Por Patrício de Oliveira
No ano transacto foram produzidas 7950 toneladas de café comercial, contra as 16 mil toneladas previstas. Daí a necessidade de mais investimentos para alavancar o sector, que pode ser solução na diversificação da economia, referiu o director do Instituto Nacional do Café (INCA), João Ferreira.
Que balanço faz ao sector cafeícola em 2016?
As dificuldades hoje vividas na economia repercutiram- se igualmente no sector cafeícola. Uma série de dificuldades na implementação dos projectos gizados foi o ponto dominante, tornando a produção do sector muito aquém dos objectivos preconizados, apesar do enorme esforço empreendido. Faltaram financiamentos para a renovação das plantações, assistência técnica ao produtor, a industrialização. Contudo, houve uma elevada demanda de café que se manifestou na subida vertiginosa dos preços ao produtor. Isto criou incentivos económicos e morais para os cafeicultores continuarem a produzir e, ou, recomeçarem a actividade cafeícola. Na generalidade o balanço não foi de todo positivo.
A previsão para 2016 apontava para a colheita de mais de 16 mil toneladas de café comercial. Esta meta foi alcançada?
As razões acima apontadas, aliadas à idade das plantações, aos amanhos culturais necessários para manter plantações produtivas, a par de condições climáticas adversas, contribuíram para a baixa da produção neste ano. Não foi possível atingirmos o que estava planeado. Neste ano foram contabilizadas cerca de 7950 toneladas de café comercial como produção. Daí a necessidade de mais investimentos para alavancar o sector, o que pode ser uma solução na diversificação da economia.
O sector cafeícola no país tem despertado o interesse da China, Japão e dos Emiratos Árabes Unidos. Por esse motivo, estavam em curso programas para a reativação do bago vermelho em grande escala. Houve algum avanço?
Os avanços registados não foram substanciais, dada a falta de investimentos, como resultado da crise económica que o país vive. Mesmo assim e, dentro do possível, foram realizadas acções, consubstanciadas na produção de mudas com vista a garantir o futuro da cafeicultura no país. Auguramos por dias melhores, com investimentos direccionados à renovação de plantações, ao agro-negócio cafeicola, enfim, investimentos ao longo de toda a cadeia de valor do café.
Das províncias produtoras de café, qual produziu mais este ano?
A província que maior produção de café teve na campanha 2015/2016 é o Cuanza-Sul, que declarou 3.841 toneladas de café comercial (50,60% da produção nacional) seguida do Uíge – (41,24%). As duas províncias produzem em conjunto 91.85% do café nacional.
Agricultores das províncias da Huíla e do Huambo também têm mostrado interesse na produção de café. Tem mantido contactos de ajuda e controlo com esses cafeicultores?
Os planos de trabalho do Instituto dão alguma primazia ao fomento do café arábica, por razões obvias, nas províncias onde o clima permite a sua produção. Referimo-nos às províncias do Huambo, Huíla, Bié e Benguela. Algum trabalho começou a ser feito. Já é possível encontrarmos plantações de café nos municípios de Caluquembe e Caconda, na Huíla, na Ganda, em alguns municípios do Huambo e nas áreas tradicionais de produção de café arábica do Bié (Andulo e Nharea).
A previsão para 2016 apontava para a colheita de mais de 16 mil toneladas de café comercial. Esta meta não foi alcançada, por quê?
As razões acima apontadas, aliadas à idade das plantações, aos amanhos culturais necessários para manter plantações produtivas, a par de condições climáticas adversas contribuíram para a baixa da produção neste ano. Não foi possível atingirmos os planos. Neste ano, como já disse, foram contabilizadas cerca de 7950 toneladas de café comercial como produção. Daí a necessidade de mais investimentos para alavancar o sector.
Qual é a quantidade de café exportado em 2016 e qual é a previsão para o próximo ano?
Foram exportados até ao momento, 650 toneladas de café. Este valor representa 8,58 % do total da produção. Os valores baixos são justificados pelo aumento interno da produção nacional de café, dada a enorme procura e as dificuldades nas importações.
A Europa consome a maior produção de café angolano. Mas existe interesse da parte da China e dos Emiratos Árabes Unidos. A Europa continua a liderar ou regista-se uma diminuição no consumo?
As exportações do café angolano durante o ano foram maioritariamente para países da Europa (Portugal, Espanha, Holanda, Bélgica). Houve igualmente exportações para o Líbano, e os Estados Unidos da América.
Com o reinício das exportações de café, o número de produtores pelo país tende a aumentar, ou nem por isso?
Há um trabalho de fundo que vem sendo feito neste sentido. A alta dos preços ao produtor que se registou durante o ano incentivou muitas famílias a aderirem à produção reabilitando as suas plantações. Esperamos nos próximos tempos um aumento não só da área produtiva mas também do número de produtores.
O Instituto de Fomento está a capacitar produtores de café no Cuanza Norte. O que pode representar para o sector. Quais serão as outras províncias?
A formação do homem, daquele que produz, dotando-o de ferramentas de conhecimento capazes de mudar a sua mentalidade e pensar no café como um negócio, sempre foram preocupações do Instituto Nacional do Café. A capacitação actualmente em curso centra-se no agro-negócio cafeícola, no reforço da capacidade das cooperativas para o negócio cafeicola. Precisamos que esta capacitação se estenda às áreas agro-técnicas, ensinando aos cafeicultores as técnicas actualmente usadas no mundo para a produção. Queremos que os nossos cafeicultores rentabilizem a sua actividade. Pretendemos que o café ocupe o seu lugar no espectro das riquezas que o país pode produzir.
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