Por Patrício Batsikame (PhD.Crítico de Arte)
A criação artística é a génese da Cultura. Criar implica arrumar ideias e corporizá-las em “símbolo”. A mente humana – que é o núcleo do pensamento – relaciona vários códigos, constrói linguagens e cria a própria existência. A UNAP expõe aqui códigos e linguagens para dialogar as memórias de “8 de Janeiro” e “25 de Janeiro”. Cientes das suas responsabilidades, os profissionais da Arte celebram aqui acriação da Cultura. Trata-se da Cultura de Paz, pois a arte funciona na base do diálogo.
A “Cultura fortalece a Nação”, diz o Chefe de Estado angolano, eng. José Eduardo dos Santos. Logo, os criadores artísticos são promotores da Cultura de Paz cuja exposição nos mostra duas leituras. A primeira consiste na busca de linguagens da Paz, com novos códigos de diálogos que os profissionais da UNAP. A segunda reverte-se no asseguramento de uma geração futura capaz de continuar essa nobre missão: BJAP (Brigada de Jovens Artistas Plásticos).
O ideário desta exposição estrutura-se em três pressupostos.
O primeiro navega-se no lema “A Cultura faz-se nos municípios…”. As obras expostas apresentam-nos as linguagens artísticas que traduzem as várias facetas da sociedade nas comunidades (bairro, município). Os munícipes conservam uma angolanidade rica: servindo das heranças culturais (língua, alembamento, altruísmo, etc.), os angolanos criem e recriem a sua cultura desafiando as suas dificuldades sociais,transformando-as em alegria (kazukuta, kizomba, kuduru, etc.).
O segundo consiste na vontade de dignificar a classe. A UNAP é o único espaço onde todos os profissionais das Artes Plásticas encontram abrigo. Ela representa a dignidade da classe. A teoria do Dr. Agostinho Neto sobre a operacionalização da Cultura em Angola em “8 de Janeiro” está clara, quanto a isso. Curiosamente, desde 25 de Janeiro de 1575 a anatomia sociocultural de Luanda pluralizou-se e metamorfoseou-se. O Edifício da UNAP representa o símbolo desta pluralidade, e chama os seus associados ao permanente diálogo multicultural, multirracial.
O terceiro pressuposto é a celebração da Cultura de Paz como remédio a patologia social (Cultura de Guerra), tanto quanto como instrumento da reconciliação entre os Angolanos. Os temas que cada profissional apresenta nesta montra confirmam o engajamento da classe para Cultura de Paz, na base das heranças culturais, a sua transformação na actualidade. A Cultura de Paz significa, também, a criação do bem-estar de cada um na base dos “produtos culturais” que disponibiliza no mercado e contacom as autoridades do país para criar o mercado funcional. Os seus profissionais clamam pelo trabalho, pelo abrigo legal e pela sua responsabilização na municipalização das Artes Plásticas (Cultura).
Razão pela qual a Galeria 25 de Maio reabriu as suas portas. É por isso que a UNAP re-aparelhou a máquina administrativa para dignificar a classe, com a bênção do Ministério. Pela mesma razão de ser, esta exposição convida a sociedade inteira no compromisso da construção da Nação sentimental, onde todos encontram o seu espaço de estar e as oportunidades de bem-estar.
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