Vila de Mukaba em desenvolvimento

Imagem de José Bule

Por Joaquim Júnior

Mucaba, um dos 16 municípios da província do Uíge, que transformar a produção do café na sua maior fonte de receita com o ressurgimento de muitas fazendas paralisadas devido ao conflito armado.

Localizado a Norte da cidade do Uíge, com uma extensão de 964 quilómetros quadrados e uma população de 43.974 habitantes, de acordo com o Censo Geral da População e Habitação realizado em 2014, o município do Mucaba possui 2.639 famílias camponesas, das quais 1.436 se dedicam à produção de café numa extensão de 19.143 hectares.

O chefe de secção da Agricultura, Ernesto Pedro, antevê a produção de café como a principal fonte de receita do município a médio prazo. “Estamos a incentivar os produtores para o efeito. Muitas fazendas paralisadas durante o conflito armado estão a renascer e a recuperar a produção. Estamos no bom caminho”, afirmou.

Ernesto Pedro recordou que no passado recente os agricultores estavam desanimados, por causa do baixo preço do produto no mercado, incompatível com os altos investimentos realizados.

“O pouco que se produzia estragava-se. Ninguém tinha ânimo de recolher. Hoje a situação tende a melhorar com a subida do preço da venda do café e fluxo de compradores”, frisou.

O chefe de secção da Agricultura de Mucaba referiu que os produtores recebem apoio financeiro por via de uma parceria entre o Instituto Nacional de Café (INCA) e uma empresa privada angolana, que criou uma linha de crédito de 4 milhões de kwanzas. Cerca de 800 produtores beneficiaram da assistência financeira. “Hoje já não há café a estragar-se nas fazendas. Foi superada a falta de dinheiro para contratar trabalhadores para capina, colheita, transporte e o sustento da família. Os grandes e os pequenos cafeicultores só podem queixar-se da capacidade de trabalho e da fertilidade do solo. Quanto à comercialização, a situação é animadora”, sustentou.

Os produtores vão reembolsar o crédito no período de um ano através da entrega de quantidades de café correspondentes ao valor debitado. Segundo Ernesto Pedro, o financiador pensa alargar o prazo de amortização para dois ou três anos, assim como aumentar o valor do crédito.
Além do café, a mandioca, o feijão, o amendoim, a banana, o abacate e os hortícolas integram o grupo de produtos agrícolas de maior rendimento e mais solicitados pelos agentes económicos da província do Uíge e não só, revelou o chefe de secção municipal da Agricultura. Na campanha agrícola passada, foram cultivados em Mucaba mais de 10 hectares.

A maioria dos agricultores estão organizados em 23 associações e agora apostam na mecanização do campo, para abandonar a agricultura de subsistência. É uma das formas encontradas para a diversificação da produção alimentar e da estabilização social.

Em paralelo, cresce a criação de gado bovino. Nos últimos anos, o município passou de três para 17 pecuárias, com mais de 1.000 animais.
“Queremos produzir mais para a diversificação da economia local, aumentar a renda familiar e contribuir para o desenvolvimento do país, colher cada vez mais em diferentes períodos produtos como a mandioca, a jinguba, a batata-doce, o milho e outros”, sublinhou.

Vias de acesso

O Governo provincial reabilitou nos últimos 15 anos 59 quilómetros de estradas terciárias, 11 pontes nos troços que ligam as sedes municipal e comunal, bem como as localidades de Quitamba I, Lussenga, Quiniambi, Quimbale, Mbongui-a-Finda. Ainda assim, há muito trabalho pela frente, dado o número de vias da região em péssimas condições.

Alfabetização

A implementação dos programas “Aprender a Ler e Escrever” e “Sim eu Posso” tirou do analfabetismo cerca de 9.600 adultos desde 2006, com a colaboração de 30 docentes.

Presentemente, estão matriculados 900 alfabetizandos que frequentam aulas nos módulos 1 e 2. O município tem 5.743 iletrados em 52 aldeias.
A administradora municipal, Maria Cavungo, pretende inserir mais mulheres em programas de alfabetização. O enquadramento de mulheres em associações agrícolas, programas de formação profissional e a melhoria das condições de vida estão também entre os objectivos das autoridades locais. O município possui 44 escolas, sendo 42 do ensino primário, uma do I ciclo e outra do II ciclo do ensino secundário, que totalizam 215 salas de aula, sendo 151 de caracter definitivo e 64 provisórias.

O responsável da Educação, João Moniz, disse que está em curso um programa de substituição das salas provisórias por instalações definitivas. Neste ano lectivo, estão matriculados 14.201 alunos nos três subsistemas de ensino.

Existem unidades escolares nas sedes municipal e comunal do Uando, nas aldeias de Quixona, Mussenga, Quinzala Velho, Caondo, Quipemba, Imbondeiro, Quicaticati II, Quimuzembo, Lutanda, Quilumbo, Quieca, Tunco, Quindombo, Quicambunda, Quinzala Novo, Quinzala Puri, Quidianga, Quiniambi, Quitamba I, Gitala, Quiosso, Zamba Novo e Angola Nova. Outras 19 escolas serão erguidas proximamente, no âmbito do programa de substituição das instalações provisórias.
A escola do II ciclo do ensino secundário de Mucaba possui uma sala de informática com 20 computadores.

Avanço nos projectos sociais

Os habitantes da vila de Mucaba recebem energia eléctrica a partir de geradores. A administração municipal tem projectos para aumentar a distribuição de electricidade aos domicílios com a recuperação de um grupo gerador de 680 KVA.

Melhorias na saúde

Com a “municipalização” dos serviços de saúde iniciada em 2011, o sector conheceu melhorias significativas no que diz respeito à aquisição de medicamentos, ambulâncias  e construção de unidades sanitárias, que permitiu a aproximação da população aos cuidados primários.

O município dispõe de 15 unidades sanitárias, entre as quais um hospital municipal devidamente equipado para atender as urgências e efectuar consultas externas. Também presta serviços de hemoterapia, estomatologia, pediatria e raio x. Dois centros, nove postos de saúde e três salas de parto possuem uma capacidade de internamento de 121 camas e 23 marquesas para as mulheres em serviço de parto. Três ambulâncias transportam doentes para o Hospital Geral do Uíge.

Recentemente, foram ianugurados postos de saúde nas localidades de Lutanda, Mussenga, Quilumbo, Quimuzembo, Caondo, Quinsosso, Quipumba, Quengue e Quimbale. Existem centros de saúde nas sedes municipal e comunal do Uando, e três salas de parto nas aldeias do Mucongue, Quengue e Mpelo.
Três médicos e 38 enfermeiros asseguram o atendimento aos pacientes.

Casas sociais

Os primeiros habitantes começaram já a ocupar as 70 casas sociais construídas.

 

Via JA

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