Por Ireneu Mujoco
No dia 1 de Maio, celebra-se o 30º aniversário da morte em combate do então coronel das Forças Armadas Angolanas(FAA), Pedro Afamado Kissungua, que foi um dos mais destacados combatentes deste país, à semelhança de outros heróis anónimos Pedro Afamado morreu aos 59 anos, na comuna da Musserra, município do Nzeto, província do Zaire. O trágico acontecimento ocorreu durante um confronto militar com ex-guerrilheiros das FALA, antigo braço armado da UNITA, quando se encontrava em missão de reconhecimento que visava libertar a cidade de Mbanza Congo, ocupada durante o conflito pós-eleitoral de 1992.
Não tendo podido, na altura, ser transladado os seus restos mortais para Luanda, onde vivia, devido ao incremento do conflito que se fazia sentir na região em que morreu, o seu corpo foi sepultado inicialmente numa campa rasa. Vinte anos depois, teve um funeral condigno à dimensão de quem foi, sobretudo no seio familiar, tendo as suas ossadas sido sepultadas no dia 18 de Janeiro de 2013, no Cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, depois do então Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), José Eduardo dos Santos, ter autorizado a transladação das mesmas.
Reconhecimento
No dia 10 de Novembro de 2018, Pedro Afamado foi distinguido pelo Presidente da República, João Lourenço, tendo-lhe sido atribuída a “Medalha de Mérito Militar da Primeira Classe pelos seus feitos notáveis, merecedores de reconhecimento especial na conservação da ordem pública e integridade territorial”, lê-se numa nota, a que o jornal Pungo a Ndongo teve acesso. Esta distinção, segundo o seu filho progénito, Francisco Afamado, corresponde a uma promoção de patenteamento, a título póstumo, “ao grau militar de general”, socorrendo-se com o previsto nos artigos 3º, da Lei 12/18, de 04 de Outubro de 2018, Lei das Condecorações Militares das Forças Armadas Angolanas, mas até ao momento ainda não se efectivou esta transição. Em conversa com este jornal, Francisco Afamado informou que transcorridos quatro anos após à condecoração, a família ainda “não sentiu nenhum efeito positivo e nem recebeu algum benefício material”, decorrente do acto de distinção. Nesta senda, a família pede ao Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas(FAA) a mandar rever a situação, que, segundo entrevistado, tem estado a criar constrangimentos no seio da família.
Pedro Afamado
Segundo os seus dados biográficos, foi um dos precursores da luta de libertação nacional, nascido a 10 de Outubro de 1934, no município do Nzeto (Zaire). Em 1961 aderiu à União das Populações de Angola (UPA), tendo sido comandante desta mesma força militar da FNLA, no município do Bembe, na província do UíGe. Especialista em guerrilha na Base Militar de Kinkuzu, no antigo Zaíre, actual República Democrática do Congo (RDC), no prosseguimento da luta armada contra o exército colonial português, notabilizou-se entre 1966 quando capturou dois comandos portugueses, e um sargento na região de Kindege (antigo Bessa Monteiro).
Ainda como militar da FNLA, depois de fracassadas tentativas de tomada de assalto à capital do país, Luanda, que culminou com o recuo das antigas tropas de Holden Roberto para o norte do país, em 1985, Pedro Afamado abandona a guerrilha e incorpora-se nas FAPLA, no âmbito da Política de Clemência e Harmonização Nacional, decretado pelo Governo.
Em 1987, é integrado nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), e no ano seguinte dá início a um curso de formação de tropas especiais e no fim, é colocado como comandante das mesmas, no Nzeto. Em função do seu desempenho é nomeado assessor do então ministro, do extinto Ministério da Segurança de Estado (MINSE), Kundi Paihama, e em 1989 foi patenteado a grau militar de major. Em função da sua avançada idade, em 1992 é desmobilizado e passa à reserva. Mas poucos meses depois foi chamado novamente à tropa, em função do reacender do conflito armado, que durante o qual perdeu a vida no campo de batalha, na terra que o viu nascer.
Fonte: Jornal Pungo a Ndongo
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