Por Ireneu Mujoco
Teve como companheiros da cadeia Moisés Kamabaya, Pedro de Castro Van-Dúnem, Salomão Xirimbimbi, Guilherme Ngalula Tonet, Bornito de Sousa, actual Vice-Presidente daRepública, dentre outros.
Os restos mortais do malogrado nacionalista angolano Álvaro João (James), falecido no dia 31 de Agosto, em Luanda, já repousam, desde ontem, no Cemitério da Camama, município de Talatona, em Luanda. Num ambiente de dor e lágrimas, familiares, companheiros de luta da clandestinidade e amigos, acompanharam-no até a sua última morada.
Os restos mortais desceram à cova às 10 horas e 41 minutos. Antes, houve uma cerimónia religiosa no local do velório, feita pelo reverendo Miguel, da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal, de que foi crente e coral da banda musical, apesar da sua avançada idade que já precisava de cuidados redobrados.
No breve acto religioso, acompanhado por cânticos fúnebres, foi enaltecida a figura deste nacionalista angolano por um companheiro, de nome Sarmento, com quem sofreu as agruras da terrível prisão de São Nicoloau.
Durante o velório, que observou as medidas de biossegurança impostas pela pandemia da Covid-19, foram lidas mensagens da Associação dos Antigos Presos Políticos de São Nicolau, dos Antigos Ambientes e do MDIA-PCN.
Álvaro João, que morreu aos 77 anos, vítima de doença, foi antigo preso político no campo de concentração de São Nicolau, actual Bentiaba, na província do Namibe.
Natural do município de Maquela do Zombo, província do Uíge, iniciou a sua luta na clandestinidade contra o colonialismo português quando tinha 15 anos, altura em que aderiu à União das Populações de Angola (UPA), e, posteriormente, aliou-se ao Movimento de Defesa dos Interesses de Angola-Partido da Convergência Nacional (MDIA-PCN) de que foi membro activo.
Em meados de 1965, Álvaro João, e outros companheiros de luta de clandestinidade foram detidos pela PIDE-DGS na sua terra natal e deportados para Luanda, onde ficaram presos dois anos, depois foram transferidos para São Nicolau, onde permaneceu durante 10 anos.
Teve como companheiros da cadeia os nacionalistas Moisés Kamabaya, Pedro de Castro Van-Dúnem, ex-ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria (MACVP), Salomão Xirimbimbi, antigo ministro das Pescas, Guilherme Ngalula Tonet, ex-deputado à Assembleia Nacional, Bornito de Sousa, actual Vice-Presidente da República, dentre outros. O malogrado deixa viúva, seis filhos, 11 netos e um bisneto.
Fundação
O MDIA-PCN foi fundado em Fevereiro de 1961, por 17 elementos de- marcados da União dos Povos de Angola (UPA), liderada por Holden Ro- berto, devido à divergências na forma de luta. Sob a orientação do já falecido João Pedro Mbala, o Movimento realiza o seu primeiro congresso em 1965, em Kinshasa, capital da actual República Democrática do Congo, dedicando-se a partir daí à luta anti-colonial.
Em 1992, concorreu as primeiras eleições gerais através da AD-Coligaçao, de que é membro fundador.
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