Por Alfredo Dikwiza
Uíge, 19/09 (Wizi-Kongo) – “Vou trazer pão”, “voltarei bem”, ”não chorem”, as palavras de esperança de um breve adeus proferidas pela Isabel Guilherme (14 anos de idade), hoje, às 6hs/50 minutos, quando se despedia dos irmãos menores e amigos a fim de ir ao hospital municipal do Katapa/Uíge, onde, nesta terça-feira (19/09), será transferida para o hospital provincial e dai para capital do país, Luanda, para ser submetida a uma intervenção cirurgia capaz de remover o tumor que sofre numa das regiões da coluna vertebral.
Nascida em 2009 com má formação congénita, Isabel Guilherme, agora com 14 anos de idade, mas a família só deu conta quando já tinha três (3) anos de vida e, muito recentemente, foi diagnosticada pelos médicos do hospital do Katapa, que a mesma, igualmente, sofre de um tumor numa das regiões da coluna vertebral, cuja solução passaria por uma intervenção cirúrgica, numa das unidades hospitalares de referência em Luanda.
Abandonada pelo pai biológico, Isabel Guilherme, em conjunto com a sua mãe e mais três irmãos menores, vivem em condições lastimáveis, ou seja, faltando-lhes de tudo por um pouco, cuja residência situa-se no bairro Kindenuco, periferia da cidade do Uíge. Em entrevista ao Wizi-Kongo, Domingas Guilherme/mãe da Isabel, disse: “quando não consigo fazer biscatos, há dias que não comemos nada”.
“Vou trazer pão”, certamente, Isabel Guilherme, sabe que ao ter que viajar com a mãe para Luanda, os irmãos que ficarem no Uíge, passarão por inúmeras dificuldades e, além da esperança no amanhã melhor, para acalmar os mais pequenos, teve que motiva-los daquele jeito.
Há quatro (4) anos beneficiou de uma cadeira de rodas (estando ainda conservada até ao momento), Isabel Guilherme, é a primogénita, entre os 4 irmãos que são e, começou a frequentar a escola (grátis) apenas no ano passado, através do Centro Comunitário de Alfabetização Hevi, existente há seis (6) anos, no bairro Kindenuco.
“Quero ser médica ou psicóloga para ajudar as pessoas, principalmente, as crianças e idosos, mas como levamos uma vida de carência e pela minha condição física, se não vir a ter apoios do estado ou de pessoas de boa-fé, não sei se um dia irei concretizar o meu sonho”, admitiu ao Wizi-Kongo e, acrescentou que, sofria muito quando via as outras crianças estudarem e ela não, para isso, teceu rasgados elogios e agradecimentos ao responsável do Hevi, Hemelson Miguel.
O Centro Comunitário de Alfabetização Hevi, devolveu a esperança a menina Isabel, tendo integra-la no seio de outras crianças normais, através do processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, no presente ano lectivo, o centro controla 150 alunos de ambos os sexos, assegurados por quatros (4) formadores, em dois turnos, de manhã e tarde. Porém, os que ai frequentam, aprendem aulas de língua portuguesa, kikongo e inglês.
Antes do início do ano lectivo 2023/2024, por via do gabinete provincial da educação, o mesmo centro beneficiou de 100 carteiras, 120 caderno, igual número de lapiseiras e livros (matemática, português, história, educação musical e educação manual e plástica) e, igualmente, o centro havia participado do plano de férias, uma iniciativa do gabinete provincial da educação do Uíge nos finais de Julho/Agosto.
Hemelson Miguel avançou que, carece de um espaço próprio e melhorias das condições de trabalho, capazes de albergar mais alunos e proceder outras ajudas aos mais necessitados, para isso, como aos arredores existe casas construídas pelo governo provincial e abandonadas há mais de dez anos, solicita aquém de direito que lhe seja atribuída uma onde irá funcionar futuramente o centro. Entretanto, dos 150 alunos controlados, 50 estudam no regime de caridade (grátis), enquanto outros 100 alunos, contribuem com mil kwanzas (1.000,00), por mês.
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