Por Nicodemos Paulo
Agricultores, naturapeutas, caçadores, autoridades tradicionais, organizações juvenis e órgãos de segurança debatem na cidade do Uíge questões relacionadas com a protecção da biodiversidade, num encontro organizado pelo Ministério do Ambiente, em saudação ao Dia Internacional da Biodiversidade, assinalado ontem.
Os participantes vão ser informados sobre a estratégia nacional da biodiversidade, as causas e efeitos das alterações climáticas, as potenciais áreas de conservação vegetal e animal da provín-cia, a situação dos grandes mamíferos da província e os vegetais com valor nutricional e terapêutico.
Vão ainda interagir com as vendedoras do mercado municipal para a troca de informações sobre os animais em vias de extinção, a legislação angolana sobre a protecção ambiental, as acções do Ministério do Am-biente tendentes a dissuadir a caça furtiva e os perigos que representam as queimadas que se realizam periodicamente para preparar campos agrícolas.
O director nacional do Ministério do Ambiente para a Biodiversidade, Nascimento António, referiu que a protecção da biodiversidade é uma actividade que envolve vários sectores do Estado, como a Polícia, agricultura, o poder judicial, comércio, indústria e outros, pois a combinação de tarefas dos diversos sectores significará o êxito desta empreitada.
“Sentimos que há fraca fiscalização, moldura penal insignificante para quem faz caça furtiva ou derrube indiscriminadamente árvores e que não se aplica qualquer sanção àqueles que fazem queimadas destruindo os solos, matando espécies de insectos, repteis e outros animas de fraca locomoção, o garimpo de inertes nos rios e outros lugares impróprios para exploração de areias”, frisou.
O responsável revelou também a intenção do ministério criar novas áreas de conservação vegetal e animal, dadas as características climatéricas da região, para garantir a sobrevivência de algumas espécies ameaçadas pela acção humana. “É urgente a sensibilização das populações sobre a interacção que existe entre o homem e a natureza e se assim não for as próximas gerações vão pagar o preço da nossa negligência”, apelou.
O vice-governador do Uíge para o Sector Técnico e Infra-estruturas, Afonso Luviluco, que fez a abertura do certame, apelou aos presentes para reproduzirem fielmente o resultado deste ciclo de palestras, pois, segundo considerou, a província do Uíge já começa a sentir os resultados das alterações climáticas.
“As altas temperaturas que se fazem sentir no Uíge são resultado da nossa acção criminosa contra a natureza. Vemos cada vez mais clarões no meio das matas. As nossas populações camponesas fazem grandes queimadas em nome da produção agrícola, por isso é que temos de sensibilizá-las para a mudança da forma de olhar a natureza”, frisou.
Via JA
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