Por Sebastião Kupessa
Luvila não tem o mesmo signficado com o ZINA.
Para a nova geração, a composição de uma família bakongo é complexa, arcaíca e, por conseguinte, dever ser substituída por uma família tipo ocidental, quer dizer moderna. Não compreendem, por exempro, porque um tio materno (do kanda) é valorizado em relação ao pai (kisé), o verdadeiro genitor do filho. Ou ainda porque os pais marginalizam os filhos, honrando os sobrinhos maternos, etc. Os que pensam assim, não conhecem a tradição ou nunca tiveram a oportunidade de estudar com profundidade as razões e as causas que obrigaram os nossos antepassados a optar este modo de vida. Como na sociedade de hoje, é comum de pensar que tudo que vem do ocidente é melhor e deve ser adoptado, desprezando ao mesmo tempo os nossos velhos costumes, estamos a esquecer que, condenámos ao desaparecimento da nossa própria cultura, da nossa filosofia e da nossa identidade. Importando tudo que vem de paizes desenvolvidos, introduzimos também hábitos estranhos à nossa sociedade, como por exempro, a homosexualidade que é uma abominação a sociedade bantu em geral e sobretudo bakongo em particular. Para evitar colisões de culturas, como o que se tem verificado agora, urge a necessidade de estudar a nossa tradição, para compreender porque razão os velhos criavam leis que parecem hoje ser ultrapassadas.
Vamos estudar a diferênça entre Luvila e Zina. O valor da última palavra na sociedade bakongo.
Luvila é identificação de uma pessoa relativa aos parentes do lado materno, da sua origem. Todos indivívdios pertencente mesma origem uterina formam, o que se designa em kikongo, Kanda. Cada Kanda tem um nome próprio. Luvila é identificar-se ao nome de Kanda que pertences e o do teu pai “Ki sé”. Já estudamos isto. Agora vamos analisar o Zina dya Muntu, o que significa?
Zina em kikongo significa Apelido. O nome próprio de uma pessoa. Ao contrário de Luvila, o apelido de uma pessoa na sociedade kikongo sempre está relacionado com o seu pai. O facto do filho levar o nome do pai, como tem sido hábito em países ocidentais, não é uma invenção europeia importada à nossa sociedade, pois desde os tempos remotos, os bakongos foram designados naturalmente segundo o nome do seu imediato ascendente masculino. Mesmo com a chegada do cristianismo, os convertidos bakongos adoptaram prenomes de origem judaíca ou lusitana, mas para melhor os identificar acrescentavam o nome do pai no fim.
Para melhor conhecer o seu Zina, deves saber como se compõe um nome em Kikongo. Apresentar-se em kikongo com o teu apelido escrito no documento oficial, já estámos a desviar, deixando a nossa cultura. Quando mukongo é perguntado sobre o seu Zina e responder por exempro:
Zina diaku nkiyi? e responder: Kumbu’ama: Manuel Kinkani filho do Vemba. Esta maneira de se identificar em Kikongo está errada, não corresponde ao seu Zina verdadiro. Por conseguinte, na lógica seria: Zina diama: Nkinani kya Vemba. Qual é a diferênça?
É considerada como uma poluição sonora, se uma pessoa apresentar-se no kinzonzi com seu nome europeu contido no documento. Os nomes portuguêses ou outros de outras línguas, são fàcilmente congilizados. No caso Abel Roberto, é congolizado de seguinte maneira: Mbele a Lubelu. E muitos nomes semelhantes têm correspondente em Kikongo.
Por exempro, uma pessoa é conhecida por João e o seu pai chama-se Mafuila, na aldeia, os que conhecem esta pessoa, sem fazer referência ao nome oficial que leva no documento (não é necessário) vão o chamar pelo nome de Zuawu Muana Mafuila ou simplesmente Zuawu dia Mafuila (Zuawu é a congolização do João), o que em português significa João filho do Mafuila. Pode também uma pessoa possuir mais de um prenome, neste contexto, o nome do pai sempre fica na última posição. No caso de Masala Mazekilwa que o seu pai seja Namputu, o seu apelido é Massala Mazekilwa ma Lamputu. Se numa aldeia ou nas proximidades, haver mais de uma pessoa com a mesma denominação, quer dizer, o prenome e o nome do pai, perante esta coincidência, o nome do avô paterno ( o pai do pai) será ecrescentado no fim. Como no caso do Ngombo’a Nsingi za Massaki. Ngombo é o prenome, Nsingi é o pai e o avô leva o nome de Massaki.
Vejamos os seguintes apelidos:
Kiala Kya Zinga, é um apelido, que signfica “O Kiala é filho do Zinga”
Mingiedi Nkila a Nsakala, quer dizer, Miguel Nkila, filho do Nsakala, aqui o individuo, tem dois prenomes.
Luvumbu lwa Menga ma Nsaku, aqui luvumbo é o nome (ou prenome) , Menga é o nome do pai e Nsaku, corresponde ao apelido do avô paterno.
Salientámos que, uma prepoposição, separa sempre o nome de uma pessoa e o do seu pai. Preposição, as vezes , depende da pronúncia do primeiro som articulado do nome do filho. Analizemos os senguntes apelidos.
Matumona ma Nkamba. Aqui, a preposição que separa o nome o do pai é “ma” referente à primeira letra “M” do Matumona.
Kilola kya Ntoto. Kya separa os nomes do pai a do fillho porque o Kilola começa com Ki.
Lulendo lua Nkani. “Lua” refere a Lu, porque é a primeira letra do nome do Filho.
Mas fora deste casos que citamos. As outras preposições como “Za”, “Dya” e sobretudo “A” não são sempre relacionada com a pimeira sílaba do nome do filho. Como o caso de:
Basi dya Ngombo, Ntony a Nsimba, Nsingi za Ndualu.
No Kinzonzi (arte de negociações para encontrar soluções), a primeira coisa que pergunta-se é o seu nome (zina), antes mesmo de Luvila. Neste caso, o nome do pai é valorizado antes mesmo de saber da sua origem materna, considerada com a raíz da sociedade bakongo. Os que consideram, como já o referimos antes, que os pais são marginalizados no Kinzonzi, devem considerar este ponto. Ainda mais os filhos sempre, quando são adultos, constrõem as suas casas nas aldeias dos pais e não nas aldeias da sua mãe, que pode ser, em muitos casos, sede de Kanda. Ao contrário que se pensa, o pai na sociedade kongo ocupa o primeiro lugar. O caso do Zina demonstra.
Jamais na sociedade bakongo, uma pessoa vai identficar-se com o nome do seu Kanda, quando é questionado o seu apelido. Portanto Luvila não é Zina dya muntu.
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