PACA DAVIS: Tributo a Teta Lando em Tata Nkento. Entrevista

Por Sebastião Kupessa

 

Cantar em línguas nacionais tem sido uma das formas de honrar a cultura de qualquer páis. Em Angola músicos como, Elias dya Kimuenzo, Calabeto, António do Fumo, Carlos Lamartine, na língua kimbundo; os irmãos Kafala, Jacinto Tchipa em Umbundo são tidos como embaixadores da cultura do país. Kikongo também não é esquecido, basta recordar no passado, as composições do Sam Mangwana, do Mário Matadidi, do agrupamento Afro Sound Star e sobretudo do Teta Lando, que “aqueceram” os corações dos melómanos, não só em Angola, mas também em toda África. A nova geração tem seguido os seus traços, basta ver o imenso contributo do Socorro no Uíge e os “exiladosLulendo, Dersous Zuama, Dontana e Paca Davis, têm feito muito na divulgaçâo da nossa cultura nos paises onde vivem. É por isso Teta Lando é recordado numa das suas canções com o título, TATA NKENTO (tia paterna, em Kikongo), em um conjunto de canções compilados num álbum de alta qualidade, tanto na técnica como no verbo, que o Artista Angolano PACA DAVIS, prepara para largar no mercado, cantado na sua língua materna, fruto le longos anos de labor. A Página do Uíge e da Culura Kongo, o presente portal, como se sabe, está vinculada na divulgação da língua kikongo, aproximou deste artista musical, para saber a razão deste remix.

 

Muana Damba: Kiambote kiaku, Paca Davis.

Paca Davis : Mavimpi, ntondele.

Porque recantastes oTeta Lando? 

Porque ele merece. Os músicos angolanos são recantados e até neste preciso momento, o único que tem tentado relembrar o mais velho, é o Kota Teta Lágrimas,  o seu próprio irmão. Por  isso além de cantar a minha língua, deve ser honrado como um outro qualquer artista angolano, hoje Teta Lando e amanhã o kota Sam Mangwana, cuja a autorizaçâo da sua parte já tenho, para reproduzir os seus antigos sucessos.

Teta Lando cantou muitas as músicas em kikongo como Mimpiosi miami, Ntoyo, Mambu me lutanga, etc. Porque Tata Nkento? 

Tanta nketo melòdicamento a sua harmonia vai de encontro com o meu estilo que é o Zouk – Kizomba, o Ntoyo vou lhe fazer num outro estilo.

O kikongo é compatível com o Zouk/Kizomba? E porque não cantas o rítmo konono, a versão moderna do masikilu, estilo tradicional kikongo, a língua que cantas?

Modernizar é que estou a fazer, por exempro,  faço o zouk que é um estilo atual e em kikongo, coisas que muitos não fazem, e dentro das minhas músicas têm partes de rap e ragga adaptadas em kikongo.

Podes introduzir o Konono no rítmo kuduro?

O kikongo no Kuduro é adaptável, sim, mais acho não será bem vindo para os angolanos que desejam respeitar esta língua nacional em comparação com o que este rítmo tornou-se hoje. E digo que Kuduro não é masikilu nem konono, não tem nada a ver. É um estilo que não dignifica a minha identidade.

Vejo que tens problemas com o Kuduro.

Eu para te ser sincero, já não escuto Kuduro. Antigamente sim, Sebem, Tony Amado e outros Tiriri, aquele é que para mim era o verdadeiro Kuduro, agora é mais lata do que outra coisa. Acho seria uma vergonha e escándaloso para os bakongos vendo o Paca Davis fazer as besteiras que os Kuduristas fazem.

Quando vai dignificar o teu rítmo tradicional, o masikilu?

Está no album que vai sair daqui há pouco. Será um CD Completo.

 

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Já audicionamos canções como Kizeyemoko e Songa Nzola que são bem compostas, supõe-se que há mais, quando sai a versão comercial por completo?

Já está tudo pronto. Neste momento estou a fazer o desenho da capa. Por mim seria já no próximo mês o lancamento, se não houver problemas financeiras por por parte do meu patrocinador.

Se entendi bem, o álbum já está realizado, mas falta promotor para a sua comercializaçâo.

Sim, promotores e patrocinadores.

Ao menos tens alguns apoios…

Nunca tive, faço tudo sozinho.

Portanto, aqui na Europa os produtores não faltam, sobretudo angolanos da tua região.

O mukongo não patrocina bakongo se não for Werrason, Fally Ipupa, Koffi Olomide ou J.B. Mpiana, músicos famosos na RDC. Este problema é geral, mesmo o meu rapaz Socorro, que está no país, tem o mesmo problema. Não sou o único nesta situacão, todo músico que canta em kikongo sempre tem muitas dificuldades em poder encontrar um patrocinador. Aqui tenho pessoal promotores e são angolanos do Uíge, alguns são mesmos da Damba, mais a sua tendência é mais pelos musicos congoleses. Ok, vamos fazer o que? são os seus gostos e preferências. Mas é triste, depois dizem que são verdadeiros patriotas, akatuka kuna(*) , mas não vou meter os promotores bakongos na zona vermelha, temos alguns patriotas que eu sinto que se tivessem  meios, eles apoiariam. Cito como exempro, o administrador da Pagina do Uige e da Cultura Kongo, o presente Portal, Sacky foto Ango-Imagem, entre outros e infelizmente o dinheiro é que está a dificultar.

Respoderias o convite do Rive Kono “Le baron”, que está reorganizando o Ango-star, para partilhar a experiencia com eles?

Sim, é uma grande valia e acho que seria bem vindo. Uma ponte entre eu e eles, a união faz a força

 M.D: Ali na Alemanha onde resides, existe cantores angolanos, por exempro, o “griot” Dontana, nunca pensastes cantar com eles?

Até agora a pessoa que mostrou-se desponivel é o Seblinoras Matomina, com os outro não sei, mas o futuro dirá.

Nunca fostes em Angola, inclusive no teu Uíge, onde recentemente o governo provincial está  promovendo a língua kikongo atravêz da canção e no aniversário da cidade, onde foram convidados  vários músicos?

Já houve iniciativas por parte do nosso governador e aproveito mandar-lhe um grande candando. Uíge é nossa terra, espero que um dia a direcção provincial da cultura vai convidar-me para produzir em palco. É honra para mim realizar espectáculo na minha terra.

Acompnhastes Socorro quando esteve na Alemanha, como está actualmente a vossa colaboração?

O Socorro é para mim um irmão e estamos sempre juntos. Ele vém me visitar sempre assim como o Negrão, um outro músico do Kimbele. Com o Socorro temos projectos da colaboraçâo, para produzirmos em palco como em estúdio. Isto vai acontecer num futuro próximo.

Notei que alguns textos das suas canções como Luzingu lwame, têm inspiração bíblica, és um crente?

Sou um crente em Deus, mas nâo das igrejas e pastores. Porque eu cresci na Igreja Kimbanguista onde aprendi os primeiros cantos no coro Koreki e depois passei para o grupo musical de flautistas.

Para terminar, a última palavra.

Agradeço os que me têm ajudado de longe e de perto, sobretudos os fanáticos que partilham as minhas canções nas redes sociais, exorto-os para não deixar, assim estão contribuindo na divulgação da nossa cultura. Não esqueço os realizadores da TV Zimbo em Luanda.

Obrigado Paca Davis.

Agradeço-te também.

( A canção Tata Nkento, por corresponder com o título da entrevista, está tocar em directo e caso o leitor quizer escutar outras, basta interronper a primeira. Gratos pela compreensão)

 

 Paca Davis – Luzingu Luame

Paca DavisKizeyemoko

Paca Davis – Songa Nzila

 

Paca Davis – Ntata Nketo

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