress África, o mercado de beleza afro e africana foi avaliado em 6,93 bilhões de euros, com um aumento espetacular de 10% por ano no mundo. O crescimento das classes medias e populações no mundo hoje, justificam grandes investimentos no setor
de gigantes da indústria, incluindo o número um, a Unilever.
Esconder perigos e marcas para evocar a “vaidade” e “imaginação” dos alguns afrodescendentes para justificar a sua capacidade facilmente para pagar esses loções, não ajuda. Nenhum fala dos perigos. Entretanto foram registrados na França pelo Ministério da Saúde (lasantepourtous.com). Loções de alisamento podem conter hidroquinona, que causa a erupção de espinhas; cortisona, o que pode causar o
aparecimento de acne, estrias e promovem hipertensão; ou mesmo compostos de mercúrio causando câncer de pele.
Outros estudos associam a prática de alisamento a outras doenças. Eles dizem que alisar o cabelo cada vez, causa aparência de miomas uterinos e a puberdade precoce como notifica o Jornal norte americano de Epidemiologia do 9 do setembro de 2011 de Boston.
Algumas poções vendidas na rede ou nos mercados não especificando a sua composição de alisamento de cabelo, são tão perigosos.
“É geralmente combinado ácido creme antes de espalhar a mistura que permite o couro cabeludo e penetra na pele” disse Nadeen Mateky, uma cabeleireira africana. Estes ácidos são muito prejudiciais. As mulheres que constantemente alisam cabelos desenvolvem doenças como a alopecia: em alguns lugares, o cabelo cai para fora e não voltar a crescer.
Ter seu cabelo natural não deve mais fazer mal e não deve mais ser um obstáculo na vida das mulheres afrodescendentes que fizeram a escolha, porque hoje essa revolução é uma escolha. A escolha para alisar o cabelo ou não, para usar longo ou curto cabelo, seguindo o exemplo de uma mulher com cabelo europeu, que também ama novo perfil.
“Este é o começo do retorno da honra da mulher Africana (afrodescendente também). Ela sente nenhuma obrigação de ter o cabelo perfeitamente reto para se sentir bonita. Nós podemos ter o nosso cabelo e orgulhosamente andar na rua” disse Mary Grace Agboton, no blog A Vida Simples de Mg.
Sabe-se nas sociedades africanas tradicionais e mesmo modernas, o cabelo natural e crespo tem muitos papéis importantíssimos. Antes de falar destas diferentes funções, vale à pena lembrar que a história de tranças dos cabelos naturais e crespos na África preta.
Segundo alguns historiadores e pesquisas, os primeiros traços de penteados africanos remontam ao Homo sapiens, e algumas múmias foram encontradas trançados e também os pentes afro foram encontrados em túmulos egípcios provando que ao contrário de muitas representações, nossos antepassados não tiveram cabelos lisos. Seria estabelecida a prova da existência de cabelos crespos. Parece que a trança remonta aos tempos egípcios e também envolveu homens e mulheres por razões de conveniência.
A explicação seria genética: cabelos crespos eram de fato, uma proteção física aos perigos externos e climáticos graça à uma hidrométrica particularmente ligada as suas formas relacionadas às helicoidais, cosméticas e naturais, uma beleza afro.
Sobre suas diferentes funções na África preta, precisa dizer que em primeiro lugar o cabelo crespo e natural e o penteado, em geral, são muitos importantes para as mulheres pretas; eles são a primeira armadilha da beleza. Os rituais em torno do namoro afro voltam para o início dos tempos, estão lá para ilustrar. Em algumas comunidades africanas, ritos estão feitos em torno da linha do cabelo às várias fases da vida e têm um significado especial, observamos muitas etapas que representam o nascimento,
iniciação, casamento e falecimento. As pessoas podem reconhecer uma pessoa por seu penteado de cabelo natural e crespo em África, pois cada clã tem sua marca, seu jeito de pentear o cabelo, depende de idade.
Em segundo lugar, o cabelo natural e crespo tem um poder mágico em algumas sociedades africanas. Ele permite de proteger-se de más influências, de aumentar força da vida, de conversar com os espíritos ancestrais.
Assim, hoje com várias políticas da integração de todas as camadas da sociedade brasileira, os afrodescendentes brasileiros com cabelo crespo ou não tem acesso mais ou menos à universidade pública. Apesar de vários obstáculos encontrados dentro da universidade.
Considerações finais
Em suma do que foi dito, precisa dizer os preconceitos sobre o cabelo crespo dos afrodescendentes brasileiros desde a época escravista até hoje, é uma das causas da não representatividade maior dos afrodescendentes na educação superior. Precisa criar uma verdadeira educação superior de qualidade, de quantidade e da diversidade como menciona a agenda da ONU de 2030. Apesar de que muito foi feito em comparação aos anos 70,80 e 90, mas muito também fica a fazer. Nosso horizonte é que: a falta do
emprego decente não seja por causa da falta da educação superior, mas por falta da dedicação do próprio aluno ou por falta do trabalho no mercado. Em outras palavras que a reprovação em um concurso público do aluno beneficiário da cota seja por causa da falta dos esforços, tendo já sua formação superior. Esse fato tem que ser salientado nesse momento da década dos afrodescendentes proclamada pela ONU, para lembrar a afirmação da Identidade Preta no desenvolvimento da diáspora africana no mundo.
(1) – SAMBA TOMBA Justes Axel é Congolês do Congo Brazzaville. Mestrando em Ciências Sociais pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e graduando em Antropologia na Universidade
Federal Fluminense (UFF) em Niterói-RJ. Membro do grupo de pesquisa Sankofa (UFF- noroeste).
Deixe uma resposta