Porque o Uíge esquece os seus heroís? Um deles, é o Pontes Vinda Nkabata!

Por Sebastião Kupessa

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Quem foi VINDA NKABATA ?

Porque Uíge não se lembra dos seus heróis?

VINDA NKABATA deveria ser lembrado para sempre, pelos uigenses e angolanos em geral. Existe muitos heróis naturais da província com odor de café que combateram para libertar Angola, mas o heróísmo do calibre de Mbyanda Ngunga, Kyala Kya Zinga, os heróis do Kinvuenga no Songo, Mbemba Ngangu, Nzau wa Mbakala e Namputu deveria ser mencionado para sempre.

O Portal do Uíge e da Cultura Kongo vai lembrar hoje, um outro herói desconhecido, vítima da amnésia colectiva, imposta pela vontade daqueles que querem apagar o nome dos verdadeiros heróis que contribuiram para libertar Angola.

QUEM FOI VINDA NKABATA?

VINDA dya NKABATA foi filho do soba de Kiyanika, Soba Nkabata, e sobrinho-neto do Soba Nakunzi, um dos último soberano da Damba, hoje um dos 16 munícipios que compõem o Uíge.

VINDA dya NKABATA comandou a primeira vaga de assalto, à administração colonial na Damba, no dia 17 de Abril de1961. Foi ele quem tirou do mastro a famosa bandeira portuguesa (na imagem, com o Ministro de Ultramar do Salazar, Adriano Morreira). Estando na possessão da bandeira portuguesa, deita-a no chão, alguns revoltosos vão urinar e fazem uma rodilha e atiram-na no ar, com gritos de “Dibakamene, dibakamene eh…Dipanda dibakamene”. Este momento de entusíasmo do “Kimpwanza kya Ngola”, provoca a distração que vai ser benéfico para os colonos e seus servidores que estavam “entrincheirados” no edifício do Concelho da administração. Com efeito, dois angolanos ao serviço da administração colonial, um é criolo originário do Dembos, Carlos Alberto, na esquerda da imagem, vai aproveitar, com ajuda do nevoeiro (wunga), introduzem-se no seio dos festejantes. Carlos Alberto abate com um tiro na cabeça o herói do dia, Vinda Nkabata, cujo o sangue vai derramar na bandeira, que os intrusos levam para o interior do edificio. Vendo o acto da Bravura do Carlos Alberto, os colonos ganham coragem,  intensificam o fogo, obrigando os guerreiros uigenses, sob bandeira da UPA a recuar, deixando mortos, incluindo o Vinda Nkabata. Assim fracassou a primeira vaga de assalto de mindamba, nesta luta pela independência de Angola.

A bandeira com o sangue de NKABATA será exibida em todo Império português, como símbolo da resistência colonial contra os independentistas. O já citado ministro de Ultramar, Adriano Moreira, vai visitar Damba, 3 meses depois, em representação do Salazar, para agradecer os portugueses que defenderam a honra do regime, resistindo a 5 vagas de assaltos dos independentistas angolanos, com ajuda de aviação vinda de Luanda.

Carlos Alberto, o homem que matou o Vinda Nkabata, será recebido pelo Salazar em Portugal, a sua proêza será imprimida nos manuais escolares do ensino português.

A bandeira encontra-se exposta no museu militar em Lisboa (a confirmar).

Se Portugal agradeceu o homem que salvou a honra colonial em Angola, os naturais do Uíge ignoram a existência mesmo do lugar onde VINDA NKABATA foi enterrado, nem mesmo existe uma rua com o seu nome e não é lembrado nas manifestações que realizam-se na província.

Esperámos que este erro será corrigido no futuro.

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