A Fundação Sindika Dokolo vai apoiar o Governo Provincial do Zaire e o Ministério da Cultura a recuperar as peças extraviadas do Museu dos Reis do Kongo, em Mbanza Kongo, província do Zaire, durante a guerra.
A informação foi avançada, na terça-feira, em Mbanza Kongo, pelo director nacional dos Museus, Ziva Domingos, durante uma conferência de imprensa, tendo explicado que o processo vai passar pela localização e identificação das peças perdidas, principalmente no exterior do país.
Ziva Domingos reconheceu que o processo vai ser complexo, mas acredita no seu êxito, tendo revelado que parte deste acervo está já localizado, enquanto o resto pode ser recuperado no âmbito do processo de cooperação internacional, utilizando os mecanismos de que a UNESCO dispõe, como as convenções sobre o retorno de bens aos seus países de origem.
Ziva Domingos referiu que os mecanismos de cooperação bilateral entre países vão ser ainda desencadeados pelas autoridades angolanas para reverem os bens patrimoniais retirados de forma ilegal do Museu dos soberanos do Kongo.
O Museu dos Reis, inaugurado em 1992, por Fernando França Van-Dúnem, conta com cerca de 114 peças que retratam os hábitos e costumes dos povos do antigo Reino do Kongo, assim como bens de uso pessoal dos seus soberanos. O embaixador de Angola junto da UNESCO, Sita José, pediu na terça-feira, em Mbanza Kongo, rigor na gestão do perímetro de protecção desta cidade inscrita na lista do Património Mundial. Ao falar em conferência de imprensa, o diplomata sugeriu que se deve evitar conceder alvarás para efeitos de construção civil na zona tampão, assim como observar cuidados redobrados na implementação das infra-estruturas de água canalizada e energia eléctrica nesta localidade. Referindo-se aos atributos que levaram a UNESCO a reconhecer este sítio, o embaixador lembrou que sustentaram a decisão, o valor universal e excepcional da capital do antigo Reino do Kongo. Sita José explicou que o Reino do Kongo, com os seus atributos, teve essência e uma importância enquanto entidade política, económica e com influência cultural e religiosa fora do actual perímetro do território de Mbanza Kongo.
A inscrição recaiu sobre alguns símbolos de uma parte desta cidade, pelo que se recomenda a sua ampla divulgação, acção que passa pela educação da população local, dando-lhe maior capacidade para que possam, de forma consciente, contribuir na gestão do sítio.
Quanto ao compromisso assumido com a UNESCO, no âmbito do reconhecimento mundial, Sita José, revelou que vencida que está esta fase, avançar-se-á ao projecto mais abrangente e ambicioso, que terá a dimensão daquilo que foi a expansão territorial do Reino do Kongo, que abarcava parte da República Democrática do Kongo (RDC), Kongo-Brazzaville e o Gabão.
O embaixador reafirmou que as autoridades competentes angolanas vão trabalhar com estes três países para que se possa fazer um levantamento dos vestígios relacionados com o antigo Reino do Kongo que ainda restam nestes territórios, para se continuar a aferir a tamanha dimensão do projecto “Mbanza Kongo”.
O embaixador integrou a delegação de Angola, chefiada pelo ministro Bornito de Sousa.
Via JA
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