Um “Viva!” para a música de Cananito Alexandre

Por Ernesto Gouveia

 

A música cantada em Kikongo — carregada de estórias e provérbios que se convertem em mensagens que a tornam ainda mais interessante, mais ouvida e transformada em sucesso intemporal, aliada a uma postura sempre discreta — foi, em poucas palavras o que identificou Cananito Alexandre.

O último domingo, 29 de Janeiro, trouxe de volta o nome de Cananito Alexandre, não só como deputado e homem com uma actividade política visível, mas sobretudo como homem de cultura.

Faleceu nesse dia o compositor de grande parte dos temas de sucesso cantados na língua nacional Kikongo. Muitos deles cantados nas vozes da irmã Lina Alexandre ou dos sobrinhos João e Toya Alexandre.

O detalhe da continuidade do seu trabalho acaba por se tornar evidente quando, pelo trabalho destes artistas, a música dos “Alexandres” permanece viva e é ouvida e dançada graças a estas vozes que nunca passaram despercebidas no prisma musical do país.

Cananito Alexandre e dos artistas cujo trabalho parece mais distante do que o seu nome, ou seja, revelando pouca preocupação em dar visibilidade à sua imagem, notabilizando-se como uma figura discreta, sobretudo nos anos antes da sua morte.

Thanguidi Mu Messu Maku, Nzuze, ou Ângela são duas das suas grandes criações musicais.

Pouco conhecido pela nova geração de executantes da mais genuína música angolana e com grande representatividade naquilo que é a música proveniente do norte, com um forte pendor nos provérbios e histórias contadas por via da tradição oral, sem descurar o amor e a união entre as pessoas, Cananito Alexandre carece de um estudo para quem queira perceber um pouco mais sobre a música angolana.

O seu nome figura certamente entre os ícones da música angolana junto com um grande activismo político que é muito visível na sua obra. João Alexandre, sobrinho do cantor, afirmou que existe muito da obra de Cananito Alexandre que deverá ser divulgado, devendo para isso que a família ajude a facilitar essa divulgação.

O também cantor, que falava para o canal A da Rádio Nacional de Angola, deixou claro que, por via da voz da irmã Toya ou de Matondo Alexandre, será ainda possível que as pessoas oiçam o resultado da influência que o malogrado deixou nos trabalhos que têm apresentado.

Lina Alexandre disse que o músico deixou um CD em estúdio e que a família vai dar continuidade aos trabalhos para colocar no mercado, ainda que a título póstumo.

Pelo seu falecimento, o Ministério da Cultura destacou, na segunda-feira, o contributo do músico na promoção, valorização e divulgação da cultura angolana.

Cananito Alexandre na música e na política

Além de se afirmar culturalmente pela sua actividade enquanto músico, Cananito Alexandre destacou-se pelo seu empenhamento político, enquanto membro do

Conselho Nacional da JMPLA e do Comité Central do MPLA. Foi governador da província do Uíge de 1995 a 1998, deputado da bancada e antigo primeiro secretário do Comité Provincial do MPLA no Uíge.

É considerado um dirigente incontornável na luta pelo desenvolvimento socioeconómico da região de onde era oriundo.

Via NJ

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