Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 28/05 (Wizi-Kongo) – Há caminho de três meses, o posto médico da regedoria do Tango, comuna do Bengo, município de Kangola, província do Uíge, país Angola, encerrou as portas, depois que o enfermeiro contratado sentiu-se desgastado por falta de pagamentos dos seus subsídios.
Uma situação que coloca a saúde das famílias local a sua sorte. Estando a uns 23 quilómetros de distância por terra, quer para a sede da comuna do Bengo, quer para sede de Kangola, a regedoria do Tango, viu-se privada da sua gente receber os cuidados de saúde e medicamentosos por conta do Estado, fins pelos quais naquela localidade foi colocado o posto médico, porque o único profissional do sector que ai labutava há anos, concretamente, desde 2014 que venha gritando dos seus ordenados, então, desta vez, parou contudo e pendurou a bata, as luvas e trancou as portas.
O mesmo enfermeiro já na idade dos 50 anos, desde 2014 já vinha queixando-se na falta de regularidade no pagamento dos pouco menos de 40 mil kwanzas mensais, relacionados com o seu subsidio de contratação, poi, não passava para efectivo. Ainda assim, Alexandre Marques, dava no duro de segunda a segunda-feira, cumprindo com um dever pelo qual jurou na sua formação, o de salvar vidas.
Dado o seu empenho, os doente que vinham de Malanje, Kuanza Norte e os da região do Uíge, o chamavam carinhosamente de “ti Marques”. Em 2015, na ferida comuna, Marque Alexandre, terminou o ensino médio, na opção de ciências física e biológica, no primeiro grupo de finalistas na história do Bengo.
Com zelo e dedicação, aquele cidadão pai de filhos, contentava com os pouco de 40 mil kwanzas mensais, mas não eram pagos com regularidade mesmo em 2015. Apesar das irregularidades no pagamento por parte da entidade contratante, no caos, a administração municipal de Kangola, Alexandre Marques, “nunca deixou mal a ninguém. Apenas ele que era deixado mal”. Tempo depois, “ti Marques” foi transferido para regedoria do Tango, circunscrição do Bengo, tendo deixado inclusive no dia da sua despedida algumas lágrimas de emoção terem caído por parte daqueles que o amavam tanto e, com isso, deixou saudades e um vazio maior no seio da comunidade, bem como aos poucos colegas de profissão que labutam no Bengo.
Alexandre Marques, era tido como o homem das “mãos de “fada”, pois, sabia bem interagir com todos, apesar de não ser tido e nem achado pela entidade contratante. No Tango, continuou a dar o seu melhor, como lhe é peculiar, mas, a sua condição no melhoramento salarial ou mudança de posição para efectivo (não passava além de um sonho).
Certamente, desgastado com as promessas que nunca lhe trouxeram melhorias e a julgar pela sua idade, este ano, concretamente, em Março último, Alexandre Marques decidiu abandonar os serviços naquele posto médico, aliado a falta de pagamentos dos vários meses de subsídios, desde que assinou o contrato.
Segundo apurou hoje, quinta-feira, na sede do Tango, o Wizi-Kongo, neste momento, os doentes da regedoria do Tango, recorrem a um posto de saúde privado. Em seguida, o Wizi-Kongo, procurou manter contacto com a administração municipal de Kangola, mas não obteve sucesso imediato, tendo reservado a versão do administrador local, Pedro Zua, para os próximos momentos.
Entretanto, na mesma regedoria, este portal soube igualmente que foram abandonadas há quase dois anos as obras de construção do sistema de abastecimento de água, que contava com quatro chafarizes, um colocado por cada aldeia, uma vez que a regedoria do Tango é composta por quatro aldeias, nomeadamente, Vunge, Longuela, Tango e Yengano, cuja água sairia numa nascente a dois quilómetros da sede da referida regedoria.
Segundo depoimentos recolhidos no local, as obras já estavam numa dimensão de 70 por cento de execução, mas a empresa encarregue na construção da mesma obra, não chegou de revelar o nome aos seus trabalhadores, também sequer um tostão pagou aos mesmos, ou seja, trabalharam em vão, pois desde a última vez que o empreiteiro saiu do Tango/2018, até hoje, nunca voltou lá os pés, muito menos as obras andaram.
Como concluíram, as razões pelas quais estavam na base do abandono da obra, ninguém sabe até hoje, dai desconfiarem que somente a administração municipal pode saber. Entretanto, a regedoria do Tanto, é uma das 12 que compõe a comuna do Bengo, sendo a mesa regedoria constituída por quatro aldeias (Vunge, Longuela, Tango e Yengano). Tango, é habitado a proximamente por dois mil pessoas.
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