Paralítico supera deficiência e alcança grau de licenciatura

Por Jeremias Kaboco

Uíge, 26/03 (Wizi-Kongo) – Jorge Agostinho Macanga, deficiente físico por nascença, concretamente, dos membros inferiores, colocou-se em prova e superou sua condição, foi atrás do sonho e nesta terça-feira, alcançou o grau de licenciatura, por via da universidade Kimpa Vita, afeito a VII região académica de Angola.

A mesma instituição de ensino superior estatal, por onde Jorge Agostinho Macanga ingressou-se em 2013, no curso de direito, testemunhou-o hoje, terça-feira, no Campus universitário do Kimpa Vita, obter o grau de licenciatura com o tema “ história de superação sobre a constitucionalidade dos actos normativos no ordenamento jurídico angolano”.

Para o efeito desejado, Jorge Agostinho Macanga, baseou seu trabalho em três capítulos, sendo no primeiro retratar da génese da fiscalização da constitucionalidade, origem e evolução histórica, tendo no segundo capítulo, descrever a inconstitucionalidad¬e, conceito e tipos de inconstitucionalidad¬e e por último observar o controlo abstracto e concreto de normas na Constituição da República de Angola.

Com uma trajectória corajosa, Jorge Macanga, começou a dar os seus primeiros passos na música, estilo angolano, kuduro, posteriormente tornou-se taxista entre 2008 à 2012, no seu percurso, foi sofrendo várias descriminações, quer na sociedade, como nas instituições públicas ou privada pelo facto de ser um deficiente físico, visto que ainda é notórias as limitações de acesso no que toca a acessibilidade e mobilidade e também a falta de oportunidades que tem encontrado no mercado de emprego até nos dias de hoje.

Com uma sala cheia, o estudante na apresentação dos seus argumentos que justificavam a produção do trabalho, fê-lo de forma agressiva sem deixar dúvidas a ninguém, fazendo, com isso, a equipa de júri e os presentes na sala onde decorreu a sessão, estarem satisfeitos e orgulhosos. Enquanto decorria a defesa, o calor tomou conta do candidato, convidados e a equipa de júri, pois, as duas portas encerradas que correspondem a saída e entrada da sala, estavam trancadas, para isso, o calor não os poupou, sabendo que, fora, o sol da hora 13, próprio de tempo chuvoso justificava seu estado e, estando numa sala sem ar condicional em funcionamento, a alternativa encontrada foi abrir as duas janelas das laterais, para no mínimo evitar o aquecimento dentro, ainda assim, não foi possível evita-lo e com isso tiveram de suporta-lo.

Minutos depois, a equipa de júri deu por terminar o debate, saiu por dez minutos e ao regressarem na sala, o secretário do acto divulgou a nota de 16 valores. Depois do anúncio da nota, o candidato abraçou-se fortemente com a sua esposa, irmão e amigos e com semblantes banhados de alegria, ficando para plateia tempo de manifestarem fortes aplausos, assobios e outras formas de reconhecimento, como se em um estádio de futebol estivessem.

Em entrevista exclusiva ao (Wizi-Kongo), Macanga, disse que o tema escolhido surge face à preocupações em conhecer os modos de fiscalização da constitucionalidade das leis e suas especificidades, ou seja, fazer uma análise das diferentes modalidades de fiscalização da constitucionalidade das leis e seus respectivos efeitos, tendo em conta a pluralidade de normas jurídicas e o facto das mesmas não disporem todas da mesma hierarquia e fonte de produção. Jorge Agostinho Macanga “Damenina”, como carinhosamente é chamado, nasceu na província do Uíge, município de Sanza Pombo aos, 15 de Maio de 1988, vive maritalmente e é pai de três filhos.

A sessão da defesa sob orientação da equipa de júris constituído pelo presidente, o professor Mbala Langa Langa, bem como a presença de professor N´goma Mbumba na qualidade de orientador e fez parte do mesmo evento o 1º vogal.

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