NA AUSÊNCIA DO PAI, FERNANDA NGUNZA “NÃO MURCHOU” NA RESILIÊNCIA E ALCANÇOU O GRAU DE DOUTORA

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 12/03 (Wizi-Kongo) – Quem diria, há 37 anos, a pequena Fernanda Elsa Alberto Ngunza, que acabava por nascer na aldeia Mbanza Polo, sem o pai biológico ao perto (por ter negado a sua mãe depois da gravidez), hoje, tornou-se num verdadeiro símbolo de orgulho da família e não só, por não ter permitido que a sua flor (vida) murcha-se e na resiliência, acabou por alcançar o grau de doutora.

Primeiramente agradeço a Deus por ser o que me tornei, o que tenho e o que posso fazer hoje, pela resiliência, audácia e profissionalismo, acima de tudo, por, igualmente, sentir-me 99 por cento em uma mulher realizada, mas para o efeito, tive que inspirar-me em uma autodidacta para então atingir os patamares mais além das inspirações, sem ter pisado ninguém e tão-pouco exagerar aos seus superiores hierárquicos”, começou por admitir na rubrica de iniciativa do Wizi-Kongo (Mulher do Wizi, uma luz ao Março Mulher”.

Natural do município e província do Uíge, Fernanda Ngunza, é a actual directora da maternidade municipal do Uíge, além de exercer os cargos de coordenadora provincial de Ginecologia Obstetrícia, bem como de docente universitária, dando aulas nas especialidades de Ginecologia e Obstetrícia e Medicina Familiar.

É a mais velha, entre os cinco que são, filha de mãe enfermeira e de pai médico e conta: “ a minha mãe concebeu muito jovem, na altura, o meu pai não aceitou assumir a gravidez nem a criança depois de nascer, os meus avós tiveram que decidir cuidar de mim e ajudando a minha mãe, cresci a vida toda a chamar os meus avós de pais”.

Durante a rubrica, admitiu que, enquanto crescia apesar das dificuldades, sempre dedicou-se aos estudos e fazia promessas a si mesma de que um dia seria médica, a exemplo do seu pai biológico. Porém, o tempo passou e aos 23 anos de idade, sendo já enfermeira, concretamente, na maternidade municipal de Negage, teve a oportunidade de ser seleccionada, em 2010, pelo INAGBE para uma bolsa de estudos na formação de médica geral, em Cuba.

Esclarece que, depois de seis (6) anos de formação como médica, teve o privilégio de ser parte dos graduados com maior índice académico, tendo assim a oportunidade de receber uma segunda bolsa de estudos para a especialidade em Ginecologia e Obstetrícia, em Havana, capital da Cuba, entre os anos de 2016/2020.

Outrossim, recordou, Fernanda Ngunza, que, após conhecer o seu pai biológico na fase da licenciatura, ele não hesitou o seu apoio emocional e financeiro durante os 4 anos de especialidade, mesmo sendo bolseira e, em 2020, regressou ao país, estando nestes quatro anos dando o seu contributo em prol da província que a viu nascer e a crescer.

Caracterizada com espírito de bondade, é, mãe de três filhos e como mulher, aconselhou às demais mulheres/mães, principalmente, a jovem mulher a dedicarem-se muito aos estudos, assim como evitar o imediatismo, do facilismo e das correntes que envolve actos negativos e de desvios da identidade cultural do país.

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