VATA: uigense do golo “a mão de Deus” que marcou futebol mundial

Por Alfredo Dikwiza

Uíge, 17/04 (Wizi-Kongo) – Vata Matanu Garcia, simplesmente, Vata, uma lenda de futebol dos velhos tempos que possuía um faro impressionante e modéstia em violar as redes contrárias. Despontou-se na RDC, espalhou fragrância da bola em Angola e na europa ao serviço do Benfica, tornou-se em homem golo “a mão de Deus” que marcou o futebol mundial.

Natural do Uíge, município da Damba, 197 quilómetros a norte da cidade do Uíge, foi o marcador do golo conhecido na história do futebol “a mão de Deus”, que, qualificou o Benfica contra Marselha/França, na meia-final da extinta Campeonato dos Clubes Campeões, hoje Liga dos Campeões, numa competição ganha pelo AC Milão/Itália, em 1991. Podendo ser até ao momento, o único angolano que participou num jogo final dos clubes dos campeões do velho continente.

Porém, nascido a 19 de Março de 1961, na Damba/Uíge, por motivos de instabilidade política do país, teve que abandonar Angola e rumar para RDC, onde, com pouco menos de 15 anos, iniciou a praticar o futebol, isto é, na capital congolesa, Kinshasa, numa equipa da terceira divisão. Tempo depois, foi contratado pelo Club Ruwenzori da primeira divisão daquele país, onde viria tornar-se melhor mercador da competição.

Vata, com 20 anos de idade, chega em Angola (1981), em companhia de outros angolanos, nomeadamente, Muanza (Mirage), Sorcier, Ndombele, Sakaneno e Kiala, com objectivo de renovarem a já cansada, mas antes carismática equipa do Progresso do Sambizanga, que, outrora era comandada pelo técnico, Laurindo.

Porém, Vata era ainda ofuscado por Muanza Mirage, que, era uma celebridade a nível de África naquele tempo, fruto da sua participação airosa na Taça dos Clubes Campeões africanos, em representação do D.C Imana do Zaire/RDC e o Club Bilombe. Já em Angola, Vata, concretamente, no Progresso do Sambizanga, os elógios da imprensa desportiva nacional davam conta mais ao atleta Muanza Mirage, embora ter sido melhor marcador do FC Ruwenzori, em Kinshasa.

Assim, o uigense teve que esperar um derby dos mais populares da altura (1º de Agosto vs Progresso do Sambizanga), para mostrar aos mais cépticos o seu real valor. Na cara do temível e poderoso guardião da época, quiçá um dos melhores de todos os tempos de Angola, Napoleão Brandão, Vata, depois de receber um belo cruzamento atrasado vindo do lado da direito conforme atacava o Progresso, de cabeça, mandou a bola dançar na rede, deixando Napoleão Brandão sem solução, igualando assim o marcador (1-1), que, minutos antes, Ivo Traça (jovem na altura), actual treinador adjunto do 1º de Agosto, marcara a favor dos militares do Rio Seco.

Nesta época, o 1º de Agosto, tinha a melhor armada de jogadores em Angola e, por este motivo, logicamente diante deste jogo, aliás, como nos demais jogos, eram sempre os primeiros a abrir o marcador. Mas, ao abono da verdade, o Progresso do Sambizanga, não era pedra doce de se roer naquela época. Assim, neste derby, com (1-1) no placar, Vata, começou a ser contado como novo goleador do campeonato angolano de futebol, vulgo, Girabola.

Os jogos que se seguiram só davam em um nome (Vata). Ele, não possui técnica e classe, mais era imperdoável na hora H (golo). Por conta disso, mereceu neste período a convocatória e, concomitantemente, estreia na selecção nacional de futebol, vulgo, Palancas Negras, diante do Gabão, tendo Vata, marcado um dos dos 4 golos, que, Angola vencera a sua congénere. Entretanto, Maluka, Eduardo Machado e Chico Dinis, molharam a sopa nos restantes tentos, cujo resultado fixou-se em 4-0.

Dai, a odisseia de Vata começou e era um jogador impensável nos jogos da selecção de todos os angolanos, tendo para isso no seu histórico, representado os Palancas Negras por 65 vezes, com boas exibições que sempre contribuíram com vitórias do combinado nacional.

Fruto das suas performances de goleiro, Vata, foi cobiçado pelos gigantescos clubes do velho continente, cujo Portugal, acabou sendo o seu destino, isto é, a partir de 1984, assinando primeiramente pela formação do Recreio da Águeda e no mesmo ano, passou para o VArzim SC.

Mas, foi no S.L Benfica, 19988/1991, que, Vata, fez história fruto do golo “a mão de Deus” na extinta Liga dos Campeões da Europa. Entretanto, em quatro anos no Benfica apontou 35 golos.

Em Portugal, Vata, jogou dêz anos em representação de várias equipas e, depois, arrumou para outros países.

Assim, segue a lista das equipas pelas quais o filho de mãe da Damba e pai da comuna do Kibokolo/Maquela do Zombo, jogou:

1984 – Recreio da Águeda.

1984-88 – Varzim S.C.

1988-91 -S.L Benfica, 35 golos.

1991-92 – Estrela da Amadora,3 golos.

1992-93 – C.S.U Torrense.

1993-94 – Floriana F.C Malta.

1994-99 – Gelora Dewata Indonésia (Jogador e treinador adjunto).

Comprometido com o futebol, Vata, mesmo depois de pendurar as botas, continuou na vida desportiva, tendo, para isso, abraçado a carreira de treinador de futebol, com as seguintes passagens:

1999-00 – Guntur Bali Indonésia.

2000-01 – International School Indonésia.

2004-05 – Mitra Kukar.

Nascido para fazer história no futebol, o angolano, colecciona um palmarés invejável no bom sentido. Assim, segue a baixo:

2 vezes campeão de Portugal ( Benfica 1988/89 e 1990/91 ).

Vice campeão de Clubes Campeões da Europa em 1991 com Benfica.

1 Supertaça em 1988/89 com Benfica.

1 Taça de Malta com Floriana em 1993/94.

1 Liga de Bali com Guntur (como treinador) 1999/00.

Melhor marcador do Campeonato português 1988/89.

Melhor marcador do Campeonato Indonésio 1995/96.

Actualmente, Vata, é, director desportivo do Club de Futebol Truganina, na Austrália, onde reside.

Recentemente, isto é, em Dezembro de 2019, esteve em Angola, na cidade de Luanda, onde manteve contactos com as entidades superior do país, para um possível investimento de sua tutela ligado com o futebol, criando a Associação de Futebol de Praia, reconhecida pela FAF.

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